domingo, 23 de dezembro de 2012

Uma janela para a Notre-Dame




A Catedral de Notre Dame, vista de uma ilha do Rio Sena
Foto: JACKY NAEGELEN / ReutersPor Martha Medeiros -Escritora e cronista

Um bistrô?
Comi muito bem no L’Epi Dupin (11 Rue Dupin).
Um café?
Gosto de passear pelo Jardim de Luxemburgo, e depois tomar alguma coisa refrescante no Café Vavin (18 Rue Vavin), ali perto.
Um almoço?
No Le Relais de l’Entrecôte (15 Rue Marboeuf), opção única no cardápio: salada verde, carne (em molho abençoado) e batatas fritas.
Um jantar?
Quando quero algo mais tradicional, escolho a Brasserie Bofinger (5-7 Rue de la Bastille), a mais bonita da cidade, em estilo Belle Époque.
Um vinho?
Um borgonha no Le Petit Pontoise (9 Rue de Pontoise).
Um museu?
O Museu Rodin, não só pelo acervo maravilhoso, mas pelos jardins e pelo prédio do antigo Hôtel Biron, onde o artista teve uma oficina.
Uma livraria?
A que fica no Palais de Tokyo, pelos livros de design.
Uma loja?
Antoine et Lili, pelos utensílios de casa. Há várias filiais na cidade. Minha preferida é a do Quai de Valmy, em frente ao Canal Saint-Martin. Gosto demais do espírito divertido e kitsch dos objetos e roupas.
Um estilo?
Os cashmeres com pegada rock’n’roll da Zadig e Voltaire e o perfume, também da grife, Le Pureté.
Paris de manhã, de tarde ou à noite?
Ao entardecer, emendando com a noite. A iluminação dos prédios e das ruas faz a gente se sentir dentro de um filme.
Um passeio?
A pé por Montmartre, partindo da Place des Abbesses, subindo a Rue Lepic, passando pela Place Marcel Aymé (e espiando escultura do homem que atravessa a parede), seguindo pela arborizada Avenue Junot, pela charmosa Allée des Brouillards (onde viveu Renoir), pela encantadora Rue de l’Abreuvoir, até chegar na Sacré-Coeur.
Um local?
Place Dauphine.
Uma vista de Paris?
Os fundos da Notre-Dame, vista da Place Jean XXIII, na Île de la Cité.
Um hábito?
Uma taça de vinho a qualquer hora no La Palette (43 Rua de Seine).
Um autor/livro?
“Longamente”, romance publicado em 2000 por Érik Orsenna.
Uma palavra/frase?
“Bonjour, madame”.
Um artista/quadro?
“Les raboteurs de parquet”, de Gustave Caillebotte. E gosto muito da série da Catedral de Rouen, de Monet: as várias telas da igreja pintadas no mesmo ângulo, com diferentes luminosidades, conforme a hora e a estação.
Uma lembrança?
Um drinque no terraço do Le Café de l’Homme (17 Place du Trocadéro), aguardando as luzes da Torre Eiffel serem acesas. Dali se tem uma visão privilegiada do maior cartão-postal parisiense.
Um desejo?
Alugar um estúdio na Rive Gauche, e passar seis meses apenas escrevendo e flanando — o clichê de todo artista.
PATINANDO NO GRAND PALAIS
Pela primeira vez em sua história, no lugar de grandes exposições e instalações, o Grand Palais cede sua imensa e nobre nave para uma pista gigante de patinação no gelo, uma alternativa ao tradicional espaço montado anualmente diante do Hôtel de Ville, a prefeitura de Paris. Adultos e crianças têm à disposição 1.800 m² de gelo para, entre tombos e piruetas, se divertir até 6 de janeiro. Há também um programa de espetáculos e animações, e vinho quente e chocolate quente para enfrentar as baixas temperaturas do inverno francês. (legrandpalaisdesglaces.com)
Hotel
Hotel Le Bristol (112 Rue du Faubourg Saint-Honoré). O estabelecimento cinco estrelas tem novo bar com décor entre o clássico e o moderno. O mobiliário tende para a elegância cosy, com lareira, e a parede atrás do balcão acolhe um imenso espelho que se transforma em tela, exibindo vídeos artísticos e de imagens de Paris. Além de coquetéis exclusivos, vinhos e champanhes de prestígio, o cardápio lista quitutes preparados pelo chef três estrelas Éric Fréchon. Nas noites de quinta-feira a sábado, o ambiente é festivo, com DJs.

La Palette - um bistro francês

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Empresas aceleram uso de SaaS para cortar gastos com software


A adoção de software como serviço (SaaS) tem crescido dramaticamente pelas empresas. O uso de soluções empresarias varia de acordo com o mercado. Uma pesquisa que acaba de ser divulgada pelo Gartner mostrou que 71% da organizações vem utilizando esse modelo por menos de três anos.


O relatório foi realizado entre junho e julho de 2012 com 556 dez dez países. Foram entrevistadas organizações dos Estados Unidos, América do Sul, Europa e Ásia/Pacífico) para entender a tendência do movimento para SaaS. O estudo analisou modelos de licenciamento de software tradicionais e ganhos com redução de gastos com software.

Os resultados indicam que o interesse por SaaS continua forte e com rápidas adoções. O Brasil teve o maior número de novos usuários. Entre as empresas entrevistadas, 27% resportaram que adotam o modelo por menos de um ano.

