quarta-feira, 29 de maio de 2013

22 vistas incríveis no topo dos edifícios mais altos do mundo

Arranha-céus, torres de TV e torres de observação estão entre os objetos mais incríveis da engenharia humana. Se você quiser enxergar o mais longe possível sem escalar uma montanha, você só precisa comprar um bilhete para o deck de observação da estrutura superalta mais próxima.

Eis o que você verá nos andares superiores de alguns dos edifícios mais altos do mundo.

Burj Khalifa, a mais alta estrutura no mundo feita pelo homem. Dubai, Emirados Árabes Unidos. 828 m.

tallest-view (1)
Fotos: Tom Olliver e Jack Zalium (topo)

A noite vista da Tokyo Skytree. Tóquio, Japão. 634 m.

tallest-view (2)

O crescente localizado no topo das Torres Abraj Al-Bait (também conhecidas como Mecca Royal Hotel Clock Tower). Meca, Arábia Saudita. 601 m.

tallest-view (3)
Foto: Wurzelgnohm/Wikimedia Commons

A Torre de televisão de Cantão. Guangzhou, China. 600 m.

tallest-view (4)
Foto: Trevor Patt

CN Tower. Toronto, Canadá. 553,3 m.

tallest-view (5)
Foto: Doc Searls

One World Observatory, no 100º andar do One World Trade Center. Nova York, EUA. 541 m.

Port Authority Offers Media Tour Of One World Trade Observatory On 100th Floor
Foto: Spencer Platt/Getty Images

Torre Ostankino de televisão. Moscou, Rússia. 540,1 m.

tallest-view (7)
Foto: Andy M.

Taipei 101. Taipei, Taiwan. 509 m.

tallest-view (8)
Foto: Matthew Wu

Panorama de Xangai e do rio Huangpu no último andar do Shanghai World Financial Center. Xangai, China. 492 m.

World Expo 2010 - Previews
Foto: Feng Li/Getty Images

International Commerce Centre. Hong Kong, China. 484 m.

tallest-view (10)
Foto: Vanishaaron

Oriental Pearl Tower. Xangai, China. 468 m.

tallest-view (11)
Foto: Attila Nagy/Gizmodo

John Hancock Center. Chicago, EUA. 457,2 m.

tallest-view (12)

As Torres Petronas. Kuala Lumpur, Malásia. 452 m.

tallest-view (13)

Torre Zifeng. Nanquim, China. 450 m.

tallest-view (14)

Empire State Building. Nova York, EUA. 449 m.

tallest-view (15)
Foto: Alex Faundez

A linha do horizonte de Chicago, com o Lago Michigan no fundo, do alto da Willis Tower (anteriormente chamada de Sears Tower). Chicago, EUA. 442 m.

Tourists Clamor For A View From The Top Of The Sears Tower
Foto: Tim Boyle/Getty Images

Kingkey 100. Shenzhen, China. 442 m.

tallest-view (17)
Foto: Trevor Patt

Torre Milad. Teerã, Irã. 435 m.

tallest-view (18)
Foto: Hansueli Krapf/Wikimedia Commons

Uma cena semelhante a Blade Runner vista da Torre Jin Mao. Xangai, China. 421,5 m.

tallest-view (19)
Foto: Attila Nagy/Gizmodo

Kuala Lumpur Tower. Kuala Lumpur, Malásia. 421 m.

tallest-view (20)
Foto: Sam Gao

Torre Al Hamra. Cidade do Kuwait, Kuwait. 413 m.

tallest-view (21)
Foto: Pedro Dash T

domingo, 19 de maio de 2013

Bercy: onde Paris é mais moderna





A passarela Simone de Beauvoir, sobre o Rio Sena, liga a Biblioteca François Miterrand a Bercy
Foto: Carla Lencastre / O Globo

A passarela Simone de Beauvoir, sobre o Rio Sena, liga a Biblioteca François Miterrand a Bercy Carla Lencastre / O Globo

