domingo, 31 de outubro de 2010

Depois do palanque

Quando novembro vier, será inevitável olhar o quadro econômico sem escapismos. 

Há muitos dilemas para enfrentar. A dívida bruta está em torno de 60% do PIB, o superávit real caiu, num ano de aumento de arrecadação. O dólar é um preço desconcertante. O governo não sabe o que fazer com o câmbio
Os candidatos evitaram o tema economia e gastaram sua munição em algumas falsas batalhas.
Os números ouviram muito desaforo durante o programa eleitoral e os debates. Foram contorcidos para confessar o que não registraram ou foram tomados pelo que se parecem e não pelo que são de fato.
O mercado de trabalho teve mais dinamismo no governo Lula, sem sombra de qualquer dúvida. Mas quem procurar no Ministério do Trabalho ou no IBGE vai encontrar números diferentes dos 15 milhões de empregos que Dilma Rousseff tem dito que foram criados. Há de fato boas notícias nessa área. E há um mar de más notícias. O desemprego de jovens de 18 a 24 anos está em 14%, isso é 125% maior do que os 6,2% da taxa média de desemprego, que é a mais baixa desde o começo da pesquisa. No Recife, o desemprego de jovens é de 20% e em Salvador é de 24,5%. Na informalidade estão 22 milhões de trabalhadores. Números que informam que no melhor momento recente do mercado de trabalho, há desafios gigantes pela frente.
O número de alta do PIB é mais vistoso do que real. Parte dos 7,5% do crescimento este ano é apenas a recuperação da queda do ano passado. O país crescia a 6%, caiu para taxas negativas, e este ano recuperou o que havia perdido e ainda cresceu. Mas de crescimento real mesmo, segundo especialistas, é entre 4% a 4,5%, o que é uma boa taxa. Isso significa que para repetir o nível de 7% no ano que vem, só mesmo pisando mais o pé na tábua e criando mais distorções. É por isso que as previsões são de crescimento menor em 2011.
O Brasil tem sido visto com bons olhos por analistas de bancos, fundos e agências de risco estrangeiros não porque as contas públicas melhoraram, é que o mundo piorou muito. Na comparação com outros países o Brasil parece bem. Mas há dados que afligem. A arrecadação está aumentando mais de 17% e mesmo assim o Brasil está reduzindo o superávit primário e a dívida bruta está em 60%. A dívida líquida só não está aumentando por causa dos truques contábeis como o de registrar como empréstimos o dinheiro transferido para o BNDES. O superávit primário de setembro foi tão gigante quanto falso, mas o governo aproveitou a fantasia e mandou gastar mais. A receita é falsa, o gasto é real.
Números marretados são ótimos para inglês ver, mas não enganam quem vive de olhar os indicadores brasileiros. O crédito está se expandindo fortemente e já está perto de 50% do PIB. Mesmo assim, essa medida de crédito/PIB do Brasil é baixa quando comparada com outros países. Só que com os juros brasileiros o custo do serviço dessa dívida tanto para as famílias quanto para as empresas é muito mais alto. Nosso horizonte de endividamento é mais curto. As famílias se endividam a 40% ao ano. Isso é muito alto.
O Brasil está melhor do que outros países do mundo e ainda paga juros de 10,75%, por isso tem atraído mais capital estrangeiro; o capital entra derrubando o dólar; o dólar incentiva a importação e aprofunda o déficit em transações correntes. O governo tenta deter a entrada de dólar com aumento do IOF e ameaças de que tem “outras armas” mas não diz quais. Isso apressa novas entradas. O Banco Central compra mais reservas internacionais numa moeda que está perdendo valor em relação às outras e em títulos de dívida de países que não remuneram seu capital. E se endivida a 10,75% ao ano. Está pegando dinheiro no cheque especial para aplicar na poupança. E mesmo com toda essa compra de reservas o dólar cai. Os setores que se sentem ameaçados pelos importados começam a pedir medidas de proteção. Assim, o país vai criando um desajuste atrás de outro.
Parte do déficit externo é causado por aumento de investimentos. Isso é ótimo porque aumentará a capacidade produtiva da economia brasileira. Só que parte desse excesso é para financiar consumo. E aí é que mora o perigo.
O dólar baixo ameaça os produtores locais, que já falam em “desindustrialização”, como a Fiesp, mas é o que tem garantido que a inflação não suba muito. Os preços de alimentos e serviços estão em alta, mas o de produtos impactados pelo dólar estão subindo mais devagar pela queda da moeda americana. O que significa que se o governo tiver sucesso no seu projeto de desvalorizar o real frente à moeda americana, terá um outro problema para resolver: a alta da inflação. O ministro da Fazenda disse que aumento de gasto não é inflacionário. Ele se engana mais uma vez. A inflação não está subindo apenas porque o dólar está baixo e tem puxado para baixo o índice.
Para onde se olhe há circulo vicioso se formando na política econômica, administrada com imperícia e desconhecimento teórico básico. Parte do sucesso atual se deve ao fato de que a China crescendo está comprando mais e elevando preços de commodities que o Brasil exporta. Não fosse isso, o rombo nas contas externas seria maior. Só que parte do crescimento da China se deve às exportações turbinadas por um yuan com preço artificialmente baixo.
A torcida é para que este governo e o próximo a ser eleito consigam ver os riscos que estão se formando. Quando forem desarmados os palanques talvez seja possível admitir a existência dos desequilíbrios. Mas isso, quando novembro vier.


Mirian Leitão 

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Pensamento


“Qualquer tolo pode pintar um quadro, mas só um gênio consegue vendê-lo”.
 Samuel Butler

Um convite à reflexão...


Profa. Martha de Freitas Pannunzio

Eu tenho bronca do  presidente, sim. Antes não tinha. Achava-o apenas sujo, mal lavado, ignorante, boçal, troglodita, inconveniente, atrevido, insolente, mentiroso etc. etc. etc., porém eu punha estas arestas na conta de sua biografia  e mudava de canal. Não conseguia compreender como nem por quê a CNBB, a OAB e uma parte da imprensa incensavam aquela pessoa e a transformavam num mito.

Quando estourou o caso LURIAN eu acrescentei no meu caderninho: irresponsável. Um dia Leonel Brizola, derrotado no primeiro turno de uma eleição presidencial, em face da ameaça da eleição de Collor, preconizou o voto útil e mandou que a militância do PDT tapasse o nariz e votasse no sapo barbudo. Eu era presidente do PDT de Uberlândia e admirava Brizola,  mas não consegui atender ao seu pedido. A caricatura do sapo barbudo ficou para sempre desenhada no seu portfolio político. Indelével. Num País de grande oradores políticos, aquele exaltado cidadão era apenas um ator da comédia bufa que sabia de cor  duas ou três frases de efeito.