As implementações de novas soluções ou substituição das existentes é agora o principal motor para o uso de SaaS, de acordo com a pesquisa. No mundo todo, estão acontecendo migrações de aplicações antigas que rodam dentro de casa e principalmente adoção do modelo para as novas implantações.

Na Ásia/Pacífico, por exemplo, metade das empresas disse que o maior estímulo para SaaS foram as novas implantações. Já nos EUA e Europa, as entrevistadas revelaram que abraçaram o modelo para substituir soluções existentes.

Para Charles Eschinger, vice-presidente de pesquisa do Gartner, não é surpresa o uso de SaaS na Ásia/Pacífico para a novas aplicações. Ele observa que há muitos negócios novos surgindo lá com pouco histórico de legado. No entanto, nos EUA e Europa, Oriente Médio e África (EMEA), os sistemas corporativos estão mais maduros e SaaS tem sido aplicado mais para substituição das soluções antigas.

Aumento dos investimentos
Segundo o Gartner, o investimentos em SaaS devem aumentar em todas as regiões. De acordo com o relatório, 77% das empresas entrevistadas disseram que vão ampliar os gastos com projetos nessa área, enquanto 17% planejam manter os investimentos atuais com o modelo.

Mais de 80% das empresas entrevistados no Brasil e na Ásia/Pacífico planejam aumentar os investimentos com aplicações SaaS nos próximos dois anos. Os EUA e países europeus não ficam muito atrás. As companhaias norte-americanas disseram que os gastos nessa área crescerão 73%. Entre as europeias, 71% têm intenção de ampliar as contratações de SaaS.

Eschinger afirma que o modelo on-demand de software vem sendo adotado há mais de uma década, mas que sua adoção ganhou corpo mesmo nos últimos cinco anos. 

"As preocupações iniciais com segurança, tempo de resposta e disponibilidade de serviço diminuíram", constata o analista do Gartner. Ele observa que os prestadores de serviços adquiriram maturidade e que o modelo de SaaS se fortaleceu com a poularização da computação na nuvem.

Entre as aplicações de SaaS mais usadas estão os sistemas de gestão de relacionamento com clientes (CRM),  Enterprise Content Management (ECM) e controle da cadeia de suprimentos (SCM). Essas aplicações antigas que rodam dentro de casa estão migrando para a nuvem.

"A decisão de implantar aplicativos corporativos baseados em SaaS depende muito da criticidade do negócio, bem como a geografia, agilidade das operaçõesos negócios e  arquitetura da TI", destaca Eschinger. 

Ainda assim, o analista do Gartner afirma que poucas organizações vão migrar todas as aplicações de software para SaaS. Haverá uma mistura de SaaS com aplicações tradicionais, com funcionamento integrado.

sábado, 3 de novembro de 2012

Na Baía de Tampa e nos arredores de Orlando, um turismo além da fantasia na Flórida



