sábado, 22 de janeiro de 2011

Guacamole







     2 avocados (ou abacate)
1/2 tomate sem pele e sem semente picado
½ colher (sopa) de cebola picada
1 colher (chá) de coentro picado
1 colher (sopa) de azeite extra virgem
Sal e pimenta fresca (ou tabasco) a gosto
Nachos (Doritos) ou torradinhas para servir

1. Amasse bem o avocado e misture o restante dos ingredientes. Acerte o sal e pimenta. Leve para gelar.
2. Atenção! O segredo para um bom guacamole é um avocado bem maduro. 

Restaurante Serafina: Tris di Sofia

Tris di Sofia



     Ingredientes para 4 pessoas

Ravioli alla salvia:
200 g de ravioli com recheio de ricota e espinafre
200 ml de caldo de legumes
50 g de parmesão
200 g de manteiga
10 folhas de sálvia
sal
Paglia & Fieno:

150 g de talharim
200 g de molho de tomate
50 g de creme de leite fresco
60 g de manteiga
sal q.b
pimenta do reino q.b
Gnocchi al pesto

400 g de nhoque de batata
100 g de pesto genovês
40 g de parmesão italiano
sal q.b
Modo de preparo:

Coloque o caldo de legumes, a manteiga e as folhas de sálvia em uma frigideira e leve ao fogo. Em outra frigideira, coloque o molho de tomate e o creme de leite, leve ao fogo e deixe reduzir um pouco. Em seguida, adicione a manteiga.
Em uma terceira frigideira coloque o pesto.
Enquanto isso cozinhe todas as massas em abundante água salgada: o nhoque, o talharim e o ravioli.
Despeje cada massa em sua respectiva frigideira reservando, no caso do nhoque, um pouco da sua água de cocção que deverá ser adicionada ao pesto. Salteie em fogo vivaz, o talharim com o molho rosê, o nhoque com o pesto e mexa o ravioli no molho de manteiga e sálvia. Ajuste o sal e disponha um pouco de cada massa em um prato grande. Sirva bem quente.
*Serafina
Alameda Lorena, 1705 - São Paulo
Tel: (11) 3081 3702
www.serafinarestaurante.com.br
 

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um mergulho na cozinha e na história da cidade do Porto