 A informação “aposentado por invalidez” por causa do dedo mindinho sempre me pareceu intriga da direita e eu nunca a apurei. Apenas anotei no meu caderninho, mais uma vez, o fato curioso de ele estar sempre desocupado. Eu havia repassado 300 alunos por dia, dobrando turno na escola estadual de MG, durante 32 anos, para chegar a uma aposentadoria menor do que um salário mínimo. De onde saíra aquele Messias fabricado?

O tempo não só confirmou o que eu pensava como, infelizmente, acrescentou outras considerações desabonadoras. Investido do cargo e dos poderes inerentes e decorrentes do cargo, ele botou as unhas de fora e se revelou por inteiro. Lerdo, esquecido, cego, mudo, mal acompanhado, arrogante, intrometido, globe-trotter contumaz e exigente, inconveniente, inoportuno, desrespeitoso, metido a engraçado, mal assessorado nos assuntos internos e externos, ele foi dizendo patacoadas que caíram na alma da gigantesca camada de brasileiros e brasileiras pobres de grana e pobres de espírito. Estes cidadãos, das camadas de E a Z, se contentaram com cestas, bolsas, vales, tíquetes, esmolas, enfeitadas com bandeiras, marchas messiânicas, quebra-quebra, invasões, saques, desordem generalizada. O cargo lhe deu imunidade e impunidade e ele, generoso, repassou estes benefícios aos desordeiros e aos amigos mais próximos.
 
Estamos vivendo tempos modernos, preocupantes. Nos últimos cinco anos eu, que não sou ninguém no contexto nacional, viúva, acumulo treze BOs  (Boletins de Ocorrência Policial ) com registro de assaltos a mão armada e grandes prejuízos materiais na minha pequena fazenda em Uberlândia, onde resido. Pago/jogo fora, mais de 50% do movimento da minha atividade, para cumprir as exigências da escorchante carga tributária do atual governo. Eu era classe média, agora não sei mais o que sou. E, o que é pior, não tenho sossego para viver nem trabalhar. Nem eu nem meus companheiros de atividade agropecuária. Em nome da reforma agrária uma grande baderna tomou conta da zona rural e ensejou a formação de gangues intocáveis, mantidas com rubricas polpudas de dinheiro público. O documento cartorial de propriedade privada perdeu a validade. O governo inventou índices inatingíveis de produtividade para configurar a improdutividade da terra e justificar o vandalismo dos seus apaniguados. E deixou a abóbora alastrar.
 
A corte da saparia coacha alto, voa pelo mundo numa suntuosa aeronave presidencial, mete a colher de pau onde não foi chamada, conta piada, faz sucesso no exterior, entretanto não sabe qual é o estoque regulador de alimentos de que dispomos. Não é capaz de mapear a produção. Não nos garante preço mínimo. Não cuida das estradas nem dos portos e aeroportos e vende mal nossas super safras de tudo, nossos minérios, nossos  quilowatts de energia hidrelétrica limpa e não renovável.
 
Nos últimos anos o Brasil conheceu a desesperadora realidade do desemprego. Chegamos a crescer abaixo de ZERO. Quem estava empregado, caiu na informalidade. As estradas estão repletas de acampamentos de sem-terra. Invadem à-toa, apenas para vender aquele chão que nada lhes custou e depois invadir outra propriedade, para vendê-la também.

É a Imobiliária MST-MLST, especialista em assentamento improdutivo, parceira e tutelada pelo INCRA desde a primeira invasão. São párias sociais, abandonados. Sem agrônomos, sem sementes, sem mandalas, sem carteira assinada, sem financiamento, vivendo de bicos e de pequenos delitos na vizinhança. Nas horas vagas engrossando o contingente de invasores em novas propriedades. Eu nunca ouvi o presidente dizer uma palavra a respeito desta conflagração nacional.
 
Neste momento a carteira de trabalho se tornou dispensável no Brasil, sabe por quê? Porque o emprego estável prejudica o recebimento da bolsa-esmola. O presidente milagroso catapultou 34 milhões (?) de miseráveis e, com dez quilos de arroz e um quilo de fubá, os instalou na classe média. Agora a candidata chapa-branca promete erradicar o restante da pobreza em quatro anos. É um delírio! 
 
São oito anos de caos moral e ético no País. Nada completamente novo, que o Brasil nunca tivesse praticado. Aliás nossa história política tem raros momentos de decência e escassos cidadãos ilibados. O fato novo é a escancarada intervenção do presidente em defesa de sua gangue, vociferando contra a imprensa, a justiça, o congresso, a Constituição, a sociedade civil organizada. E agora, no apagar das luzes, ei-lo travestido de garoto-propaganda em tempo integral, usando com naturalidade todos os mecanismos do governo para empurrar goela abaixo uma candidata que não tem luz própria, nem é petista, que ouviu a galinha cantar, mas não sabe cadê o ovo. Uma gordinha inimiga das instituições desde quando era de-menor.  

Uma campanha messiânica começa a rotular a pupila do Sr. Presidente com o codinome de MÃE. Aí já é demais! O desconfiômetro deles pulou a janela e virou a esquina. Nem daqui a 50 anos o Brasil conseguirá limpar da alma do nosso povo esta nódoa maligna de conformismo raivoso e vingativo que o sapo barbudo impingiu na alma das camadas E a Z. Alguém deles leu O PRÍNCIPE, de Maquiavel. Com certeza. 
 
Antes havia pobres por aqui. Milhares. Miseráveis. Porém eles aspiravam a uma superação pessoal. Hoje eles se acomodaram, cruzaram os braços. Esperam que tudo lhes caia do céu. As cotas universitárias revitalizaram o apartheid. Ao invés de injetar recurso no ensino público, a máquina de sedução que vira voto criou o PRO UNI e fez proliferar as faculdades medíocres. Num país sem planejamento familiar, a juventude superlota os presídios.  

A guerra fratricida faz trincheira em cada esquina. A classe A levanta as muralhas de seus condomínios fechados. A classe média paga imposto deduzido na fonte, tem plano de saúde e previdência privada. Viver ficou perigoso demais. Caro demais. O resto são 70% de brasileiros e brasileiras ingênuos que caíram no mais moderno conto do vigário: o do marketing político institucional. A estes lhes bastam, hoje, como na Roma Antiga, migalhas de pão e algum futebol, já que o  circo também morreu.
 