O Glazer Children's Museum em Tampa Foto: Eduardo Maia / O Globo
O Glazer Children's Museum em Tampa
 Montanhas-russas, compras e parques temáticos. Assim é a Flórida que brasileiros conhecem e visitam aos milhares todos os anos. Mas há uma Flórida onde museus guardam importantes coleções, ruas respiram História e paisagens bucólicas ajudam a descansar olhos e ouvidos. Tudo isso acessível pelas mesmas highways por onde os ônibus de excursões já trafegam praticamente no piloto automático. Cerca de cem quilômetros a oeste de Orlando está Tampa, onde muitos só vão para encarar os loopings radicais e os safáris do Busch Gardens, sem ao menos conhecer o moderno e aconchegante centro urbano e Ybor City, um pedaço de Cuba pré-Castro que poderia ser um pavilhão do Epcot Center. No condado vizinho de Pinellas, as cidades de Saint Petersburg e Clearwater se completam, oferecendo museus e praias de primeira qualidade. E mesmo nos arredores de Orlando se esconde uma área sofisticada, Winter Park, onde há vida nas calçadas e muito estilo nas ruas. Tudo isso sem sair da Flórida.
Beleza e caminhada ao longo do rio em Tampa
Uma das principais cidades da Costa Oeste da Flórida, Tampa tem mais a oferecer que as montanhas-russas e os safáris do Busch Gardens, atração mais conhecida pelos brasileiros que pegam as estradas de Orlando rumo ao oeste do estado. Com um ritmo menos agitado que o de Miami e mais compacta que Orlando, Tampa é fácil de explorar e merece ao menos dois dias de quem estiver programando uma viagem pela região.
Um bom ponto para começar a explorar a cidade é Downtown, marca da importância econômica de Tampa na Flórida. Os modernos arranha-céus, quase todos envidraçados, são vistos de diversos pontos da cidade. Mas só chegando perto do centro é que se pode ver as torres mais importantes da região, na Universidade de Tampa. São seis, no total, imitando os minaretes de mesquitas, compondo com sete cúpulas um visual bastante diferente das tradições arquitetônicas da Flórida.
A arquitetura neomourisca do prédio foi idealizada pelo empresário Henry B. Plant, magnata do setor ferroviário nos EUA na segunda metade do século XIX. Em 1891, ele inaugurou ali o Tampa Bay Hotel, numa iniciativa de US$ 2,5 milhões (à época, uma fortuna incalculável) para ajudar a promover as linhas férreas do Oeste da Flórida, de sua propriedade. O visual exótico era apenas uma das inovações do hotel: todos os 511 quartos tinham eletricidade e telefone, algo inédito no estado, assim como o elevador, até hoje em atividade. Numa área de 24 mil metros quadrados, o Tampa Bay tinha também cassino, pista para corridas de cavalos, boliche, piscina aquecida e campo de golfe.
Após seu fechamento, em 1930, as luxuosas suítes viraram salas de aula e os jardins, um parque público, o Plant Park. A ala leste do prédio foi transformada em museu (Henry B. Plant Museum), cujo acervo guarda parte da história da Flórida na virada do século XIX para o XX.
A universidade fica às margens do Rio Hillsborough, que corta boa parte de Tampa. No lado oposto está outra ótima área de lazer em pleno centro da cidade, a Gasparilla Plaza. Recentemente reformulado, o espaço abriga o Tampa Museum of Art e o Glazer Children's Museum. O primeiro reúne, há mais de 30 anos, um acervo eclético, com espaço tanto para peças da Antiguidade até arte moderna e vídeo-instalações. O novo prédio, uma construção que de longe parece uma caixa de metal, foi inaugurado no ano passado, no lugar do antigo museu, demolido em 2008.
Contrastando com o cinza metálico do museu de artes, bem ao lado está o supercolorido Glazer Children's Museum. O slogan se dirige às crianças: "Esse não é um museus para seus pais. É o seu museu". E é mesmo. O acervo é formado por atrações lúdicas, voltadas para visitantes de até dez anos de idade, priorizando o caráter educativo. Ambientes do cotidiano e paisagens naturais são reproduzidos como grandes brincadeiras, da mesma forma como noções de ciências e saúde são passadas.
Se a brincadeira indoor não for suficiente, a criançada pode também se esbaldar nas fontes espalhadas pela praça, belo refresco para os dias quentes da Flórida.
A Gasparilla Plaza marca o início do Riverwalk, um calçadão que margeia o Hillsborough e passa por alguns dos principais pontos de interesse de Downtown, como o FL Museum of Photographic Arts, o Convention Center Park, o St. Petersburg Times Forum (ginásio que recebe os jogos do time de hóquei no gelo local) e o Tampa Bay History Center, o museu oficial da História da cidade, que mostra a ocupação no fundo da Baía de Tampa desde as primeiras aldeias dos índios seminoles até os dias atuais, passando pela chegada dos espanhóis e as imigrações de cubanos e italianos. Ao longo de todo o calçadão - que pode ser percorrido em mais ou menos uma hora de caminhada tranquila - existem praças e belos mirantes para o rio. Outra boa maneira de conhecer o trecho urbano do rio é a bordo de uma das pequenas lanchas que fazem tours aquáticos por ali. A maioria sai diariamente e em diversos horários de um acanhado píer nos fundos do hotel Sheraton, pouco acima da universidade e da Gasparilla Plaza.
A bordo dos barquinhos é possível ver Tampa de um outro ângulo e perceber detalhes que, longe da água, passam batidos. Como os recados deixados pelas equipes de remo que treinam e competem no rio. Virou tradição esses times deixarem suas marcas nas paredes que cercam o rio e na base das pontes, com palavras de ordem, anos de títulos importantes e até provocações para os rivais.
Além dos remadores, é comum cruzar com pescadores que dedicam horas horas ao ofício de esperar as iscas de seus anzóis serem mordidas. Após ser saudado por um deles, Larry Salkin, proprietário de uma empresa que oferece o "rivertour" e também "capitão" dessas pequenas embarcações, comenta sobre a notável simpatia dos moradores da baía:
- Sou de Nova York e nunca imaginei vir parar em Tampa. Mas chegando aqui, me deparei com uma cidade tão atraente e com um povo tão acolhedor, que não tive dúvidas em largar meu emprego de executivo-de-paletó-e-gravata para me dedicar à navegação - diz Captain Larry, como gosta de ser chamado.
