sexta-feira, 4 de abril de 2014

Parece que foi ontem ...

Parece que foi ontem ...


Que nos encontramos e conversamos como nunca conversamos antes.
Você estava feliz.
Você tinha conseguido chegar aonde tinha planejado.
Tinha reconhecimento. Construiu, em pouco tempo, uma carreira linda.
Você passou o dia tentando falar comigo ao telefone. Ora eu não estava disponível, ora era você (quando eu retornava) que não estava.
Quando nos encontramos seu rosto estava iluminado, de felicidade.
Queria que eu fosse o primeiro, a saber, das boas novas.
E assim como nunca, falamos, falamos, de tudo e de todos.
Você tinha planos. Estava noivo. Queria casar. Ser feliz ao lado da mulher que tinha acalmado seu espírito.
Mas Deus tinha outros planos. Talvez você já os conhecesse só não se lembrava.
Você estava lindo. 1,92 de beleza e pureza de coração. Como você era bom, generoso, compreensível.


Parece que foi ontem,
Eu ainda cometo atos falhos.
Penso em te ligar. E te ligo (você continua em minha agenda). Só que você não me responde. Penso em nosso almoço, aguardado ansiosamente, das segundas-feiras.
Pensei que o tempo fosse apagar essas dores, mas hoje as sei permanecerão aí, bem no fundo do meu coração apenas para me lembrar de você.
Como se fosse possível esquecê-lo.
Li recentemente um artigo instigante do grande escritor Israelense Amos. Ele pergunta quando verdadeiramente morremos, e concluí: Quando a última pessoa que nos conheceu morre. Enquanto isso vivemos em sua memória. Sim, você vive em minha memória. Aliás, só me lembro de você vivo, alegre, otimista.


Parece que foi ontem, mas já se passaram seis anos.
Seis longos anos sem o teu abraço carinhoso, sem nossos almoços de segunda-feira, sem nossos jogos do Flamengo (na final do brasileiro, me lembrei de você, parecia-te ver paramentado pulando naquelas arquibancadas), sem teu sorriso puro (hoje sei que nunca te vi sem um sorriso no rosto), sem teu otimismo diante da vida, sem teu companheirismo.
Hoje eu sei que você me deu mais, muito mais do que eu pude te dar.
Hoje ficou a dor, a saudade, as lembranças, até das coisas que não fizemos porque poderíamos fazer amanhã.
Só que não existe amanhã. Essa é a lição.
O amanhã quando chega, já se tornou ontem.
Então só nos resta viver o hoje.
O abraço que não foi dado não sera dado, a palavra que não foi dita não será dita.
Então só nos resta viver o hoje, o agora.
E hoje, agora, restou a saudade, grande, muitas vezes maior do que eu.
Você partiu sem se despedir, pensei muitas vezes.
Mas não, você partiu depois que falamos tudo que precisava ser falado, que merecia ser dito.
Talvez sem essas palavras eu não conseguiria me manter em pé.


Ficou a saudade de um grande filho.
Um filho que me ensinou docemente a ser Pai.