Brizola jamais poderia suspeitar que ele faria do caçador de marajás seu líder no senado. Que o tesouro nacional acumularia montanhas de dólares obtidos de alíquotas e das taxas de juros mais altas do mundo. Hoje eles se acomodaram e a rede bancária, nacional e internacional, está no paraíso. A poupança rende 0,65%  e os  cartões de crédito chegam a cobrar 12% ao mês, o que dá nada menos de 389,59% ao ano...Quanto menor a renda do financiado, maior o percentual de juros cobrados. O acesso da classe mais baixa ao crédito, portanto, só fez  aumentar os lucros fabulosos das financeiras, administradoras de crédito e demais sócios do clube da agiotagem consentida pelo poderoso goiano Meireles e seu Banco Central. 
 
Cinqüenta anos para consertar esta mentira política talvez não sejam suficientes. Por tudo isto é que no dia 31 de outubro temos que comparecer em nossa sessão eleitoral e dizer um rotundo NÃO ao sapo barbudo. Se não for para ganhar a eleição, que seja para saber com certeza quantos somos, nós, que não perdemos a lucidez nem caímos no conto do vigário apregoado por um sapo que virou príncipe e que, de dentro do seu palácio e da sua nave espacial ultra sofisticada, fez, despudoradamente, dia após dia durante oito anos, o ELOGIO DA VAGABUNDAGEM.
 
Martha de Freitas Azevedo Pannunzio – CPF 394172806-78 - Uberlândia, 30/set../2010    








 

 













quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Carta para o Chico Buarque

"Chico, você foi, é e será sempre meu herói. Pelo que você foi pelo que você é e pelo que creio que continuará sendo. Por isso mesmo, ao ver você declarar que vai votar na Dilma “por falta de opção”, tomei a liberdade de lhe apresentar o que, na opinião do seu mais devoto e incondicional admirador, pode ser uma opção.
Eu também votei no Lula contra o Collor. Tanto pelo que representava o Lula como pelo que representava o Collor. Eu também acreditava no Lula. E até aprendi várias coisas com ele, como citar ditos da mãe. Minha mãe costumava lembrar a piada do bêbado que contava como se tinha machucado tanto. Cambaleante, ele explicava: “Eu vi dois touros e duas árvores, os que eram e os que não eram. Corri e subi na árvore que não era aí veio o touro que era e me pegou.” Acho que nós votamos no Lula que não era aí veio o Lula que era e nos pegou.

Chico,
meu mestre, acho que nós, na nossa idade, fizemos a nossa parte. Se a fizemos bem feita ou mal feita, já é uma outra história. Quando a fizemos, acreditávamos que era a correta. Mas desconfio que nossa geração não foi tão bem-sucedida, afinal. Menos em função dos valores que temos defendido e mais em razão dos resultados que temos obtido. Creio que hoje nossa principal função será a de disseminar a mensagem adequada aos jovens que vão gerenciar o mundo a partir de agora. Eles que façam mais e melhor do que fizemos, principalmente porque o que deixamos para eles não foi grande coisa. Deixamos um governo que tem o cinismo de olimpicamente perdoar os “companheiros que erraram” quando a corrupção é descoberta.

Desculpe, senhor, acho que não entendi. Como é mesmo? Erraram? Ora, Chico. O erro é uma falha acidental, involuntária, uma tentativa frustrada ou malsucedida de acertar. Podemos dizer que errou o Parreira na estratégia de jogo, que erramos nós ao votarmos no Lula,
mas não que tenham errado os zésdirceus, os marcosvalérios, os genoinos, dudas, gushikens, waldomiros, delúbios, paloccis, okamottos, adalbertos das cuecas, lulinhas, beneditasdasilva, burattis, professoresluizinhos, silvinhos, joãopaulocunhas, berzoinis, hamiltonlacerdas, lorenzettis, bargas, expeditovelosos, vedoins, freuds e mais uma centena de exemplares dessa espécie tão abundante,desafortunadamente tão preservada do risco de extinção por seu tratador. Esses não erraram. Cometeram crimes. Não são desatentos ou equivocados. São criminosos. Não merecem carinho e consolo, merecem cadeia.
Obviamente, não perguntarei se você se lembra da ditadura militar. Mas perguntarei se você não tem uma sensação de déjà vu nos rompantes de nosso presidente, na prepotência dos companheiros, na irritação com a imprensa quando a notícia não é a favor. Não é exagero, pergunte ao Larry Rother do New York Times, que, a propósito, não havia publicado nenhuma mentira. Nem mesmo o Bush, com sua peculiar e texana soberba, tem ousado ameaçar jornalistas por publicarem o que quer que seja. Pergunte ao Michael Moore. E olhe que, no caso do Bush, fazem mais que simples e despretensiosas alusões aos seus hábitos ou preferências alcoólicas no happy hour do expediente.

Mas devo concordar plenamente com o Lula ao menos numa questão em especial: quando acusa a elite de ameaçá-lo, ele tem razão. Explica o Aurélio Buarque de Hollanda
, seu tio, que elite, do francês élite, significa “o que há de melhor em uma sociedade, minoria prestigiada, constituída pelos indivíduos mais aptos”. Poxa! Na mosca. Ele sabe que seus inimigos são as pessoas do povo mais informadas, com capacidade de análise, com condições de avaliar a eficiência e honestidade de suas ações. E não seria a primeira vez que essa mesma elite faz esse serviço. Essa elite lutou pela independência do Brasil, pela República, pelo fim da ditadura, pelas diretas-já, pela defenestração do Collor e até mesmo para tirar o Lula das grades da ditadura em 1980, onde passou 31 dias. Mas ela é a inimiga de hoje. E eu acho que é justamente aí que nós entramos.

Nós, que neste país tivemos o privilégio de aprender a ler, de comer diariamente, de ter pais dispostos a se sacrificar para que pudéssemos ser capazes de pensar com independência, como é próprio das elites - o que, a propósito, não considero uma ofensa -, não deveríamos deixar como herança para os mais jovens presentes de grego como Lula, Chávez, Evo Morales, Fidel - herói do Lula, que fuzila os insatisfeitos que tentam desesperadamente escapar de sua “democracia”. Nossa herança deveria ser a experiência que acumulamos como justo castigo por admitirmos passivamente ser
governados pelo Lula, pelo Chávez, pelo Evo e pelo Fidel, juntamente com a sabedoria de poder fazer dessa experiência um antídoto para esse globalizado veneno. Nossa melhor herança será o sinal que deixaremos para quem vem depois, um claro sinal de que permanentemente apoiaremos a ética e a honestidade e repudiaremos o contrário disto. Da mesma forma que elegemos o bom, destronamos o ruim, mesmo que o bom e o ruim sejam representados pela mesma pessoa em tempos distintos.