Ele se anima ao passar em frente ao veleiro usado na Gasparilla Fest. O evento, uma espécie de Mardi Gras celebrado em janeiro, encena um ataque do pirata espanhol José Gaspar, o Gasparilla, a Tampa. Depois de "bombardear" a cidade com colares e jatos de água, a reprodução de embarcação do século XVIII, atraca e recebe o prefeito, que entrega a chave da cidade ao Gasparilla da ocasião.
O passeio de barco termina próximo ao final do Riverwalk, ou seja, a metros do Florida Aquarium, lar de cerca de 20 mil animais e plantas naturais da Flórida. O maior destaque é o tanque dos grandes animais marinhos da região, entre eles tubarões, tartarugas e arraias. Veterinários e tratadores costumam mergulhar entre eles, para delírio da plateia. Em outros tanques, uma coleção enorme de mais peixes, corais, crustáceos e aves do estado americano. A única ala onde as atrações vêm de fora é aquela dedicada a espécies das profundesas. O aquário realiza também passeios de barco pela Baía de Tampa para a observação de golfinhos, que permite, de quebra, ver de perto aves marinhas como pelicanos.
Programação tão intensa abre o apetite. E um dos melhores lugares para comer na região central de Tampa é a Harbour Island. Restaurantes como o Jackson's oferecem cardápios variados e belas vistas. A gastronomia é o forte de outra região, próxima a Downtown, conhecida como Hyde Park, onde bistrôs e bares se enfileiram em ruas arborizadas.
Música latina e aroma de charuto no ar: 'bienvenido' a Ybor City
Não muito longe dos prédios modernos e do pacato calçadão de Downtown há uma outra Tampa, onde o ar é tomado por ritmos latinos e aroma de tabaco, e o sotaque lembra o da Ilha de Fidel Castro. Meio espanhol, meio cubano, um pouco italiano, este pedaço de Tampa atende pelo nome de Ybor City e é o motivo de se esticar a estadia na cidade por mais um dia. Ou, ao menos, uma noite.
Ybor City surgiu mais ou menos na mesma época em que o empreendedor Henry B. Plant colocou Tampa no mapa, com seu super-hotel. No começo dos anos 1880, o espanhol radicado em Cuba Vicente Martinez Ybor, magnata do ramo tabagista, transferiu a fábrica que levava seu nome do Sul da Flórida para a região vazia, ao norte do centro de Tampa. Com a nova fábrica, milhares de imigrantes cubanos e espanhóis desembarcaram na cidade, seguidos por grandes grupos de italianos. O resultado dessa mistura é um distrito vibrante e que transborda a herança latina, reconhecido como marco histórico nacional dos Estados Unidos.
O centro dessa primeira ocupação ainda pode ser visto no quarteirão limitado pelas 8 e 9 avenidas e pelas ruas 14 (mais conhecida como Avenida República de Cuba) e 15. A fábrica original, um enorme prédio de tijolos aparentes também tombada pelo patrimônio histórico americano, abrigou milhares de funcionários até sua decadência, durante a Segunda Guerra. Depois de décadas abandonado, foi ocupado no ano passado pela Igreja da Cientologia.
O fim da grande fábrica não acabou com a atividade tabagista em Ybor City. Pequenas tabacarias espalhadas pelo bairro produzem e vendem seus próprios charutos, com uma produção que atende mais o turismo, distante das vendas em massa de décadas atrás. Uma das principais atrações em Ybor é justamente acompanhar o processo ao vivo, dos tabaqueros, como são chamados os profissionais que enrolam as folhas de tabaco ainda artesanalmente, como a cubana Odelma Matos, com 23 anos de experiência no ofício e apenas um como moradora da Flórida.
- O processo é o mesmo lá em Havana. É tudo artesanal. A única diferença é a folha do tabaco, que vem da República Dominicana - explica a tabaquera, que não escondeu o sorriso amarelo na hora de responder qual era o melhor charuto, o cubano ou o de Tampa. - São diferentes. Não sei dizer. Não fumo.
Do outro lado da Av. República de Cuba, na esquina com a 9 Av., está outro prédio histórico da região, o Don Vicente, hotel que funciona num prédio construído em 1895 para servir de casa de saúde para os empregados da fábrica. O espaço acabou sendo aberto para a comunidade e funcionou como hospital até 1980. Quase duas décadas depois, o prédio centenário foi reformado e se transformou no hotel mais charmoso da região. Mas para quem crê "en brujas", um aviso: dizem que o prédio é mal-assombrado.
Completam o cruzamento o campus da Hillsborough Comunity College e o antigo Cherokee Club, conhecido popularmente por El Pasaje, porque era um dos pontos prediletos de mafiosos, empresários e político que, por diversas razões, preferiam usar passagens secretas a sair pela porta da frente, sobretudo na época da Lei Seca.
Seguindo pela mesma calçada Av. República de Cuba está o Círculo Cubano, o clube fundado por imigrantes brancos da ilha nos anos 1880. Os clubes comunitários são importantes testemunhas da história de Ybor City. Italianos, espanhóis, cubanos negros, asturianos, alemães e judeus também formaram suas agremiações, o que de certa maneira delimitou o bairro.
Ybor tem tanta história que parte dela é servida em forma de refeições. Inaugurado em 1905, o Columbia Café é um dos restaurantes mais antigos e certamente o mais conhecido do Oeste da Flórida, tanto que virou rede, com filiais no centro de Tampa e em cidades próximas, como St. Petersburg, Sarasota e Clearwater. Com decoração de época e cardápio recheado de influências da culinária criolla, o seu maior clássico é o sanduíche cubano, que mistura salame, presunto, pernil e queijo suíço, em referência à mistura de povos dos primeiros tempos do bairro. Um almoço ou jantar por lá é quase obrigatório.
Outras opções de bares e restaurantes podem ser encontradas no Centro Ybor, um misto de cinema multiplex, praça de alimentação e galeria comercial, que justifica o nome. São dois grandes prédios, com entradas para as 7, 8 e 9 avenidas, ligados por pontes de ferro fundido, que ajudam a reconstituir o clima de início do século XX ao lugar. De lá saem excursões de segway e bicicleta, boas maneiras de explorar a região.
Bem em frente há uma estação dos bondes elétricos que ligam o bairro a Downtown Tampa. Os bilhetes podem ser comprados nas máquinas em cada uma das estações e o serviço não costuma demorar. Às sextas e aos sábados, os trens rodam até as 2h, o que faz todo sentido em se tratando de um bairro que se transforma à noite.