Num trem dos mais modernos (sem condutor) na linha 14, você chega à nova biblioteca, à nova cinemateca (instalada em um prédio desenhado por Frank Gehry), ao lindo parque e ao minicentro comercial ao ar livre de Bercy Village. As lojas são poucas e boas, e no fim deste mês ganham a companhia de uma Fnac de três andares. Tudo isso a apenas dez minutos de uma estação central como Châtelet.PARIS - A capital francesa sempre tem uma surpresa, mesmo para visitantes frequentes. Para quem já cumpriu o roteiro turístico básico, que tal uma escapada até Bercy? A região ainda está fora de muito guia de viagem tradicional, mas na última década vem atraindo cada vez mais visitantes em busca de ângulos diferentes de Paris. A área começou a ser revitalizada nos anos 1990 e desde então não para de inventar novidade. E a melhor delas: está a apenas dez minutos de metrô do Centro da cidade.
O passeio de um dia (ou menos) pode começar na estação Bibliothèque François Miterrand. Dali, uma curta caminhada leva aos quatro modernos prédios envidraçados da Biblioteca Nacional da França, projetados por Dominique Perrault e distribuídos em uma esplanada de frente para o Rio Sena. Uma das torres tem um setor de exposições, aberto ao público. A mostra da vez, inaugurada anteontem, reúne figurinos do século XX da Ópera de Paris, com croquis de Christian Lacroix, Eugène Lacoste e Jean Cocteau, entre outros.
Logo em frente à biblioteca, na margem esquerda, onde um grupo praticava tai chi chuan à beira do rio, começa a passarela Simone de Beauvoir, somente para pedestres e ciclistas, inaugurada em 2006. Além do desenho cheio de curvas modernistas e diferente do das outras pontes sobre o Sena perto da cidade, a passarela de aço, a 37ª a atravessar o rio em Paris, é bem mais alta em um dos seu níveis (são dois, entrelaçados, o que proporciona um trecho coberto). Chega a dar um friozinho na barriga no nível mais alto, que leva direto ao lindo Parc de Bercy, com 14 hectares ao longo da margem direita. Vista deste lado do rio, no 12º arrondissement, as torres da biblioteca parecem emoldurar a passarela.
Esculturas representando 21 crianças de diversas nacionalidades estão à direita, no caminho que leva ao Bercy Village. Muitas crianças brincam enquanto adolescentes namoram, adultos correm e turistas tiram fotos. Tudo isso em um sábado frio de início de primavera. Agora no verão deve ser uma festa. O trecho do parque entre a passarela e o centro comercial, chamado de Jardim Romântico, é bem bonito: além de esculturas variadas, tem lagos com peixes e patos, pontes, flores. E os trilhos por onde passavam os vagões carregando barris de vinho estão à vista nos caminhos pavimentados. Porque essa é a origem da região e de Bercy Village.
Nesta área de viticultores nas franjas da cidade, os galpões de pedra do Village armazenavam a bebida, no século XIX. As casas que serviam ao negócio do vinho (onde os produtores pagavam suas taxas, por exemplo), hoje estão voltadas para atividades botânicas e culturais. Os galpões, restaurados, guardam lojas bacanas. Entre elas, estão La Cure Gourmande, de biscoitos amanteigados em lindas embalagens; Alice Délice, de utensílios para cozinha; Loisirs & Créations, com material para desenho, pintura, costura e jardinagem; Arteum, uma galeria de arte atualmente com vários trabalhos de Tim Burton, como fotos e desenhos numerados feitos pelo cineasta americano para os seus filmes; agnès b., elegante grife francesa de roupas femininas e masculinas, além das que dispensam apresentações, como Sephora e Olive & Co. — sendo que esta tem azeites diferentes que ainda não chegaram ao Rio. E a Fnac, claro, que será inaugurada no próximo dia 29.
Tim Burton entre entre as lojas e os restaurantes de Bercy Village
Os restaurantes de Bercy Village seguem a mesma linha das lojas. Não são muitos, mas são interessante: há uma padaria, loja de doces e bistrô do badalado padeiro Eric Kayser, inaugurado em fevereiro deste ano; um tradicional Hippopotamus, com suas carnes grelhadas e hambúrgueres corretos — a novidade é um com pimenta de espelete, do País Basco; uma creperia bretã, La Compagnie des Crêpes, entre outros. O Village tem ainda cinemas e uma academia de ginástica, onde na parede de pedra se vê um relevo lembrando a origem do lugar como armazém de vinhos.
Mas antes de compras, comes e bebes, siga pelas ruas François Truffaut e Paul Belmondo até o novo endereço da Cinemateca Francesa, instalada desde 2005 em um prédio assimétrico com as indefectíveis curvas do star architect Frank Gehry. Até 5 de agosto, está em cartaz uma exposição sobre Tim Burton, a mesma que esteve no Museum of Modern Art (MoMA) de Nova York há dois anos. É imperdível para quem aprecia o trabalho do cineasta, ou simplesmente gosta de cinema.
De volta ao Bercy Village, curta um pouco mais o parque e aproveite sem pressa o restante do dia. Na hora de ir embora, é só pegar o metrô na estação Cour Saint-Émillon, também da linha 14, que é praticamente dentro do centro comercial. Em dez minutos você está de volta ao Centro de Paris. Ou não. Há alguns hotéis confortáveis na região, como o Pullman Paris Bercy, da rede Accor, e o Kyriad Hotel, ambos bem perto de Bercy Village e da estação do metrô.
Bibliothèque Nationale de France: A exposição "L’étoffe de la modernité. Costumes du XXe siècle à l’Opéra de Paris" pode ser vista diariamente, das 10h às 17h. Ingressos: 9. Quai François Mauriac. Metrô: Bibliothèque François Miterrand. bnf.fr
Parc de Bercy: Aberto diariamente, a partir das 9h. Metrô: Cour Saint-Émillion.
Bercy Village: As lojas abrem diariamente das 11h às 21h. Os restaurantes funcionam até as 2h. Metrô: Cour Saint-Émillion. bercyvillage.com
Cinémathèque Française: “Tim Burton, l’exposition” pode ser vista às segundas e quartas-feiras, das 12h às 19h, e às quintas e sextas, das 12h às 20h. Aos sábados e domingos e a partir de 4 de julho, aberta das 10h às 20h diariamente, com exceção das terças-feiras. Ingresso: 11 euros. 51 Rue de Bercy. Metrô: Bercy. cinematheque.fr
Pullman Paris Bercy: Diárias a parte de 166 euros. 1 Rue de Libourne. Metrô: Cour Saint-Émillion. accorhotels.com
Kyriad Hotel Paris Bercy Village: Diárias a partir de 110 euros. 19 Rue Baron le Roy. Metrô: Cour Saint-Émillion. bercykyriad.com

