domingo, 5 de agosto de 2012

Um esconderijo uruguaio: a Casa del Billar, em Montevidéu




A Casa del Billar, em Montevidéu
Foto: Henrique Batista / O Globo
A Casa del Billar, em Montevidéu
Sua casa de jogos, embora situada no “rascacielos” mais tradicional do país vizinho, dificilmente é frequentada por não uruguaios — e muitos nativos sequer desconfiam de que exista tal local no edifício, pois não há propaganda, letreiro ou indicativo da localização do “esconderijo”, que nem suvenir vende.MONTEVIDÉU - “Como você descobriu este esconderijo?”, foi a primeira coisa que me disse Romeu quando entrei no emblemático Casa del Billar, no segundo andar do mítico edifício Palácio Salvo, no coração de Montevidéu. Embora à primeira vista a pergunta do atendente local pareça uma afronta, na verdade era a curiosidade de alguém que sabe que está em um tesouro à prova dos guias turísticos.
Mais que um local de diversão, a Casa del Billar parece ser uma cápsula do tempo e de sossego na cidade. Se hoje o país vizinho cada vez tem menos a aura do passado — graças ao enriquecimento do Uruguai, motivado pelas boas cotações de seu trigo, carne, soja e vinhos —, entrar no recinto é mergulhar na típica nostalgia uruguaia. Enquanto somem nas ruas da capital os carros antigos que eram verdadeiras relíquias, o local conserva, nos mínimos detalhes, da cafeteira aos vitrais, a aura de uma época de ouro.
Mas como o local está longe de ser um museu, o melhor a se fazer no estabelecimento é, entre um trago e outro de cerveja uruguaia, jogar sinuca. E aí há outro detalhe: os uruguaios jogam de forma diferente da tradicional sinuca brasileira. No recinto, também estão mesas para jogos de carta, dominó, dados e xadrez. Só não vale atrapalhar o esconderijo, com hordas de turistas, fotos e badalações.
O bilhar francês. No Uruguai, assim como na Argentina, o modelo de bilhar mais utilizado é o francês, ou Carambola, como é conhecido na região. O jogo, mais complexo que a versão mais popular no Brasil, é feito apenas com três bolas. A bola só pode ser “encaçapada” depois de tocar nas outras duas bolas sobre a mesa. Considerado mais difícil, esse estilo de jogo é mais difundido, em território nacional, no Nordeste.
O Palácio Salvo. O orgulho uruguaio é bem datado: entre 1928 e 1935, quando o Palácio Salvo era o edifício mais alto da América do Sul. O prédio, projetado pelo arquiteto italiano Mario Palanti, mais que um arranha-céus — tem 115 metros e 31 andares — chama a atenção por seus detalhes, em estilo eclético, como a fachada totalmente adornada com motivos marinhos. Mescla de estabelecimentos comerciais e residências, o Salvo, localizado na esquina da Avenida 18 de Julho com a Praça Independência — a mais importante da capital — é visto de praticamente toda Montevidéu. Localizado ao lado da sede do governo do país vizinho, o edifício é caro aos uruguaios, entre diversos motivos, por ser palco da primeira apresentação de “La Cumparsita”, o tango uruguaio mais famoso do mundo, composto por Geraldo Matos Rodrígues — uma das dez músicas mais tocadas no planeta; segundo os uruguaios, a “Garota de Ipanema” do país cisplatino.

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