Boa parte da boa fama da vida noturna de Tampa se deve ao agito do bairro, em particular da 7 Av., ou La Sétima, como já está popularizado até nas placas oficiais. A via concentra a maioria dos bares e casas noturnas e até stripclubs. Há muitos endereços também com música ao vivo, de ritmos latinos a indie rock. A Sétima também abriga o ponto LGBT do bairro, na esquina com a Rua 15. Bandeiras do arco-íris e letreiros coloridos indicam que se está em "GaYbor".
Mesmo com sol forte, o programa é museu em St. Petersburg
Banhada pela Baía de Tampa, Saint Petersburg é uma cidade de contrastes. O nome, que remete à famosa homônima russa, não bate com o apelido, "Sunshine City". E nesta cidade praiana, tradicional refúgio de americanos durante o inverno, o melhor programa é ir a museus.
Por mais que o sol convide a um mergulho, não se pode ignorar a principal atração de St. Pete, como é mais popularmente chamada: o Museu Salvador Dalí. Sim, a cidade tropical americana com nome russo é sede do maior museu dedicado ao pintor catalão fora da Espanha.
O novo prédio, inaugurado em janeiro, já é uma atração. A estrutura meio disforme em aço e vidro parece tomar aos poucos o resto da construção, um retângulo de concreto. Tudo isso cercado por jardins e palmeiras. O surrealismo arquitetônico é fruto de um investimento de US$ 36 milhões na construção de uma nova sede, maior e mais segura que a anterior (em época de alerta de furacões, as galerias precisavam ser esvaziadas).
O acervo de quase 1.500 peças, entre quadros, desenhos, esculturas e filmes, tem obras importantes como "A desintegração da persistência da memória", "Colóquio sentimental", "O toureiro alucinógeno". Numa galeria, repleta de rascunhos do pintor, é projetado, sem parar, "O cão andaluz", clássico do cinema surrealista, parceria de Dalí com Luis Buñuel.
Na porta do Museu Dalí há uma parada do ônibus turístico, em formato de bonde, que percorre toda a orla de St. Pete, e para em outros importantes museus, como o Chihuly Collection. Dedicado à obra do artista norte-americano Dale Chihuly, conhecido por seu trabalho em vidro. Natural do estado de Washington, ele também encontrou na Baía de Tampa o abrigo ideal para algumas de suas peças e instalações de vidro. Algumas delas são produzidas perto dali, num estúdio onde o artista supervisiona uma grande equipe.
Com cores e formas surpreendentes, o trabalho de Chihuly busca inspiração na natureza. Galhos de árvores, folhas, conchas e animais como cobras e tartarugas servem de modelo, assim como formas simples também são usadas, como as 168 esferas dentro de um barco ("Float boat"). A instalação prende a atenção até de quem já está acostumado com ela:
- Um dia, passando por aqui, sentei para descansar e fiquei quase uma hora viajando nesse barco. Até esqueci do que tinha que fazer - conta o diretor do museu, Kevin Smith.
Uma caminhada curta pelos parques da Beach Drive leva até o Museum of Fine Arts. A coleção prioriza a pintura clássica norte-americana, com muitas paisagens e retratos. O que não quer dizer que não haja espaço para a variedade. Arte antiga asiática, esculturas pré-Colombianas e pinturas modernas também têm lugar nas galerias. Parte do museu é dedicada a mostras temporárias. Até dezembro está em cartaz uma sobre pintores holandeses.
Quem tiver fôlego para mais museus ainda pode visitar o St. Petersburg History Museum e o Florida Holocaust Museum. Se o espírito já estiver saciado, uma boa ideia é sentar numa das muitas mesas ao longo da Beach Drive ou da Central Avenue. Cafés moderninhos, restaurantes vegetarianos, bares latinos, opções não faltam.
Lembra do ônibus-bondinho? Ele também leva até o píer de St. Pete, principal cartão-postal da cidade, com bares, restaurantes e lojas de suvenires. Mas o prédio em forma de pirâmide invertida está com seu dias contados. Preocupada o estado de conservação dos pilares, a prefeitura determinou que o atual píer seja demolido no final do próximo ano. O novo projeto será escolhido pelos moradores, que já estão sendo chamados a participar. Enquanto as obras não vêm, o píer segue como um ótimo lugar para apreciar este canto nada russo da Baía de Tampa.
Praias e golfinho de cinema
St. Pete é a maior cidade do condado de Pinellas, mas a sede é Clearwater, onde suas belas praias, banhadas pelo Golfo do México, enchem de orgulho os moradores da região. Algumas, como Fort De Soto e Caladesi Island, já foram consideradas as melhores dos Estados Unidos, em eleições realizadas por órgão especializados em turismo. Outras de destaque são Sand Key Beach, Shell Key e Clearwater Beach, a que conta com melhor infraestrutura. As águas de todas elas costumam ser bastante calmas, o que deixa os banhistas livres para se preocuparem exclusivamente em não pisar em nenhuma arraia.
Nos últimos meses a cidade passou a ser conhecida também por abrigar o Clearwater Marine Aquarium (CMA), lar da estrela principal do filme "Winter, o golfinho", lançado este ano, com Morgan Freeman e Ashley Judd no elenco. Trata-se da história de um golfinho que perde parte da cauda numa rede de pesca e é resgatado na praia por um menino. Levado para um aquário-hospital, recebe tratamento e ganha uma prótese. A história real é quase essa e o bichinho e sua cauda postiça podem ser vistos no aquário, locação das filmagens. Assim como outros animais marinhos resgatados pelos veterinários do CMA.
ONDE FICAR
Intercontinental: Diárias a partir de R$ 300. 4.860 West Kennedy Blv.intercontampa.com
Don Vicente: Diárias a R$ 211. Av. República de Cuba 1.915.donvicenteinn.com
ONDE COMER
Columbia Café: 2.117 E 7 Av., Ybor City. columbiarestaurant.com
Jackson's Bistro: 601 S. Harbour Island Blvd. jacksonsbistro.com
PASSEIOS
Florida Aquarium: O ingresso custa US$ 19. flaquarium.org
Glazer Children's Museum: O ingresso custa US$ 15.glazermuseum.com
Henry B. Plant Museum: Ingresso: US$ 10. plantmuseum.com
Tampa Bay History Center: Ingresso: US$ 12.tampabayhistorycenter.org
Tampa Museum of Art: Ingresso: US$ 10. tampamuseum.org
Chihuly Collection: O ingresso custa US$ 19,95. moreanartscenter.org
Dalí Museum: Ingresso: US$ 21. thedali.org
St Pete Museum of Fine Arts: Ingresso: US$ 17. fine-arts.org
Clearwater Marine Aquarium: Ingresso: US$ 14,95. seewinter.com