Publicada em 19/01/2011 às 20h16m


O Restaurante da Alzira, no Cais da Ribeira, no Porto: bom, bonito, barato e tradicional / Foto: Bruno Agostini
Nas minhas viagens, as refeições são sempre momentos importantíssimos. Geralmente escolho alguns restaurantes antecipadamente, reservando mesa nos mais concorridos, e deixo também espaço para o acaso, para aqueles que surgem no caminho, seja por serem simpáticos, seja por indicação de algum morador. Foi assim que conhecemos O Restaurante da Alzira. Estávamos no Mercado do Bolhão e queríamos descer até o Cais da Ribeira. Paramos um grupo de três homens bem vestidos para pedir indicação de como chegar até lá. Depois, resolvi arriscar.
- Para vocês, qual é o melhor restaurante de lá, com cozinha típica portuguesa?
Eles pensaram um pouco, até que um deles disse, recebendo o consentimento dos outros dois, que balançaram afirmativamente a cabeça.
- Pode ir no restaurante da Alzira, é uma cozinha simples, mas muito boa.
Acreditamos. Fizemos muito bem. O restaurante fica na Viela do Buraco, escondidinha, mas também tem entrada pela Rua dos Canastreiros, ao lado da Praça da Ribeira. Tivemos uma daquelas refeições boas, bonitas e baratas, numa saletinha gostosa, com paredes de pedra e serviço simpático. Primeiro, sardinhas fritas, as melhores que já comi na vida, acompanhadas de um Murganheira "bruto".
Porto Dalva LBV 2004, vinho de encerramento do almoço do Restaurante da Alzira / Foto: Bruno Agostini
Depois, um arroz de tamboril com camarões, servido em panelinha de ferro, com molho espesso e apimentado, que não sai da minha memória até hoje, escoltado pelo agradável branco Plansel Selecta Reserva 2009. Dobradinha perfeita. Encerramos com o cabrito assado, temperado com pimenta rosa e servido com batatinhas coradas, que vinham imersas naquele molho aromático e delicioso. Para fechar, toucinho do céu, úmido, não muito doce, delicioso. No final, a conta deu cerca de 45 euros por pessoa, com vinho incluído (éramos quatro, e bebemos quatro garrafas, incluindo o Porto Dalva LBV 2004).
Na cidade do Porto há muitos restaurantes neste estilo, com cozinha tradicional, competente e a preços acessíveis, como O Buraco, indicado por amigos que fizeram ali uma ótima refeição, gastando apenas 12 euros (com taça de vinho, caldo verde, prato principal e sobremesa. Bom, né?).
Além dessas tascas tradicionais, a cidade do Porto tem hoje alguns restaurantes com estilo mais contemporâneo que são garantia de refeições inesquecíveis. Estava tudo programado para o último jantar do nosso pequeno grupo ser no DOP. Acontece que fui convocado, de última hora, para ir ao Foz Velha com os enólogos da Dão Sul. Convite irresistível, um jantar de gala que começou ao sabor de um delicioso azeite que leva a assinatura do chef da casa, Marco Gomes, que segue a linha criativa, mas explorando a riqueza gastronômica tradicional do país.
Crocante de alheira no Foz Velha: pegada contemporânea no Porto / Foto: Bruno Agostini
Assim, ele cria receitas como o crocante de alheira de Trás-os-Montes com maçã e molho de cogumelos (releitura desse embutido típico lusitano que fica ainda melhor sem a casca e envolto em massa filo), o taco de bacalhau com feijão fradinho, ovo e tomate em emulsão de salsa ou a bochecha de vitela em massa de pão, com misto de legumes e cogumelos selvagens. Além da cozinha competente, vale ainda destacar o ambiente agradável e romântico, com luzes baixas e bonita decoração - sem falar no bom serviço.
Fui ao Foz Velha, mas o sommelier João Souza jantou no DOP, e conta para nós como foi (ao que parece, segue uma linha parecida com a adotada no Foz Velha).