Assim como o maior mal que a inflação causa é o da supressão da referência dos parâmetros do valor material das coisas, o maior mal que a impunidade causa é o da perda de referência dos parâmetros de justiça social.
Aceitar passivamente a livre ação do desonesto é ser cúmplice do bandido, condenando a vítima a pagar pelo malfeito. Temos opção. A opção é destronar o ruim. Se o oposto será bom, veremos depois. Se o oposto tampouco servir, também o destronaremos. A nossa tolerância zero contra a sacanagem evitará que as passagens importantes de nossa História, nesse sanatório geral, terminem por desbotarem na memória de nossas novas gerações.

Aí, sim, Chico
, acho que cada paralelepípedo da velha cidade, no dia 3 de outubro, vai se arrepiar.

Seu admirador número 1,
Zé Danon
José Danon é economista e
consultor de empresas

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

De onde vem os políticos ...

Que o brasileiro gosta de reclamar, isto já é velho. Quando chega em época de eleição, todos os políticos não prestam ... por definição. Mas aí, brasileiro esperto como é vota em Tiririca, Wagner Montes, Agnaldo Timóteo, Romario, e outros menos conhecidos, nem por isso mais brilhantes. 


No dia a dia, saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas, estaciona em locais proibidos, suborna ou tenta suborna, troca voto, fala ao celular enquanto dirige, trafega pelo acostamento, dirige após consumir bebidas alcoólicas, espalha mesas e churrasqueiras nas calçadas, faz "gato" de luz, água e TV a cabo, registra imóvel abaixo do valor  comprado para pagar menos imposto, estaciona em vagas de deficientes, se apropria de remédios em postos de saúde levando para a sua clinica particular, leva a merenda dos alunos para casa com a maior naturalidade, faz caixa 2 na sua empresa entre muitas outras coisas. E depois reclama!! Reclamar de quê? Dos políticos? Ora, e de onde saíram estes políticos? De nosso meio. Então, não tem que reclamar, tem é que melhorar como pessoa, como cidadão. O dia que a sociedade for melhor como um todo, os corruptos no congresso serão exceção e não regra. Quando isto acontecer, não estaremos mais votando em pessoas mas em idéias. 

Turista por um dia, na própria cidade

Conhecer a cidade em que se vive é mais que uma obrigação, em se tratando do Rio de Janeiro, é um prazer. Fundado há pouco mais de uma no, o Rios de História oferece tours dentro e fora do Rio de Janeiro com alguns diferenciais: seus funcionários são historiadores. Isso se traduz em programas que são verdadeiras aulas de história contadas de uma maneira descontraída e recheado de fatos curiosos.


Rios de História: Resevas 21-32834583 / 21-97158502 / 21-91771072
                          e-mail riosdehistoria@gmail.com

Popular, sim. Grande, não!!


Bolinha de papel, rolo de fita crepe, pano de bandeira, chumaço de algodão - nada pode ser usado de forma hostil para atingir alguém sob pena de tal ato configurar uma agressão.
O que militantes do PT foram fazer no calçadão de Campo Grande, no Rio de Janeiro, quando o candidato José Serra (PSDB) esteve por lá na tarde da última quarta-feira em busca de votos?
Não foram saudá-lo democraticamente. A tal ponto de civilidade não chegaremos tão cedo.
Aos berros, munidos de bandeiras e dispostos a tudo, tentaram impedir que o candidato e seus correligionários exercessem o direito de ir e de vir, e também o de se manifestar, ambos assegurados pela Constituição.
O PT tem uma longa e suja folha corrida marcada por esse tipo de comportamento violento, autoritário e reprovável, que deita sólidas raízes em suas origens sindicais.
A força bruta foi empregada muitas vezes para garantir a ocupação ou o esvaziamento de fábricas. E também para se contrapor à força bruta aplicada pelo regime militar na época em que o PT era apenas uma generosa idéia.
Para chegar ao poder, o PT sentiu-se obrigado a ficar parecido com os demais partidos – para o bem ou para o mal. Mas parte de sua militância e dos seus líderes não abdicou até hoje de métodos e de práticas que forjaram sua personalidade. É uma pena. E um sinal de atraso.
Uma vez no poder, vale tudo para permanecer ali.
Vale o presidente da República escolher sozinho a candidata do seu partido.
Vale ignorar a Constituição e deflagrar a campanha antes da data prevista.
Vale debochar da Justiça.
Vale socorrer-se sem pudor da máquina pública para fins que contrariam as leis.
Vale intimidar a Polícia Federal para que retarde investigações que possam lhe causar embaraços. E vale orientá-la para que vaze informações manipuladas capazes de provocar danos pesados a adversários.
No ocaso do primeiro turno, pouco antes de Dilma se enrolar na bandeira nacional e posar para a capa de uma revista como presidente eleita, a soberba de Lula extrapolou todos os limites.
Ele foi a Juiz de Fora e advertiu os mineiros: seria melhor para eles elegerem um governador do mesmo grupo político de Dilma.
Foi a Santa Catarina e pregou irado a pura e simples extirpação do DEM.
Foi a São Paulo, investiu contra a imprensa e proclamou com os olhos injetados: "A opinião pública somos nós".
O mais sabujo dos auxiliares de Lula reconhece sob o anonimato que o ataque de fúria do seu chefe contribuiu para forçar a realização do segundo turno.
Não haverá terceiro turno.
Se desta vez as pesquisas estiverem menos erradas, Dilma deverá se eleger no próximo domingo – e até com uma certa folga.
Mas a eleição ainda não acabou, meus senhores. A história está repleta de casos onde um passo em falso, um gesto impensado ou uma surpresa põe tudo a perder.
O que disse Lula a respeito do episódio do Rio protagonizado por Serra e por militantes do PT só confirma uma vez mais o quanto ele é menor - muito menor - do que a cadeira que ocupa há quase oito anos.
Lula foi sarcástico quando deveria ter sido solidário com Serra, de resto seu amigo de longa data.
Foi tolerante e cúmplice da desordem quando deveria tê-la condenado com veemência.
Foi cabo eleitoral de Dilma quando deveria ter sido presidente da República no exercício pleno da função.
Sua popularidade poderá seguir batendo novos recordes -e daí? Não é disso que se trata.
Popularidade é uma coisa passageira. Grandeza, não. É algo perene. Que sobrevive à morte de quem a ostentou.
Tiririca é popular. Nem por isso deve passar à História como um político de grandeza.
No seu tempo, Fernando Collor e José Sarney, aliados de Lula, desfrutaram de curtos períodos de intensa popularidade. Tancredo Neves foi grande, popular, não.
Grandeza tem a ver com caráter, nobreza de ânimo, sentimento, generosidade. Tudo o que falta a Lula desde que decidiu eleger Dilma a qualquer preço.


Noblat - blog do Noblat - 25/10/2010

Teoria de 1931

Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes, mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira.

Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo'.

O professor então disse: "Ok, vamos fazer um experimento socialista nesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas nas provas."

Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas'. Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém seria reprovado. Isso também quis dizer, claro, que ninguém receberia um "A"...

Depois que a média das primeiras provas foi tirada, todos receberam "B". Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.

Quando a segunda prova foi aplicada, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma. Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do trem da alegria das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos. Como um resultado, a segunda média das provas foi "D".

Ninguém gostou.

Depois da terceira prova, a média geral foi um "F".

As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe. A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma. No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala.

Portanto, todos os alunos repetiram o ano... para sua total surpresa.

O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes.

Preguiça e mágoas foi seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.

"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós. Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros sem seu consentimento para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade. Cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber. O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.

"Quando metade da população entende a ideia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la, e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Adrian Rogers, 1931

sábado, 23 de outubro de 2010

Petrópolis e seus arredores

Costeletas de cordeiro em crosta de gergelim do restaurante Leopoldina, no Solar do Império/ Foto: Bruno Agostini
PETRÓPOLIS - Sem trânsito, da Linha Vermelha até o alto da serra de Petrópolis o motorista não leva mais do que uma hora. É uma escapada perfeita para um fim de semana. O programa pode ser feito por casais, famílias ou grupos de amigos. Para fugir do engarrafamento de sexta-feira vale tentar sair do Rio um pouco mais cedo, até as 16h, ou mais tarde, depois das 20h30m. Na primeira noite na serra, o ideal é descansar da estrada e curtir o restaurante da pousada. E o que não falta em Petrópolis e arredores é pousada com bom restaurante. Tem a Locanda della Mimosa, o Parador Santarém Marina (agora também com cardápio de Danio Braga), a Tankamana, a Les Roches, o Solar do Império, a Fazenda das Videiras, o Solar Fazenda do Cedro, a Fazenda Quinta do Lago, a Tambos los Incas, a Alcobaça... Todas pousadas charmosas e com boa mesa.


O Museu Imperial tem um dos mais importantes acervos históricos do Brasil, e nos fins de semana está sempre cheio. Mas se você começar a manhã de sábado por lá, dá para evitar a multidão. A melhor hora para se visitar a antiga residência de serra dos monarcas brasileiros é logo quando as portas da mansão rosada se abrem, às 11h. Assim, com menos gente e quase nenhuma excursão, fica mais fácil apreciar a valiosa coleção que inclui móveis, obras de arte, instrumentos musicais, louças, fotografias e toda a sorte de objetos relacionados ao período do reinado dos Orleans e Bragança. No rico acervo merecem destaque móveis como os berços dos príncipes, um lindo baú chinês e o cetro e as duas coroas imperiais, uma delas sem as pedras preciosas, incrustadas na segunda.
Museu Imperial: casarão fica lotado nos fins de semana/ Foto: Bruno Agostini
Depois do museu, para abrir o apetite, basta caminhar um pouquinho, margeando o Rio Piabanha, até a Catedral de São Pedro de Alcântara, em estilo gótico. No interior estão os restos mortais de Dom Pedro II e Teresa Cristina e da Princesa Isabel e do Conde d'Eu. Vale reparar nos vitrais e no órgão imponente. Quem tiver tempo e disposição pode subir até o alto da torre, de onde se tem uma vista privilegiada da Avenida Koeler, ladeada por mansões como o Palácio Rio Negro, antiga residência de verão do presidente da República, muito frequentada por Getúlio Vargas.

Ainda no Centro histórico, na esquina da Avenida Koeler com a Praça Ruy Barbosa, também chamada Praça da liberdade, fica o Hotel Solar do Império, que revigorou a região ao abrir as portas há cerca de cinco anos. Ocupando um imenso terreno com duas antigas construções do século XIX, de 1875 e 1893, é a melhor pedida para um almoço no Centro de Petrópolis. Pratos de bacalhau e cordeiro estão entre as especialidades do cardápio que mescla influências brasileiras e portuguesas.
A chef Claudia Mascarenhas no restaurante Leopoldina, no Solar do Império: hotel mudou a cara do Centro/ Foto: Bruno Agostini
No próximo dia 6 acontece mais uma edição da série "Encontros com o sabor", um ciclo com várias atividades relacionadas a gastronomia. Desta vez o tema será o arroz. Haverá palestra da chef Mari Hirata, exposição de fotos de Sergio Pagano e workshops com jovens chefs. Além disso entra em cartaz um menu especial com receitas de arroz que vai até o fim do verão.

- O bolinho de arroz de coco com recheio de bobó de camarão e cobertura de macarrão de arroz frito foi inspirado na receita do bolinho de feijoada do Aconchego Carioca - conta a chef Claudia Mascarenhas, criadora do acepipe e responsável pelo cardápio do restaurante Leopoldina, que funciona no hotel.
Depois do almoço sem pressa, que pode terminar com um charuto nos jardins, vale continuar o tour histórico passeando até a Casa de Santos Dumont e o Palácio de Cristal.
Neste curto roteiro de fim de semana na serra reservamos a noite de sábado, como convém, para o "jantar de gala". Selecionamos cinco dos melhores restaurantes da região para você escolher um deles.
A Locanda della Mimosa continua imbatível em termos de alta gastronomia. O melhor restaurante da serra fluminense está também entre os melhores do Brasil. Ainda mais agora, que o chef Danio Braga acaba de voltar da Itália trazendo as trufas brancas de Alba.
Stracotto ao molho de vinho tinto na Locanda della Mimosa/ Foto: Bruno Agostini Shitake com figo em calda, mel e brie no Duetto: boa novidade gastronômica/ Foto: Bruno Agostini Mignon de cordeiro com ervas e purê de batata-baroa do Barão/ Foto: Bruno Agostini
- Vamos fazer o nosso tradicional festival no fim de novembro, provavelmente entre os dias 25 e 28 - adianta o chef.

Outra cozinha de exceção é a comandada pelo chef Barão, com passagens por alguns dos restaurantes mais premiados do país, como a própria Locanda, o Olympe e o Le Pré Catelan.
- Minha cozinha é baseada em receitas com carnes de caça, sempre preparadas com ingredientes frescos. Até o fim do ano vou trazer para o Brasil algumas novidades, como o castor e o canguru - conta Alessandro Soares Vieira, o chef Barão, que trabalha em uma das cozinhas mais bonitas da serra, toda aberta para o salão, com temperinhos à mostra.
Ele não tem cardápio fixo em seu restaurante, e é importante fazer reserva.
- Sirvo menus de três a 14 pratos - diz o cozinheiro que revela talento no preparo de receitas com carnes como paca, javali, cordeiro, capivara, búfalo, avestruz, ganso, pato e coelho, entre outros bichos, "todos certificados pelo Ibama", como gosta de lembrar o chef.
Jerez fino com jamón serrano no Parador Valência, restaurante espanhol em Itaipava/ Foto: Bruno Agostini
Outro endereço que é garantia de felicidade à mesa é o Parador Valência, pilotado pelo chef Paquito, craque no preparo de receitas espanholas, com uma boa variedade de tapas e paellas, além de um famoso cochinillo segoviano que deve ser encomendado de véspera. Já para um jantar romântico, boa pedida é o restaurante Duetto, a melhor novidade gastronômica nos últimos tempos em Petrópolis. O cardápio tem inspiração italiana, com uma boa seleção de massas frescas e risotos.

