terça-feira, 5 de outubro de 2010

Como foi que votei, o que senti.

Durante os últimos sessenta dias fiz do e-mail marketing e de meu twitter a minha trincheira pessoal.  Disparando sistemáticamente contra toda essa empulhação que querem nos fazer acreditar. Não sou de ficar em cima do muro. Sempre tive posições políticas muito bem definidas. 


Me lembro hoje com exatidão, da minha época de estudante secundarista, as reuniões que aconteciam em minha casa com frequência entre meu pai militar da Marinha e outros oficiais do Exército amigos deles. Um dia eu passava pela sala e um Coronel dizia "O lugar dos padres é na Igreja e o dos Estudantes na Escola"... o que me fez retornar, dar um passo para trás e dizer " e "o dos militares é nos quartéis.". Ali eu tomei partido. A outra lembrança que me vem na memória é distribuindo panfletos no enterro do estudande Edson, assassinado pela Ditadura no Restaurante do Calabouço. Depois, já na Universidade participando ativamente do Diretório. Eram os anos de chumbo. Tive oportunidade de conhecer Wladimir Palmeiro, José Dirceu e José Serra entre outros. Sempre tive admiração por Wladimir Palmeiro e José Serra, um hoje no PT e outro no PSDB. Sempre tive asco por José Dirceu. Eram anos interessantes. Conheci um ainda desconhecido Chico Buarque tocando e cantando no circuito universitário. Eram tempos difíceis. A ditadura usava o futebol (Copa de 1970) para amestrar o povo. Desta época surgiu em mim uma grande dificuldade de torcer pela seleção. Acho que só vencida nas duas últimas edições. Fui enquadrado no ato institucional 477 e suspenso por ano da Universidade, só porque ousei liderar a turma contra um professor que não comparecia para dar aulas. Fui trabalhar na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, de onde fui demitido a bem do serviço pelo Brigadeiro chefe do RH. Depois perdi um emprego concursado na Rede Ferroviária Federal porque descobri que era fichado no DOPS.  Já no final da ditadura aconteceu a passeata de 1.000.000 de pessoas na Candelária. Eu estava lá. Era o vento da democracia varrendo o país. Me lembrei do Dr.Sobral Pinto envergado pela idade abrindo esta e todas as manifestações que ocorreram na época. Com sua voz pequena, miúda, ele repetiu por todo o Brasil "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido". Era um palanque diverso, tinha o Ulisses, o Tancredo e tinha também o Lula. Este parece que não aprendeu nada, nem pela repetição. Agora ele se diz dono da opinião pública


Votar para mim nunca será um ato simples. Eu lutei por isso. Lutei para ter liberdade de expressão. Liberdade de escolha. Liberdade de informação. Lutei para que meus filhos tivessem um Brasil melhor, mais justo. Continuo lutando por isso, por meus filhos e agora por meus netos. Me deixa deprimido pensar neste país indo por um viés autoritário, comunista. Tratando com desrespeito um direito tão duramente conquistado. 


Um dia já votei no Lula, foi na eleição em que ele concorreu com o Collor. Eu nunca conseguiria votar em um candidato  corrupto e qualquer um medianamente informado sabia que Collor era um corrupto. 


Votei  pensando em meu pai, militar e democrata, que um dia entrou em casa e disse solenemente (meu pai era solene nestas horas) "Acabei de pedir baixa da marinha. Fui a guerra e lutei por este país. Fui condecorado por bravura. Nunca serei torturador de brasileiros". Ele tinha recebido a informação de sua transferência para o CEINAMAR, orgão de tortura e repressão da Marinha. 


Foi pensando em tudo isso que votei em José Serra como poderia ter votado em Marina Silva. Mas nunca votaria na Dilma. Votei no Gabeira mesmo sabendo que ele iria perder. Eleição não é campeonato de futebol.  Votei em Marcelo Cerqueira um defensor  da Democracia. Votei em Deputados identificados com aquilo que acredito ser importante para o país. Votei pensando no país melhor que realmente podemos ser. 

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