- Tive o prazer de jantar no DOC em outra ocasião e agora no DOP. Embora as duas cozinhas sejam assinadas pelo chef proprietário, Rui Paula, na minha opinião, neste último é ainda melhor. Ele foi feliz na inovação de pratos tradicionais. A delicadeza na elaboração e apresentação mostra um amadurecimento na sua culinária. A cozinha do DOP é evoluída e moderna, ao mesmo tempo em que conserva algum tradicionalismo. O serviço é muito bom, e o sommelier foi muito competente na harmonização. Uma pena que seja permitido fumar - avalia.
Para se lançar aos peixes e frutos do mar, Matosinhos é o lugar certeiro, com pescados sempre muito frescos, às vezes ainda vivos em aquários. Há vários restaurantes da especialidade, como o Quarentae4, que tem um espírito mais, digamos, internacional, apostando na mistura de receitas portuguesas com especialidades estrangeiras, além de outros mais tradicionais, como o Rincão do Mar, a Esplanada Marisqueira Antiga e Os Lusíadas.
Mas se a palavra em mente é tradição, nenhum restaurante supera o Portucale. Essa casa localizada no 13º andar de um prédio tem uma das mais lindas vistas da cidade à noite. O ambiente e o serviço são bem antiquados, e já ouvi alguns relatos de pessoas que não gostaram do lugar. Mas estava fantástico meu bacalhau com mariscos e camarões sobre um leito de grelos (o nome como são conhecidos por lá os brotos pode provocar uma risadinha entre os brasileiros, mas não dá para pedir este prato chamando-o de outra forma, é bom saber).
Do Mercado do Bolhão, desça para a HistóriaEstação de trens de São Bento: mesmo quem não está viajando deve visitar o prédio / Foto: Bruno Agostini
Três dias são suficientes para explorar a cidade do Porto. Uma dedicado ao Cais da Ribeira e à Vila Nova de Gaia, outro ao Centro Histórico e o terceiro aos passeios pelos arredores do Palácio de Cristal e da Avenida da Boavista.
A área histórica da cidade é pequena e pode ser percorrida a pé. Um bom ponto de partida é o Mercado do Bolhão, entre outras razões por estar num ponto mais elevado - as ladeiras da cidade são íngremes, e podem deixar o turista exausto. São dezenas de bancas no edifício, que está passando por restauro, vendendo toda a sorte de alimentos, com destaque para os embutidos, queijos e frutas. Nos arredores, há mais delícias em mercearias e confeitarias de decoração clássica, como a Do Bolhão, com vitrines recheadas de doces e salgados, e menu de almoço a preço atraente (pratos, incluindo polvo e bacalhau, a menos de 10 euros).
A uma curta caminhada dali, estão a Praça da Liberdade e a estação de trens São Bento, um prédio belíssimo, cuja visita não deve se limitar à fachada: no interior, as paredes são revestidas com paineis de azulejo que retratam a história de Portugal.
Ao redor da praça, estão algumas instituições financeiras, e pelo menos duas delas, o Banco de Portugal e o Banco Totta, merecem atenção não só de economistas, mas dos visitantes também, pelas obras de arte abrigadas ali.
Mais alguns poucos passos, e já estamos na Torre dos Clérigos, um dos principais cartões-postais da cidade, construída no final do século XVIII com 76 metros de altura, e que já foi um dia o edifício mais alto de Portugal. A vista do alto da torre é linda. Se animou? São mais de 200 degraus para se chegar até lá.
A capela de Nossa Senhora da Piedade / Foto: Bruno Agostini
Perto dali está o Centro Português de Fotografia, que funciona num prédio que um dia foi uma prisão. A instituição abriga uma preciosa coleção de máquinas e artefatos dos primórdios da fotografia, como daguerreótipos. Ali também são realizadas mostras temporárias.