Quem estiver hospedado em Araras, ou não se importar em fazer uma jornada de 30 quilômetros a partir de Itaipava, deve considerar um jantar na Fazenda das Videiras, uma pousada totalmente dedicada ao vinho, com cardápio centrado na cozinha clássica francesa e uma bela seleção de garrafas.
Domingo entre cavalos e escargots
Solar Fazenda do Cedro/ Foto: Bruno Agostini
Se a noite de sábado foi dedicada à alta gastronomia em ótimos restaurantes, no domingo a nossa proposta é um programa rural ou ecológico. Petrópolis apresenta alguns circuitos muito interessantes para um domingo na roça antes da volta para o caos urbano. Um dos passeios possíveis é percorrer de carro as estradas de terra do Circuito Caminhos do Brejal, com acesso a partir da localidade da Posse, que fica depois de Itaipava.

Este ano, em abril, aconteceu a primeira edição do Circuito de Gastronomia Rural do Brejal, que envolveu diversos desses produtores. Mas mesmo sem um programa organizado, que ficamos torcendo para que se repita em 2011, dá para visitar várias propriedades que produzem escargots e trutas, por exemplo. A Provence agrega um pouco de tudo: é pousada, restaurante e produtor de ervas finas, que são usadas no cardápio da casa e também na produção de conservas com mel, mostarda e outras. O restaurante que andou fechado voltou a funcionar nos fins de semana.

Na Escargots Invernada os caracóis criados ali mesmo podem ser comprados in natura ou já preparados à la bourguignonne, com manteiga de ervas e alho. Quem quiser ainda pode aprender a receita.
Também fazem sucesso com os turistas que visitam a região as Trutas do Firmeza, produzidas e preparadas no próprio local, na chamada "barraca", uma construção simples, aberta apenas nos fins de semana e feriados, onde são servidos petiscos preparados com o peixe. O pastel de truta, sozinho, já justifica a visita. Para os que estão com crianças o Clube de Pesca e Pousada Três Vales tem uma boa estrutura, com parquinho, trilhas e cachoeiras, além da atividade principal, lançar anzóis para fisgar um peixe.
Para os que gostam de andar a cavalo o melhor destino na manhã de domingo é o Vale do Cuiabá, onde está localizado o Haras Analu, que tem criação da raça campolina, boa para os que não têm experiência. O haras organiza passeios para até 12 pessoas com duração entre uma hora e meia e quatro horas. Crianças a partir dos 7 anos podem participar de trilhas moderadas.
Outra região petropolitana perfeita para se entregar aos prazeres da roça é o Vale das Videiras, com vários haras, sítios e fazendas abertas aos visitantes. É possível acompanhar a produção de mel, geleias, cogumelos e queijos. Em todos os casos, se você fizer questão de conhecer um produtor específico, o melhor é ligar antes e marcar.
Em Corrêas, o universo rural dá lugar ao ecoturismo e aos esportes radicais. Além de estar ali a sede petropolitana do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, abriga o Campo de Aventuras com diversas atividades com rapel, tirolesa e arvorismo. No lugar também é possível fazer cursos de escalada.
Trutas e cogumelos antes de voltar
Ceviche com peixe fresco na Trutas do Rocio
Para quem vai pegar estrada de volta em direção ao Rio, a melhor parada para uma refeição de despedida das montanhas é no Rocio, já quase na boca da serra. Há pelo menos três bons endereços para aquele almoço tardio de domingo. Com o horário de verão em vigor é possível até se sentar à mesa só lá pelas 17h e ainda assim viajar com o dia claro de volta para casa.

Quem vai com crianças encontra nas Trutas do Rocio uma ótima pedida de programa vespertino. O restaurante funciona numa casinha rústica e charmosa, no meio da floresta e rodeada por alguns tanques cheios de truta, que vão direto para cozinha em um cardápio enxuto, mas com receitas diferentes do habitual, como o bolinho de aipim com truta defumada e o ceviche.
No Funghi d'Oro a proposta é semelhante. A especialidade principal do cardápio é cultivada no próprio sítio: são cogumelos os mais diversos, que aparecem até nas sobremesas, como uma mousse de chocolate com shitake. Ao entrar na casinha rústica do restaurante uma bancada de madeira exibe os tipos de funghi disponíveis no dia, ainda presos à madeira na qual eles crescem. Mas não há só receitas com os fungos. Tem creme de abóbora com carne-seca, lasanha de chouriço, ravióli de siri e camarão, costeleta de cordeiro com cuscuz marroquino... e mais umas 15 ou 20 receitas com os cogumelos.
Restaurante Funghi D'oro, no Rocio


E o Rocio, ainda um segredinho conhecido só pelos apreciadores da boa mesa que frequentam Petrópolis, ainda guarda pelo menos mais um bom endereço para encerrarmos a nossa escapada de fim de semana: o Quiosque é um pequeno restaurante no meio do verde serrano, com direito a barulhinho de água e muitos passarinhos a cantar. O cardápio, embora enxuto, consegue ser bem variado, com boa seleção de receitas de caças, como javali e pato.


Pousadas para gourmets, famílias e casais


Pousada Tankamana
Tão difícil quanto escolher um entre os bons restaurantes de Petrópolis é decidir em que pousada ficar. São muitas as (boas) possibilidades. Para os que apreciam o vinho e a boa gastronomia as melhores pedidas são a Fazenda das Videiras, em Araras, e a Locanda della Mimosa, no Vale Feliz, a um curto desvio da BR-040, que segue para Juiz de Fora.

