sexta-feira, 3 de agosto de 2012

À sombra do vulcão em Taormina





(O texto abaixo foi publicado originalmente na edição da Revista Oh! de 25 de novembro de 2010.)
Tem alguma coisa borbulhando na Sicília, e não é somente a lava. A definição é da edição inglesa de outubro de 2010 da revista "Condé Nast Traveller" e reflete com perfeição o momento pelo qual vem passando essa ilha ao sul da Itália. Durante décadas associada à pobreza e à violência da Máfia, a Sicília está mudada, com novidades culturais e gastronômicas. E na hotelaria. O grupo Rocco Forte, por exemplo, abriu em Agrigento, na costa sudoeste, o luxuoso Verdura Golf & Spa Resort que, na opinião de um agente de viagens especializado em roteiros sofisticados, "muda todo o jogo, abrindo a região para um tipo diferente de turista". Não por acaso, a rede Orient-Express inaugurou no verão europeu não apenas um, mas dois hotéis sicilianos, ambos em Taormina.

Ah, a bela Taormina... A pequena cidade, encravada em uma colina de pedra 200 metros acima do nível do mar e emoldurada pelo Monte Etna, é uma excelente base para explorar parte da maior ilha do Mediterrâneo. Faça como os gregos, que sabiam das coisas, e marque o lugar, na costa leste da Sicília, em seu mapa de desejos. Na hora de erguer um teatro em Taormina, eles escolheram uma localização privilegiada no alto da colina. Com uma linda e inesquecível vista para o mar azul, é sem dúvida um dos mais belos cenários greco-romanos da Europa, que ainda hoje recebe espetáculos. Mesmo sem nada em cartaz, visitar o anfiteatro e admirar a paisagem de cartão-postal é o primeiro programa que todo mundo faz em Taormina.

Quer dizer, dependendo de onde você estiver hospedado, já terá admirado a vista antes, do seu quarto ou da piscina do hotel. Vários estabelecimentos fizeram como os gregos, e depois os romanos, e se instalaram no alto da colina. Para chegar a Taormina é preciso pegar um voo de três horas e meia de duração para Catânia, a partir de Milão, e percorrer mais uns 40 minutos de estrada. Quem vai no inverno desfruta de temperaturas amenas durante o dia (em torno de 15 graus Celsius), de ruas tranquilas e serviços quase exclusivos na baixa temporada dos hotéis — mas muitos restaurantes estão fechados. Os mais aventureiros podem até esquiar no Monte Etna, com 3.340 metros de altitude e o maior vulcão ativo — e fumegante — da Europa. Sua última grande erupção foi em 2002. Houve outras menores nos anos seguintes, e em 2010, o Etna não se manifestou. 

Na primavera, os turistas começam a chegar a Taormina em maior número. Mas a Sicília ainda não é tão óbvia quanto a Toscana, e é possível desfrutar de seu luxo sem ostentação mesmo na alta temporada (exceto em agosto, quando a ilha fica lotada), com direito a um povo mais afável que o do continente, a praias e a passeios de barco pelos mares Mediterrâneo, Jônico e Tirreno, os três que cercam a Sicília. Além do turismo, a agricultura e a pesca movem a economia local. Porém, a costa é selvagem: nos passeios de barco se observam refinarias de óleo, fábricas e construções em encostas onde teria sido melhor preservar a Natureza. 

Mas em Taormina a trilogia "O poderoso chefão", de Francis Ford Coppola, sempre foi apenas tema de lojinhas de memorabilia nas charmosíssimas ruas estreitas calçadas de pedra que sobem e descem pela colina a partir do Corso Umberto I, a via principal, repleta de prédios históricos, galerias de arte, lojas, algumas de grife, e restaurantes. À noite o ambiente é dos mais românticos, tanto nas ruas quanto nos restaurantes chiques e simpáticos.

As muitas sorveterias e lojas de produtos gastronômicos são imperdíveis, cada uma mais linda do que a outra. Os sorvetes locais são famosos, principalmente os de limão siciliano e pistache. Experimentei os dois no início do outono europeu, e os sabores delicados persistem na memória. Além do limão e do pistache, a Sicília também se orgulha de suas laranjas, amêndoas e avelãs. Para quem acha que Nutella é bom, que tal crema di mandorla?
Na cidade, dois hotéis tradicionais e bacanas se destacam: o San Domenico Palace, associado a The Leading Hotels of the World, e o Metropole Hotel. O San Domenico fica em um antigo mosteiro do século XIV, na encosta da colina, e oferece vistas comparáveis com as que se tem do topo, no antigo teatro grego. Pelos seus jardins perfumados passearam artistas como o compositor alemão Richard Wagner e o escritor francês Guy de Maupassant. Um de seus restaurantes, o Principe Cerami, tem uma estrela Michelin. Já o Metropole está em pleno Corso Umberto I e tem uma piscina de borda infinita. 

Uma das novas propriedades da rede Orient-Express em Taormina é o Villa Sant'Andrea, à beira-mar, fora do Centro. Mas a outra fica no caminho para o anfiteatro e compartilha com ele as vistas para o mar e o Etna. É o luxuoso Grand Hotel Timeo, instalado em uma construção do século XIX. 

A revista americana "Travel+Leisure" fez  em outubro de 2010 uma pesquisa com agentes de viagem especializados em roteiros de luxo sobre as perspectivas para 2011. A Sicília, com menção especial para Taormina, ganhou na categoria "Lugar mais excitante". E parece que os viajantes concordam. Em outra pesquisa, esta realizada com seus leitores pela "Condé Nast Traveller", a mesma revista citada lá no início desta história, a Sicília foi considerada a segunda ilha mais desejada do mundo, perdendo apenas para Hong Kong, mas na frente das Maldivas e de ilhas gregas, baleares e caribenhas. O que você está esperando para planejar sua próxima escapada italiana?

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