Ainda seguindo ladeiras, abaixo, encontramos o suntuoso Palácio da Bolsa, a Igreja de São Francisco, e o Mercado Ferreira Borges. Vale um curto desvio de caminho para percorrer a Rua das Flores, eixo comercial bastante tradicional do Porto, com lojas que funcionam em belos edifícios do século XVIII.
Em estilo neoclássico, construído em 1834, o Palácio da Bolsa pode ser percorrido em visitas guiadas que passam pelo Pátio das Nações, iluminado por um teto de vidro, e pelo impressionante Salão Árabe, com decoração mourisca revelando colunas e mosaicos belíssimos.
A Igreja de São Francisco, colada ao Palácio da Bolsa, também tem um interior que merece atenção por seus elementos barrocos. Mas bastaria a Árvore de Jessé, um retábulo de rara beleza, representando a árvore genealógica de Jesus Cristo. Só ela já faz valer a entrada no templo.
Numa das outras laterais da Praça do Infante D. Henrique está o Mercado Ferreira Borges, construído em ferro no final do século XIX.
Bonde, maneira agradável de passear pela parte antiga da cidade do Porto / Foto: Bruno Agostini
Dali até o Cais da Ribeira, não se gasta mais que três minutos caminhando. Quase em frente à Ponte D. Luis I, está um plano inclinado que leva até a Praça da Batalha, de onde se pode ir caminhando até a Sé, a catedral da Cidade do Porto, visita obrigatória em qualquer roteiro por lá.
Outro dia pode ser dedicado a explorar a Avenida da Boavista. Nem que seja só para visitar a Fundação de Serralves, uma mistura de parque com museu de arte contemporânea e centro cultural. Além de passear pelos jardins (ótimo lugar para um piquenique com as iguarias compradas no Mercado do Bolhão), é possível apreciar a coleção permanente do museu e as muitas mostras temporárias que acontecem ali.
Outro lugar aprazível, relativamente próximo dali, para um passeio seguido de piquenique, é o Palácio de Cristal, com lindos jardins românticos.
Só não vale comer muito. Porque, depois do programa cultural, basta seguir a mesma Avenida da Boavista para se chegar até Matosinhos, já voltado ao Oceano Atlântico, onde estão concentrados como já foi dito nas páginas anteriores, uma série de restaurantes especializados em peixes e frutos do mar.
ONDE COMER
O Restaurante da Alzira: Cozinha tradicional com boa comida, preços atraentes, serviço simpático e ótima localização. Viela do Buraco 3, Ribeira. Tel (351) 222-005-004.
DOP:Cozinha portuguesa contemporânea e criativa comandada pelo chef Rui Paula. Fica no Palácio das Artes. Largo de São Domingos 18. Tel. (351) 222-014-313. www.ruipaula.com
Portucale: Um dos restaurante mais tradicionais da cidade, localizado no 13 andar de um prédio com vista incrível da cidade. Cozinha, ambiente e serviço clássicos. Rua da Alegria 598, Bonfim. Tel. (351) 225-370-717.
Foz Velha: Usando elementos típicos da cozinha portuguesa, o chef Marco Gomes monta cardápios criativos, com apresentação cuidadosa e muita técnica culinária. Esplanada do Castelo 141. Tel. (351) 226-154-178. www.fozvelha.com
Quarentae4: Dedicado aos pescados, mas com tratamento mais moderno que as outras casas da vizinhança. Na área de Matosinhos, Rua Roberto Ivens 44, Matosinhos. Tel. (351) 229-363-706.www.quarentae4.com
Bull & Bear: Endereço dos mais badalados, serve uma cozinha portuguesa contemporânea. Avenida da Boavista 3431. Tel. (351) 226-107-669.
D. Tonho: Boa comida com vista para o Rio Douro. Cais da Ribeira 9. Tel (351) 222-038-307.www.dtonho.com
PASSEIOS
Fundação de Serralves: Rua Dom João de Castro 210. Tel. (351) 808-200-543. www.serralves.pt
Palácio da Bolsa: Rua Ferreira Borges 4050-253. Tel. (351) 223-399-000. www.palaciodabolsa.pt