Midtown e North Beach entram no circuito gastronômico de Miami



MIAMI - O Design District de Miami se consolidou firmemente como endereço de cozinhas competentes em ambientes despojados, como o Sra. Martinez. Logo ao lado fica Midtown, até pouco tempo uma área decadente, que vem se convertendo numa expansão natural do bairro vizinho, com o mesmo e saboroso perfil: lojas de design, grifes da moda, bares moderninhos e restaurantes, muitos restaurantes. Já Downtown viu, há menos de um ano, o chef francês Daniel Boulud abrir sua primeira casa na cidade, o DB Bistro Moderne, no térreo do JW Marriott Marquis. Jean-Georges chega em 2012, aportando no Bal Harbour Shops, ao norte de Miami. Também nesse mesmo shopping de luxo, Makoto Okuwa, ex-chef do Morimoto, em Nova York e na Filadélfia, inaugurou no final de março uma casa com o seu nome, que já está entre os melhores e mais badalados restaurantes da Flórida. Perto dali, também em North Beach, a brasileira Paula Dasilva - vice-campeã do programa de televisão "Hell's kitchen", comandado por Gordon Ramsay - é uma chef emergente no cenário americano, e hoje comanda a cozinha do 1500°, no hotel Eden Roc. North Beach já pode ser considerada um polo gastronômico relevante, com pelo menos uma dezena de restaurantes de alto padrão, como o Cecconi's Miami Beach, no novo Soho Beach House, e o Gothan Steak e o Hakkasan, ambos no Fontainebleau. E South Beach, claro, continua um bairro com alto índice de concentração de boas casas, como o Nobu, de Nobuyuki Matsuhisa, no Shore Club Hotel. Miami, quem diria, virou um destino gastronômico.
Para amantes da arte, da arquitetura e da gastronomia
Inaugurado ano passado, o restaurante Sugarcane representa bem a região de Midtown, área emergente no cenário gastronômico de Miami, com muitos outros endereços gostosos que apresentam um espírito moderno e uma cozinha competente em ambiente mais descontraído, como o Gigi e o Mercadito. A região, entre Downtown e o Design District, não é uma referência apenas para os visitantes interessados em comer bem, mas também para os apreciadores da arte contemporânea, que têm ali uma série de galerias e ateliês, da arquitetura ao design. Hoje o bairro é onde acontecem os eventos mais importantes da Art Basel de Miami, por exemplo.
E a cozinha do chef Timon Ballo, que comanda o Sugarcane, é razão mais que suficiente para se ir até lá. O cardápio é interessante do início ao fim, a começar pela seção de snacks, cujo destaque vai para as orelhas de porco (sim, orelhas) e as pimentas shishito temperadas com flor de sal e limão. Boa parte da fama do restaurante vem do seu raw bar, que apresenta ostras frescas e vieiras com maçã, além de receitas como ceviche e steak tartare.
O menu de carnes cruas, sashimis e tapas do Sugarcane não é nada óbvio. A vieira cortada finamente, por exemplo, vem disposta sobre pedaços de maçã, temperados com limão, perfumados com trufas pretas e apimentados com jalapeño. As orelhas de porco, por sua vez, chegam à mesa com barbecue picante. A casa também serve waffle, mas salgado, e não doce: a massa clássica de quadradinhos recebe uma coxa de pato confitada crocante, um belo ovo frito de pata e um potinho de maple syrup enriquecido com sementes de mostarda.
Gostou? Eu também. Até porque, o Sugarcane é lindo, com decoração que remete a mercados: amplas janelas permitem a entrada de luz natural e há duas cozinhas à vista dos clientes, uma de pratos frios e outra, de quentes, além de um bonito bar. O serviço também é eficiente e simpático. A seleção de tapas é a parte mais extensa do menu, revelando que a proposta do lugar são pratos para serem compartilhados à mesa. Nessa lista há ideias criativas em pequenas porções, como dobradinha com kinchi (receita picante da Coreia do Sul, feita com malagueta seca e vegetais fermentados), croquetes de queijo de cabra com marmelada e um hamburginho de kobe beef servido com ovo de codorna por cima. Bonito e gostoso. A carta de vinho tem cerca de 20 rótulos bem escolhidos (são oito brancos, cinco espumantes e cinco tintos) e a seleção de cervejas não fica para trás: há 35 marcas diferentes, além de coquetéis feitos com a bebida, como o Gold Coast, com infusão de capim-limão no rum, suco de limão, Valvet Falernum e Stela Artois.
Outro restaurante que vem se destacando em Midtown é o Gigi, que se anuncia como uma casa especializada em noodles, grelhados e cervejas, mas vai bem além disso. Tem atum cru com melancia amarela, aipo e togarashi, tempero apimentado japonês; quiches que variam a cada dia e mix de cogumelos com gergelim e hoisin, um molho chinês de soja. À noite, o cardápio ganha corpo, com receitas ótimas para serem divididas e boa oferta de carnes grelhadas, como o rib eye e a costelinha de porco. O lugar, adorado pelos notívagos, é muito procurado por quem gosta de jantar tarde. Às sextas-feiras e aos sábados, a casa só fecha às 5h da manhã (e de segunda a quinta-feira, às 3h). Raridade nos EUA, mesmo numa cidade com vida noturna animada como Miami.