Agora que o chef Danio Braga, da Locanda della Mimosa, assumiu o direção do restaurante do Parador Santarém Marina, em Itaipava, este também entra na lista, servindo pratos com DNA italiano. O hotel é dos melhores da região para pais e filhos, porque tem atrações para a petizada, como pescaria, minigolfe e brinquedoteca, mas sem perder um certo romantismo de pousada serrana.
O Bomtempo Raquete & Resort, ainda em Itaipava, também agrada adultos e crianças, especialmente adeptos do tênis. O Solar Fazenda do Cedro, em Pedro do Rio, e a Fazenda $do Lago, em Itaipava, são outras boas pedidas para as famílias que viajam com crianças, com ótima estrutura de lazer para os pequenos.
Para casais, a Tankamana, com seu conceito eco-rústico-chique, é a mais sedutora de todas, seguida de perto pela Les Roches, sua quase vizinha. Já a Tambo los Incas tem uma proposta diferente: é um pequeno museu dedicado ao Peru, com um restaurante de boa comida - o coelho é a especialidade - em uma das propriedades mais agradáveis da serra. Todas as três estão no Vale do Cuiabá.
PASSEIOS
Museu Imperial: Rua da Imperatriz 220, Centro. Tel. (24) 2245-5550. O ingressos custam R$ 8. www.museuimperial.gov.br
Campo de Aventuras: Estrada do Bonfim 3.511, Corrêas. Tel. (24) 2236-0003. www.campodeaventuras paraisoacu.com.br
Clube de Pesca e Pousada Três Vales: Estrada Silveira da Mota km 10,5, Posse. Tel. (24) 2224-5406. www.3vales.com.br
Haras Analu: Estrada Ministro Salgado Filho 5.230, Vale do Cuiabá. Tel. (24) 2222-9666. www.cavalgadaecologica.com.br
RESTAURANTES E POUSADAS
Restaurante Leopoldina: Hotel Solar do Império, Av. Koeler 376, Centro. Tel. (24) 2103-3000. www.solardoimperio.com.br
Locanda della Mimosa: Alameda das Mimosas 30, Vale Florido. Tel. (24) 2233-5405. www.locanda.com.br
Barão Gastronomia: Estrada União e Indústria 13.581, Itaipava. Tel. (24) 2222-2669. www.baraogastronomia.com.br
Parador Valência: Rua Celita de Oliveira Amaral 189, Itaipava. Tel. (24) 2222-1250. www.valencia.com.br
Duetto: Quinta do Lago, BR-040 Km 67.
Fazenda das Videiras: Estrada Araras-Vale das Videiras 6.000. Tel. (24) 2225-8090 www.videiras.com.br
Escargots Invernada: Tel. (24) 2259-2539. www.invernada.com.br
Provence: Estrada Arnaldo Dyckerhoff 911, Brejal, Posse. Tel. (24) 2259-2044. www.provence.com.br
Trutas do Firmeza: Estrada da Cachumbas s/n, Cruzeiro. Tel. (24) 2222-1604.
Funghi d'Oro: Estrada Caminho do Imperador 1.333, Rocio. Tel. (24) 2291-5682. www.funghidoro.com.br
O Quiosque: Estrada do Rocio 3.501, Rocio. Tel. (24) 2291-5629.
Trutas do Rocio: Estrada da Vargem Grande 6.333, Rocio. Tel. (24) 2291-5623. www.trutas.com.br
Bomtempo Raquete & Resort: Estrada da Cachoeira 400, Santa Mônica, Itaipava. Tel. (24) 2222-9922. www.bomtemporesort.com.br
Fazenda Quinta do Lago: BR-040 km 67, Itaipava. Tel. (24) 2225-5005. hotelfazendaquinta dolago.com.br
Les Roches: Estrada Ministro Salgado Filho 5301, Vale do Cuiabá. Tel. (24) 2201-9091. www.pousadalesroches.com.br
Parador Santarém Marina: Estrada Correa da Veiga 96, Santa Mônica, Itaipava. Tel. (24) 2222-9933. www.paradorsantarem.com.br
Solar Fazenda do Cedro: BR-040 km 45, Pedro do Rio, Areal. Tel. (24) 2223-3618. www.fazendadocedro.com.br
Tambo los Incas: Estrada Ministro Salgado Filho 2.761, Vale do Cuiabá, Itaipava. Tel. (24) 2222-5666. www.tambolosincas.com.br

Tankamana: Estrada Julio Capua s/n, Vale do Cuiabá, Itaipava. Tel. (24) 2232-2900. www.pousadatankamana.com.br

À deriva...


É o que dá o Congresso despir-se de suas prerrogativas, a oposição não funcionar, a sociedade se alienar, a universidade se calar, a cultura se acovardar, o Ministério Público se intimidar e a Justiça demorar a decidir: perde-se a referência do que seja certo ou errado.

Chega-se ao ponto de uma testemunha dizer com todos osefes e erres que uma quadrilha de traficantes de influência funciona a partir da Casa Civil da Presidência da República e que a segunda pessoa na hierarquia, substituta da ministra hoje candidata a presidente do Brasil, intermediava contatos mediante o pagamento de R$ 40 mil mensais.

Foi essa quantia que o consultor Rubnei Quícoli disse ao jornal Folha de S. Paulo que o filho e o afilhado da ministra cobraram dele para "apressar" a liberação de recursos do BNDES.

Antes disso, a revista Veja já apresentara outro caso - menos contundente até - de venda de influência na Casa Civil, com a mesma família da mesma Erenice Guerra, até ontem ministra e, na época da transação denunciada agora, secretária executiva e braço direito de Dilma Rousseff.

Se Dilma não sabia quem era Erenice, trabalhando com ela desde o Ministério de Minas e Energia, e se Erenice não sabia o que faziam seus parentes é ainda pior. Duas ineptas a quem se pode enganar facilmente, sendo que uma delas se dispõe a dirigir a República, a fazer escolhas estratégicas e a se responsabilizar por milhares de contratações.

Quando se trata de escândalos é arriscado falar em superlativos. Sempre pode haver um maior e um mais grave no dia seguinte. Mas o governo habitualmente dá um jeito de encerrar o assunto, jogar a sujeira para debaixo do tapete de maneira a tornar tudo banal e absolutamente sem importância diante dos benefícios que recebem os mais pobres, o crédito dos remediados e as benesses dos mais ricos.

Será udenismo, farisaísmo, tucanismo, direitismo ou golpismo considerar grave a Casa Civil - o gabinete mais importante da República depois do presidencial - ser o centro de três escândalos, um pior que o outro, no período de seis anos?

No primeiro, em 2004, descobriu-se que o braço direito do ministro era dado à prática da extorsão; foi filmado pedindo propina a um bicheiro. Waldomiro Diniz foi demitido "a pedido" e nada mais aconteceu.
No segundo, em 2007, descobriu-se que fora produzido na Casa Civil um dossiê com os gastos de Fernando Henrique e Ruth Cardoso para chantagear a oposição na investigação sobre gastos da atual Presidência. Um funcionário de baixo escalão foi devolvido ao "órgão de origem".