De frente para a cidade do Porto, os sabores de Vila Nova de Gaia


Publicada em 19/01/2011 às 20h16m


Ponte D. Luis I sobre o Rio Douro, no Porto, visto a partir de Vila Nova de Gaia / Foto: Bruno Agostini
Eu estava na doce companhia da Deise Novakoski, que sabe tudo de comes e bebes, cobrindo um congresso de vinhos na cidade do Porto - visitando ainda outras regiões, como o Douro e o Minho, e degustando muitas delícias portuguesas. Fugimos do grupo na hora do almoço por um motivo nobre: conhecer a principal novidade em termos hoteleiros e gastronômicos por essas bandas nos últimos anos. Pegamos um táxi e cerca de cinco minutos, e uns 6 euros depois, estávamos na entrada do elegante The Yeatman Oporto, no alto da Vila Nova de Gaia, com vista arrebatadora sobre os telhados dos armazéns que guardam o vinho fortificado, o Rio Douro e, ao fundo, o Cais da Ribeira. Lindo panorama para uma refeição. O hotel abriu as portas no fim do ano passado, com direito à presença do presidente português, Cavaco Silva. O prédio moderno custou 37 milhões de euros e foi construído nos domínios do grupo Taylor, Fladgate and Yeatman, que simplesmente produz alguns dos melhores vinhos do Porto.
Da piscina às camas em barricas, hotel gira em torno do vinho
Vista do The Yeatman, em Vila Nova de Gaia, com os telhados dos armazéns em primeiro plano, depois o Rio Douro e, ao fundo, o Cais da Ribeira e a Cidade do Porto / Foto: Bruno Agostini
Agora, o grupo Taylor, Fladgate and Yeatman mostra que também sabe fazer com perfeição restaurante e meio de hospedagem. Anunciamos ao elegante homem engravatado que nos recebeu à entrada do hotel, abrindo a porta do veículo, que queríamos almoçar.
- Vocês têm reserva?
Diante da nossa negativa, ele foi nos conduzindo pelo lobby em direção ao restaurante, que, para nossa sorte, não estava cheio. Havia apenas umas quatro ou cinco mesas ocupadas - o salão nem é tão grande assim - e nós pudemos pegar uma bem localizada, com vista privilegiada. Não aconselho o risco: melhor reservar um lugar (com vista, por favor).
Enquanto no jantar o menu degustação pode custar cerca de 200 euros (com vinhos), no almoço há fórmulas por preços a partir de 32 euros (sem vinhos). Fomos no menu de 65 euros, com seis etapas (sem contar os ótimos amuse bouche e mignardises). Foi um delírio. Com harmonização de vinhos, a conta ficou em cerca de 100 euros por pessoa: valeu demais a pena o investimento.
Logo que nos sentamos à mesa, o maître João Geraldes nos ofereceu a carta de vinhos, imensa, pesada e bonita, com capa de couro e letras douradas. Curioso é que ele estava, naquele dia, atuando como sommelier (escanção, como chamam em Portugal), cuidando do salão. Mas João, na verdade, é subchef do restaurante, e geralmente dá expediente junto ao fogão. Cozinheiro e sommelier? O cara deve entender das coisas, pensamos - sem falar que logo deu para perceber se tratar de um profissional dos mais competentes: poucas vezes na vida fui tão bem servido em um restaurante. Assim, preferimos pedir para ele mesmo conduzir a harmonização, ressaltando o nosso interesse por vinhos raros e diferentes, que foi atendido por ele.
Profissional completo: João Geraldes é subchef, mas atua no salão como maître e sommelier / Foto: Bruno Agostini
- Nos entregamos ao simpático profissional que orquestrou magistralmente o almoço harmonizando cada prato com uma taça de vinho, que João fez questão de ser uma de cada região de Portugal, para que tivéssemos ideia da dimensão e variedade de vinhos daquele país. O ponto alto do almoço, além da comida e da vista, ficou por conta do serviço, atencioso e carinhoso que recebemos - lembra Deise.
Tudo começa com ótimos pães, servidos com azeite da melhor qualidade, manteiga e flor de sal. Em seguida, "As boas vindas do chef": primeiro, um trio de colheres com pequenos bocadinhos (uma salada de lagostins com caviar, um tartar de novilho e as ovas de ouriço com sardinhas e algas do mar). Em seguida, uma espécie de terrine, chamada coca, de atum e foie gras, servida com pó de azeitona e iogurte de ostras. Para acompanhar, um espumante "bruto".
Agradecidos com a oferta deliciosa do chef, o jovem Ricardo Costa, puxamos assunto sobre o gajo.
- Ele veio do hotel Casa da Calçada, em Amarante, onde conquistou uma estrela Michelin. Depois que ele saiu, o restaurante perdeu a honraria... - provoca João Geraldes.
Mas ele está equivocado: o restaurante Largo do Paço continua estrelado pelo guia. Quanto ao restaurante do Yeatman, posso me enganar, mas acho que ele vai ganhar mais uma estrelinha na próxima edição...
Em seguida, o rapaz continuou mostrando o seu talento em um menu de pegada contemporânea que mescla criatividade com referências clássicas. O chef tem técnica apurada, usa ingredientes de primeira qualidade e a apresentação dos pratos é extremamente cuidadosa. Foi sublime.