Com o mesmo espírito leve, irreverente e moderno do Gigi e do Sugarcane, que é o traço característico dos restaurantes de Midtown, aparece o Mercadito. É uma filial da casa nova-iorquina inaugurada em 2004, com decoração alegre e colorida e cardápio mexicano contemporâneo.
- Os restaurantes de Midtown tem preços mais baixos que os de Miami Beach, por exemplo, e são muito frequentados por moradores - dá a dica a chef Paula DaSilva, do restaurante 1500° no Eden Roc.
A Flórida na pressão
Os apreciadores de cerveja têm mais de uma centena de razões para visitar o bar e restaurante Yard House, no shopping Village at Merrick Park, em Coral Gables. A casa tem uma das maiores cartas de chopes do mundo, com aproximadamente 140 rótulos diferentes servidos em copos de vários tamanhos e formatos.
Todas as marcas mais famosas do mundo estão ali, mas o melhor a se fazer é evitá-las, explorando a extensa lista de cervejas produzidas por pequenas cervejarias americanas, como a Kona Fire Rock Pale, feita no Havaí; a Laughing Skull Amber, da Georgia. Vale a pena ficar atento também às marcas de cerveja fabricadas na Flórida, como a Cigar City Maduro Oatmeal Brown, e os rótulos da Native Brewing Co., da Inlet Brewing e da Saint Somewhere Brewing, todos muito bons.
Até 30 de setembro, menus estrelados por apenas US$ 22
A salada niçoise, o vitello tonnato e o pulpo a la plancha são pratos clássicos, respectivamente, das cozinhas francesa, italiana e espanhola. Mas, pelas mãos do chef francês Daniel Boulud essas receitas tradicionais recebem um tempero de criatividade e extremo cuidado no preparo e apresentação. A salada nascida em Nice, por exemplo, ganha cubos de atum confitado, ovos bem picadinhos, torradinhas delicadas e uma escultura de folhas verdes temperadas com molho de ervas da Provence e coroada por uma sardinha.
Já o famoso antepasto que mistura carne de vitelo e peixe ganha uma composição vistosa: metade dos cubinhos de atum são preparados à milanesa e a outra metade é servida crua, e eles alternadamente montam uma coroa no meio do prato, intercalados com pedaços de alcaparras, servidos com uma saladinha de folhas e um ovo com aioli. O polvo na chapa à maneira ibérica, que ilustra essa página, é feito em travessa de ferro, que chega à mesa fumegante trazendo ainda pimientos de piquillo, batatas, azeitonas pretas, amêndoas tostadas e folhinhas de rúcula.
E assim, reinventando clássicos, como o próprio hambúrguer, que na versão Boulud ganha foie gras e trufas, o DB Bistro Moderne, inaugurado ano passado, logo encontrou o seu lugar entre os melhores e mais badalados restaurantes de Miami. Para ficar ainda melhor, desde o dia 1 de agosto e até 30 de setembro está ainda mais interessante visitar a casa, uma das participantes da décima edição do Miami Spice, que envolve os principais restaurantes da cidade - todos os citados nesta reportagem fazem parte. Durante o evento são servidos menus com entrada, prato principal e sobremesa a US$ 22, no almoço, e US$ 35, no jantar. É uma boa oportunidade de experimentar a cozinha de um dos chefs mais famosos dos EUA a um preço camarada. Um dos menus possíveis, por exemplo, pode começar com terrine de carne com pistache, seguir com massa caseira ao fondue de taleggio com cogumelos salteados e cebola crocante, e terminar com brownie de macadâmia e pistache ou uma porção de queijos.
Em 2012, confirmando que Miami é a bola da vez no cenário gastronômico americano, outro cozinheiro francês baseado em Nova York e dono de três estrelas Michelin aporta na cidade: o francês Jean-Georges vai abrir um restaurante no shopping Bal Harbour, que já tem o ótimo Makoto (leia mais ao lado). Em algumas semanas será feito o anúncio oficial. Porque, como se sabe, Jean-Georges e Daniel Boulud adoram andar juntos.
Enquanto Jean-Georges não vem
Além do restaurante que terá consultoria do chef Jean-Georges, o shopping Bal Harbour, que já tinha duas boas casas (o francês La Goulue e o italiano Carpaccio), entrou definitivamente para a lista dos endereços gourmets de Miami há poucos meses, com a abertura do restaurante Makoto. Os pratos são pura delicadeza e frescor, como reza a cartilha da boa cozinha japonesa. O chef segue uma linha tradicional, mas não radicalmente purista, incorporando muitas vezes ingredientes e técnicas estrangeiras, como o chili que coroa alguns sashimis, o teriaki com trufas que lambuza um filé na chapa ou a versão aioli do wasabi que guarnece os rolinhos de caranguejo.