Na época, a desfaçatez chegou ao ponto de a então ministra Dilma Rousseff dizer que telefonara para se desculpar com a ex-primeira-dama e que fora uma boa conversa. Ruth, falecida pouco depois, não desmentiu Dilma em público, mas nem houve pedido de desculpas nem a conversa foi cordial.

No terceiro, em 2010, é o que se vê e ouve. Erenice Guerra, era mais do que evidente, precisava sair para preservar a candidatura de Dilma e acalmar a grita. Não fosse a proximidade da eleição, a amiga Erenice continuaria sendo defendida como foi até horas antes de aparecer uma testemunha da tentativa de extorsão e enterrar os argumentos sobre golpes, factoides e armações.

Mesmo que seja verdadeira a inverossímil versão de que ela redigiu uma nota de resposta sem consultar nenhum capa preta do palácio, Erenice apenas seguiu o exemplo que vem de cima e carregou nas tintas eleitorais como tem mandado o figurino.

O governo fez uma conta de custo benefício e, pelo jeito, achou que sairia mais barato afastá-la. De fato, por pior que seja a repercussão e por mais que a demissão evidencie o fundamento das denúncias, a manutenção da acusada no cargo seria injustificável. Haveria três problemas: rebater as acusações, defender a ministra e explicar o que ela ainda estava fazendo na chefia da Casa Civil.

A respeito do impacto eleitoral, assim como no caso das quebras de sigilo na Receita Federal, este é o aspecto menos relevante, embora seja de espantar a indiferença geral. É que a eleição passa, o Brasil continua e toda conta um dia é cobrada.

Dora Kramer - Jornalista - Estadão

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Falsas Verdades

Ficar repondo os fatos é cansativo, mas é inevitável para quem tem por dever de ofício acompanhar o dia a dia da economia brasileira há três décadas. O que o PT tem dito sobre dívida externa brasileira, por exemplo, é falso, mas parece verdade. O governo anterior de fato pegou um empréstimo no FMI, mas 80% dele foram deixados para ser sacados no governo Lula.


A dívida externa deixada pelos militares foi renegociada por Pedro Malan no começo dos anos 90. Durante as crises cambiais, houve novos socorros do Fundo ao Brasil e a todos os países que enfrentaram esses terremotos.


Em 2002, o cenário foi perturbado pela incerteza política sobre o que seria o governo Lula. A dúvida havia sido alimentada pelo próprio então candidato Lula durante todos os anos em que fez propostas econômicas amalucadas, em que ameaçava um arrasa-quarteirão na famosa frase “contra tudo isso que está aí.”


Os detalhes do programa do PT eram ainda piores: não pagamento da dívida externa e interna, ou de uma tal auditoria. Nada disso foi jamais feito, mas naquele momento o governo Fernando Henrique precisou vender títulos indexados ao dólar para o mercado interno e pegar um empréstimo no FMI. Foi esse clima de incerteza que elevou o dólar e por isso a dívida subiu; os investidores tiraram dinheiro do país, as linhas de crédito encurtaram. O objetivo do empréstimo era ter um colchão que permitisse uma transição tranquila para o novo governo.


Na crise de 2008, em poucos meses o dólar subiu de R$ 1,55 para R$ 2,44, as linhas externas de crédito sumiram, o Banco Central precisou oferecer dólares das reservas ao mercado financeiro e empresas foram salvas com empréstimos do BNDES ou Banco do Brasil. Isso poderia ter ensinado ao governo Lula que ventos mudam às vezes, não por culpa do governo. A crise que Lula enfrentou veio de fora, a de FHC naquele final foi motivada pela incerteza da transição.
As autoridades do governo FHC tiveram que garantir que o novo governo respeitaria os contratos e pagaria a dívida. Uma parte pequena foi sacada naquele momento e as outras parcelas foram deixadas para serem sacadas pelo governo Lula, caso ele tivesse dificuldades no início.


Ele teve sim, mas a atuação firme da dupla Palocci e Meirelles afastou os fantasmas que haviam sido invocados pelo próprio PT. Depois que ficou claro que as ideias de centralização cambial, suspensão do pagamento de dívida, fim das metas de inflação e da Lei de Responsabilidade Fiscal não eram para valer, a situação se acalmou. Palocci-Meirelles deixaram claro que não aceitariam a alta da inflação. Na Fazenda, foram elevadas as metas de superávit primário, e no Banco Central, as taxas de juros. Isso era o oposto do receituário defendido em sucessivas campanhas. Mas foi pela firmeza dos dois, e essas escolhas, que a inflação que havia subido de 6% para 12% voltou a cair.


Foi uma história de um país maduro e inteligente, que provou, naquela transição, que um governo de oposição era capaz de arquivar seu antigo programa para manter o que havia sido conquistado no anterior; em que um governo que perde eleição negocia um empréstimo para ser sacado pelo novo presidente. No reducionismo do seu antes/depois, o atual governo emburrece o debate, falsifica os fatos, pega retalhos da história para tecer uma mentira.


Ninguém com um mínimo de honestidade intelectual conseguirá tirar do ex-presidente Fernando Henrique o mérito de ter começado a estabilização como ministro no governo Itamar Franco, e consolidado nos seus dois mandatos. Por ser bem sucedido, o plano chacoalhou toda a economia, quebrou os bancos, criou desafios que o governo FHC teve que enfrentar num contexto de crise externa.


Foi mais fácil para o governo Lula fazer a colheita. Ele encontrou a terra arada, e sementes germinando. Poderia ter destruído tudo, se ouvisse alguns dos seus conselheiros, mas teve o mérito de ouvir os conselhos certos. O país ganhou e pôde passar para suas outras tarefas como a da inclusão social. Mas aí de novo é incontornável em qualquer série histórica ver que a primeira grande queda da pobreza aconteceu entre o final do governo Itamar e o começo do governo Fernando Henrique como resultado do controle da inflação. Como é fácil constatar que uma nova grande queda do percentual de pobres aconteceu no governo Lula. A formação da nova classe média brasileira ocorreu em duas etapas. Todos os dados de patamar de consumo trazem essa história.


Tudo isso não deveria estar em debate por ser matéria vencida, vitória conquistada, etapa cumprida. O Brasil deveria estar pensando em como enfrentar problemas futuros de curto e longo prazo. O dólar derrete e isso afeta a produção brasileira num contexto internacional que tira cada vez mais força da moeda americana. A carga tributária aumentou quase dez pontos percentuais do PIB no período dos governos FHC e Lula, a população envelhece e as mudanças que os dois propuseram na previdência foram esvaziadas pelo Congresso. Como enfrentar isso? Ninguém diz, porque o debate está dominado por falsas questões.


Mírian Leitão - 21/10/2010 - Publicado em O Globo