Filé mignon selado com carvão vegetal, batata trufada, aspargos, glaceados e molho com os sucos da carne e anchova do The Yeatman / Foto: Bruno Agostini
O primeiro prato "oficial" do cardápio foram as vieiras em creme queimado com azeite virgem e ouriços do mar, mikado de aipo bola, anchova e ar de citrinos, uma receita equilibrada e surpreendente. Depois vieram aspargos verdes em creme aveludado com tartar de tomates, lagostins ao vapor e azeite de crustáceos. O passo seguinte foi um pregado (uma espécie de linguado) selvagem com escamas de tomate tostado, arroz de enguias em vinho e ravióli de vegetais com molho de mexilhão com caril. Então veio o lombo de boi charolês selado com carvão vegetal, batata trufada, aspargos glaceados e os sucos da carne com anchovas. Palmas para o chef.
Hora dos doces: primeiro o queijo da serra fundido numa sopa tépida (morna) com doce de abóbora e pão de especiarias, tudo coroado com sorvete de Porto vintage. Antes das mignardises, ainda teve uma montagem de castanhas de Trás-os-Montes assadas com queijo da serra, iogurte de kumquats (uma laranjinha chinesa deliciosa), pão de nozes e gelado de toffee de cítrico. Tudo, do início ao fim, muito bem harmonizado pelo João Geraldes, que nos apresentou vinhos diferentes, como o Bical Passa Campolargo 2005, e clássicos, como o Porto Vintage Fonseca 1991 (engarrafado em 1993). Até o café, um expresso bem tirado.
Depois disso fomos embora, mas restou uma imensa vontade de ficar hospedado ali por uns dias. O hotel parece ser tão bom quanto o restaurante.
Tudo no Yeatman gira em torno do vinho. A piscina externa é em forma de decantador, algumas camas foram colocadas dentro de enormes barricas que antes armazenavam milhares de litros de porto, a adega é uma das mais impressionantes de Portugal e o spa, claro, é da Caudalie, marca mais importante do mundo quando o assunto é vinoterapia (no Brasil, o hotel da Miolo tem spa com a mesma assinatura).
Taylor's, uma casa de vinhos a serviço da rainha da InglaterraLombo de bacalhau com brandade de polvo: prato dos sábados no restaurante Barão de Fladgate, em Vila Nova de Gaia / Foto: Bruno Agostini
Animados com a experiência no restaurante do hotel Yeatman, no dia seguinte, fomos visitar e almoçar na Taylor's, uma das mais premiadas casas de vinho do Porto, a preferida da família real inglesa, uma das três marcas da Fladgate (as outras são Fonseca e Croft).
O restaurante Barão de Fladgate fica ao lado da loja e da sala de degustação, visitas obrigatórias antes da refeição. O lugar, com amplas áreas envidraçadas e uma agradável varanda, muito usada no verão, também apresenta um lindo panorama, parecido com o do hotel, mas um pouco mais baixo: seria menos impactante, mas a proximidade maior com a linda Ponte D. Luis compensa a descida.
O cardápio é legitimamente português, mas faz algumas concessões, como servir massas (tem linguine salteado com azeitonas, queijo feta e tomate-cereja, por exemplo) e pratos de baixa caloria (como pescada grelhada, batatinha cozida, legumes ao vapor), além de ter entradas com foie gras, por exemplo. Melhor mesmo é investir na lusofonia gastronômica, apostando em receitas de bacalhau, polvo, tamboril, borrego, lombinho de porco ou javali.
O couvert é servido com bons pães, azeitonas pretas e pedaços de queijo temperados com ervas e azeite, e esta etapa não deve ser ignorada. A seleção de entradas apresenta receitas interessantes, como perdiz com castanhas.
Há menus turísticos a 35 euros, com couvert, sopa de entrada, prato do dia e sobremesa, além de água (ou refrigerante) e café. A lista de pratos do dia é bastante interessante. Aos sábados, é servido o bacalhau com brandade de polvo e, aos domingos, uma famosa vitela barrosã (que não come ração e se alimenta livremente nos campos), assada lentamente durante cinco horas. A lista de sobremesas faz salivar, em receitas como mousse de requeijão da serra com noz e compota de abóbora ao molho de mel com laranja.
Teleférico liga Cais à Calçada da Serra em Vila Nova de GaiaUm barco rebelo enfeita a paisagem do Rio Douro, com a ponte D. Luis I e a Vila Nova de Gaia ao fundo / Foto: Bruno Agostini
Um dos programas turísticos mais relevantes da Cidade do Porto não está exatamente na Cidade do Porto, mas em Vila Nova de Gaia, do outro lado do Rio Douro: são as visitas às caves que armazenam o vinho. É como ir a Roma e não... deixa pra lá.
Vila Nova de Gaia, aliás, acaba de ficar ainda mais interessante, com a inauguração de um teleférico com percurso de cerca de 700 metros que liga o Cais à calçada da Serra, com lindo panorama do lugar.