Entre os destaques do menu enxuto estão as receitas que usam ingredientes nobres como o kobe beef, carne macia e saborosa, e o toro, a barriga do atum. O toro aparece em forma de tartare, com caviar, nori e wasabi, ou fatiado em forma de sushi, sashimi ou temaki. Já o kobe beef pode ser servido cru, em finas lâminas, para serem grelhadas na pedra que chega quentíssima à mesa ou misturadas a um arroz com ovo, numa daquelas receitas simples mas capazes de enternecer.
- Salgamos a carne e a resfriamos. Quando misturamos ao arroz quente, os seus sabores se soltam - explica o garçom.
North Beach: novo polo de restaurantes
Reserva confirmada, chego para jantar no Cecconi's, restaurante italiano no térreo do Soho Beach House, o hotel mais badalado do momento em Miami, que funciona em um prédio escondidinho em North Beach. Ao ver a minha câmera o segurança logo informa que fotos não são permitidas lá dentro.
Apesar de ter um lugar guardado para mim no terraço agradável de iluminação baixa, com árvores iluminadas e mesas de madeira, preferi o balcão do bar. Puxando conversa com o atendente descubro que na semana anterior havia jantado ali o Tom Cruise. Ao meu redor, todos parecem artistas e milionários, ou pretendentes a isso. Peço uma taça de prosecco para ajudar a escolher meu prato num cardápio para lá de interessante, repleto de clássicos da cozinha italiana, como o vitello tonnato, e alguns com uma certa pegada criativa, como o tartare de atum com chili e menta. A difícil escolha acabou recaindo pelo ossobuco com gremolata, tempero clássico desse prato, uma pasta de limão, alho e salsa, por US$ 38. Bravo! Carne se soltando do osso, macia e bem temperada, com um bocadinho de tutano, acompanhado de uma taça de um tinto espesso do sul da Itália.
Depois da conversão de South Beach em polo gastronômico, é a vez de North Beach se posicionar como região emergente nessa área, reunindo um time respeitável de restaurantes, quase todos instalados em hotéis. Só o Fontainebleau tem três ótimas cozinhas, a começar pelo Hakkasan, de culinária chinesa, filial da casa londrina dona de estrela Michelin, e outro dos lugares mais falados em Miami ultimamente. O cardápio é extenso, com uma boa seleção de entradas: o dim sum, que também aparece em versão vegetariana, é um dos mais pedidos. Uma sugestão extravagante é o pato pequim com caviar russo osetra, por US$ 198. Os pratos com peixes e frutos do mar ocupam lugar de destaque no menu.
Entre os oito restaurantes do hotel, o Scarpetta, especializado em cozinha italiana, e o grill Gotham Steak também andam frequentando as listas de melhores restaurantes de Miami nos últimos meses.
O seu vizinho e rival, o hotel Eden Roc, também entra nessa briga, com um ótimo restaurante, o 1500°, uma "steak house que segue a filosofia do >ita
- Busco fazer uma cozinha rústica e elegante, com ingredientes da Flórida - diz a chef, que prepara pratos como o peixe defumado com ciabatta e picles de jalapeños e aspargos com presunto e vinagrete de trufas.
As carnes são macias, e chegam à mesa no ponto exato de cozimento. O skirt steak, um corte primo da nossa fraldinha, é uma das melhores pedidas do menu, que também traz um admirável rib eye de wagyu criado na Flórida.
- Miami continua marcando o seu território na gastronomia mundial. Um fenômeno recente são os food trucks espalhados pela cidade, com comida muito boa. Miami pode ser a próxima São Francisco ou Nova York - aposta a brasileira Paula.
SERVIÇO
RESTAURANTES
1500°: Eden Roc Renaissance Miami Beach. 4.525 Collins Avenue. Tel.  (305) 531-0000www.marriott.com
Carpaccio: Bal Harbour. 9.700 Collins Avenue. Tel.  (305) 867-7777.www. carpaccioatbalharbour.com
Cecconi's: Soho Beach House. 4.385 Collins Avenue. Tel.  (786) 507-7902www.sohobeachhouse.com
DB Bistro Moderne: JW Marriott Marquis. 255 Biscayne Boulevard. Tel. (305) 421-8800www.danielnyc.com
Gigi: 3.470 North Miami avenue. Tel.  (305) 573-1520.www.giginow.com
Gothan Steak: Hotel Fontainebleau. 4.441 Collins Avenue. Tel.  (877) 326-7412www.fontainebleau.com
Hakkasan: Hotel Fontainebleau. 4.441 Collins Avenue. Tel.  (877) 326-7412www.fontainebleau.com
La Goulue: Bal Harbour. 9.700 Collins Avenue. Tel.  (305) 865-2181.www.lagouluebalharbour.com
Makoto: Bal Harbour. 9.700 Collins Avenue. Tel.  (305) 864-8600.www.makoto-restaurant.com
Mercadito: 3.252 NE First Avenue. Tel.  (786) 369-0430.www.mercaditorestaurants.com
Scarpetto: Hotel Fontainebleau. 4.441 Collins Avenue. Tel.  (877) 326-7412www.fontainebleau.com
Sugarcane: 3.252 NE 1st Avenue. Tel.  (786) 369-0353.www.sugarcanerawbargrill.com
Yard House: Village at Merrick Park. 320 San Lorenzo Avenue. Tel.  (305) 447-9273www.yardhouse.com