As melhores baguetes e o primeiro bistrô de Paris em MontmartreP






Escadarias da Basilique du Sacré Coeur de Montmartre, principal cartão-postal do bairro que é cheio de padarias e bistrôs deliciosos
Foto: Bruno Agostini / O Globo

Escadarias da Basilique du Sacré Coeur de Montmartre, principal cartão-postal do bairro que é cheio de padarias e bistrôs deliciosos

P
ARIS - Fernando Pessoa escreveu certa vez: "Saudades, só portugueses/ Conseguem senti-las bem/ Porque têm essa palavra/ Para dizer que as têm". Um raciocínio semelhante pode ser aplicado ao verbo flanar, expressão criada por outro escritor, o francês Baudelaire: flanar de verdade só é possível em Paris, cidade onde foi criado o termo. Montmartre e Belleville, espalhados pelos 18º, 19º e 20º arrondissements, são dois bairros ótimos para praticar a arte de andar sem rumo, subindo ladeiras e escadas, desvendando novos ângulos da capital francesa, descobrindo padarias que servem algumas melhores baguetes de Paris, restaurantes étnicos, lojas de design e galerias de arte, além de endereços históricos, como La Mére Catherine, onde teria nascido outra palavra imensamente relevante para os gauleses, bistrô, e o café Aux Folies, frequentado por ninguém menos que Edith Piaf.
Montmartre, mais especificamente a Rue des Abbesses, é um dos melhores lugares de Paris para se começar um dia de maneira muito parisiense. Isso porque estão ali algumas das melhores boulangeries da capital francesa, como Le Grenier à Pain, Coquelicot, La Flûte de Pain e Au Levain d’Antan — este último é o atual campeão do concurso de melhor baguete de Paris, que faz dele o fornecedor oficial do Palácio do Eliseu, residência do casal Nicolas Sarkozy e Carla Bruni (a Rue de Abbesses é bicampeã na acirrada disputa, já que Le Grenier à Pain venceu em 2010). Portanto, passear por Montmartre é uma ótima razão para dispensar o café da manhã do hotel. Não apenas pela qualidade de suas padarias, mas também pela enorme oferta de lojas de alimentos, tanto "traiteurs" que vendem pratos prontos, quanto as casas especializadas (em queijos, em vinhos, em pescados...).
Depois de comprar uma bela baguete, croissant ou brioche, ou mesmo os três, podemos sair em busca de queijos, geleias, embutidos, pastinhas e outros recheios que a nossa imaginação permitir pelas lojinhas da Rue de Abbesses, mais saboroso ponto de partida para um passeio por Montmartre. Gostoso e prático, já que a estação Abbesses do metrô — em ponto central, facilmente alcançada a partir de diversas linhas — está logo ali, a poucos passos dessa coleção de lugares deliciosos. Para achar a padaria Le Grenier à Pain basta ficar atento à fila, que está sempre à porta.
O imenso gramado, a menos de dez minutos de caminhada a partir dali, que desce as encostas da Basilique du Sacré Coeur de Montmartre é um convite irresistível para esticar a toalha e fazer um piquenique matinal — há vários banquinhos de madeira, com linda vista da cidade, que também são muito próprios para isso.
Montmartre é um bairro repleto de imigrantes, daí a quantidade imensa de restaurantes étnicos: há endereços chineses, tailandeses, tibetanos, cambojanos, indianos, húngaros, italianos, gregos... Nos arredores da Rue de Abbesses, e na própria, charmosamente calçada com paralelepípedos, encontramos uma babel gastronômica, com pratos autênticos e a bons preços, preparados por cozinheiros nativos desses lugares.
Muitos desses endereços são especializados em comida pronta, os "traiteurs", um achado para os que planejam um piquenique por aqueles lados: numa pequena área da Rue des Abbesses encontramos um traiteur asiático, chamado Shanghai; um outro italiano, La Bottega di Piacenza, e outro grego, a Pelops — além de uma bela "charcuterie", a Nathalie et Christian Durand; uma casa de chás, a Kusmi Paris; e uma loja de queijos, Les Fromages de Marie, com uma admirável coleção de exemplares de diversas regiões da França, e outras vitrines tentadores, que exibem vistosos sanduíches (tem cada croque monsieur lindíssimo), frangos assando lentamente (há uma casa especializada em aves, a Chicken Family), embutidos pendurados, peixarias (na Pepone, que prepara uma famosa sopa de pescados, é possível comprar peixes e frutos do mar vistosos; para as ostras, basta um limão para uma bela brincadeira ao ar livre), açougues (a Jack Gaudin vale a visita), mercadinhos com frutas vistosas, cafés, brasseries, bistrôs...