Mas o que mais importa ali é mesmo o vinho do Porto. No total, são cerca de 60 armazéns. Uma boa parte deles, uns 20, estão abertos aos turistas, e os programas são bem parecidos: um passeio pelo prédio, passando pelos salões que guardam os estoques de vinho, enquanto o guia conta a história da bebida e da própria vinícola. Há barricas imensas, com até 15 mil litros, com dezenas de anos de uso. As paredes destas antigas edificações muitas vezes são de pedra, contribuindo para criar condições climáticas perfeitas para o envelhecimento da bebida, que deve estar num lugar escuro e com pouca oscilação de temperatura: engraçado é perceber que, no verão, os armazéns estão mais frios que o exterior e, no inverno, mais quentes. No fim da visita, uma degustação que apresenta alguns dos diferentes estilos de Porto. Depois, como nos parques da Disney, uma visita à lojinha para comprar umas garrafas, acessórios e outras lembrancinhas.
Turistas aprendem sobre os variados estilos da bebida na visita à cave de Cálem, em Vila Nova de Gaia / Foto: Bruno Agostini
Para os turistas mais práticos, mais interessados no passeio que na bebida propriamente, vale saber que boa parte desses armazéns está a poucos passos da ponte D. Luis I, a uma curta caminhada a partir do Cais da Ribeira, como a Cálem, a Sandeman, a Ramos PInto e a Quinta do Noval (esta última, uma das marcas de maior prestígio).
- Um grande vinho do Porto, como o Quinta do Noval Nacional 1963, é o máximo que uma uva pode dar - costuma dizer o consultor de vinhos Paulo Nicolay, um dos maiores especialistas do país no assunto.
Outra destas marcas emblemáticas é a Taylor's, que produz uma linha consistente, e mesmo os seus vinhos mais simples são de ótima qualidade.
- Temos o maior estoque de vinhos antigos, o que nos permite colocar no mercado vinhos do Porto mais evoluídos, com qualidade superior - diz, sem modéstia, mas coberto de razão, Fernando Seixas, gerente de exportação da marca.
A visita à cave da Taylor's revela curiosidades, como um mapa detalhados com os vários microclimas encontrados ao longo do Rio Douro, e a placa assinada por Fidel Castro, que deveria estar ao lado de várias outras de presidentes de vários países, que visitaram a Taylor's durante um encontro de chefes de Estado (a do Fernando Henrique Cardoso está lá).
- Encontrei a placa à venda no e-Bay por US$ 150 mil - lembra Fernando Seixas.
Barricas: armazéns estão abarrotados com estoque de vinhos antigos / Foto: Bruno Agostini
Para nós, brasileiros, uma das marcas mais familiares é a Adriano Ramos Pinto. A visita a esta cave, num belo casarão de paredes amarelas, é uma das mais interessantes, devido ao precioso acervo de objetos, gravuras e mobília. Os cartazes publicitários do começo do século passado, com imagens para lá de ousadas para o período, é um dos pontos altos da visita.
Aos interessados no vinho, ou não, também é fundamental uma visita ao Solar do Vinho do Porto, onde é possível degustar a bebida, aprender sobre e ainda apreciar a vista do Douro.
ONDE FICAR
The Yeatman: Inaugurado no fim do ano passado, tem um ótimo restaurante e vista arrebatadora para o Douro e a Cidade do Porto. Diárias a partir de 150 euros. Rua do Choupelo, Vila Nova de Gaia. Tel. (351) 220-133-100. www.the-yeatman-hotel.com
Pestana: Fica em um charmoso prédio antigo com localização estratégica, perto de grande parte das atrações. Diárias a partir de 156 euros. Praça da Ribeira 1. Tel. (351) 223-402-300.www.pestana.com
Tryp Porto Centro: Tem boa localização e preço, com quartos novos e confortáveis. Diárias a partir de 56 euros. Rua da Alegria 685. Tel. (351) 225-194-800. www.trypportocentro.com
ONDE COMER
The Yeatman: No almoço, tem menus a partir de 32 euros. Abriu no fim do ano e já é considerado um dos melhores da região. Cozinha de autor, contemporânea, com inspiração na cozinha clássica portuguesa. Carta de vinhos com 1.200 rótulos e serviço impecável. Rua do Choupelo, Vila Nova de Gaia. Tel. (351) 220-133-100. www.the-yeatman-hotel.com
Barão de Fladgate: Restaurante dentro da cave da Taylor's, com menu que mescla clássicos da cozinha portuguesa com receitas internacionais. Linda vista para o Rio Douro e a Cidade do Porto. Rua do Choupelo 250,Vila Nova de Gaia. Tel. (351) 223-742-800. www.tresseculos.pt
VINHO DO PORTO
No site Porto XXI ( www.portoxxi.com ), é possível encontrar a lista completa de caves abertas aos visitantes com informações sobre como chegar.
Solar do Vinho do Porto: Quinta da Macieirinha, Rua de Entre Quintas 220. Tel. (351) 226-094-749. www.ivdp.pt
Taylor's: Rua do Choupelo 250,Vila Nova de Gaia. Tel. (351) 223-742-800. www.taylor.pt
Quinta do Noval: Av. Diogo Leite 256. Tel. (351) 223-770-282. www.quintadonoval.com
Ferreira: Av. Ramos Pinto 70. Tel. (351) 223-746-107.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Fiel até na morte

Cristina Santana morreu na sequência das enxurradas que afetaram a região serrana do Rio de Janeiro. Para traz deixou familiares saudosos e um grande amigo. O melhor amigo.



Ele vivia com sua dona, Cristina Maria Cesário Santana, e outras três pessoas numa casa do bairro Caleme, um dos mais devastados em Teresópolis. A casa foi soterrada e a família morreu. O cão escapou, mas ficou cavando até localizá-los.

Quando as equipes de resgate chegaram ao local, foram guiadas por Caramelo até os corpos. Ele foi resgatado pela ONG Estimação. Não queria sair do lado da cova de sua dona e estava muito carente. 

O vira-lata Caramelo passou dias ao lado do túmulo da dona, Cristina Maria Cesário Santana, morta em decorrência das fortes chuvas que atingiram a Região Serrana do Rio na semana passada estava muito carente, pulava no colo de qualquer pessoa que se aproximava. Mas ganhou um novo lar neste domingo. Adotado por uma família da Barra da Tijuca, o cãozinho não é o único a esperar pelo dono mesmo depois da sua morte.



Segundo a veterinária Andrea Lambert, membro da Comissão Especial de Proteção Animal da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) que resgatou Caramelo e outros animais que ficaram sem lar por causa da chuva, histórias assim são muito comuns. – O animal doméstico tem muita lealdade –, explica. – O dono acaba sendo a referência para tudo.

Em Edimburgo, Escócia, o Skye Terrier Greyfriars Bobby chegou a ganhar uma estátua depois de passar 14 anos guardando o túmulo de seu dono, até sua própria morte em 14 de janeiro de 1872. História parecida a do filme Sempre ao seu lado (2009), protagonizado por Richard Gere, em que o o cachorro Hachiko passa anos indo sempre ao mesmo horário a uma estação de trem esperar pelo dono que morreu.



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