Amantes das ostras, aliás, encontram um porto seguro na tradicional La Mascotte, um bar especializado em peixes e frutos do mar, que tem sempre uma ótima seleção delas, exposta do lado de fora. Com tamanha concentração de endereços gastronômicos, a Rue des Abbesses (e a Rue Lepic, sua continuação) é um paraíso gourmet, mas os turistas ainda não descobriram isso, e é difícil ouvir outras línguas que não o francês num passeio por ali — sim, Montmartre é um bairro bastante turístico, mas apenas o eixo Sacré Coeur-Praça do Tertre. A parte baixa é quase que inteiramente dos parisienses.
Um ótimo lugar para um aperitivo depois do café da manhã em forma de piquenique e antes do almoço, na parte alta de Montmartre, é o bar de vinhos e loja Caves des Abbesses, que tem uma ótima seleção de rótulos (quem só quer comprar uma ou mais garrafas tem, ainda, pelo menos mais duas lojas ali, a onipresente Nicolas e a De Verre en Vers). Para os dias mais quentes, duas mesinhas do lado de fora convidam a ficar por ali, bebericando ao sabor de pratos de petiscos, com queijos, embutidos e conservas. No frio, nos fundos da loja há um pequeno e acolhedor salão, com algumas mesas. Para um bom "gelato", a Amorino — provavelmente a rede de sorveterias que mais cresce no mundo — serve uma ótima seleção deles, feitos sem conservantes e corantes, no estilo italiano, usando leite fresco e ovos "biô".
Montmartre não é nenhum Marais, mas existe ali um comércio moderninho, com algumas galerias de arte e lojinhas de roupas e objetos que agradam em cheio à turma que curte design e afins, como a Pylones e a Kiehl’s, uma marca de produtos de beleza muito fashion. Os amantes da gastronomia encontram diversão garantida na Ets Lion, ainda na Rue des Abbesses. Inaugurada em 1895 é loja de produtos alimentícios, como ervas, geleias e objetos de culinária e decoração de cozinhas, como velas, potes e travessas, além de plantas, sementes e material para jardinagem. Dá para ficar um longo tempo, olhando e comprando, olhando e comprando...
Ainda que o maior burburinho artístico esteja na parte alta do bairro, passeio que deixamos para a parte da tarde (leia mais na página seguinte), na Rue des Abbesses e cercanias também encontramos algumas boas galerias, como a Tableaux e a W Eric Landau. A Yellow Korner é uma imperdível galeria de arte dedicada exclusivamente à fotografia, com uma incrível seleção de imagens, entre registros clássicos de artistas famosos e importantes agências de imagens (como a americana Keystone) a novos talentos nessa área. Dá vontade de encher a parede de casa com essas imagens. Há por ali, ainda, algumas lojas de suvenires com peças bastante interessantes, como a Montmartre Je t’aime, e até uma casa especializada em objetos angelicais, La Boutique des Anges, onde encontramos tudo o que se possa imaginar relacionado ao tema, de envelopes para cartas e abajures, passando por ímãs de geladeira, velas e toda a sorte de imagens (quadro, gravuras etc). Ainda na linha loja temática, na Rue Tardieu, no caminho para a Basilique du Sacré Coeur de Montmartre, encontramos uma casa especializada em frascos de perfume e talco, e assemelhados, a Belle de Jour, que reproduz, restaura e vende essas peças.
Para se chegar à parte alta do bairro há pelo menos três possibilidades: usar o trenzinho branco que circula por Montmartre (com saída e chegada da Place Blanche, bem próxima à Rue des Abbesses), subir pelo funicular que está aos pés da igreja ou, então, encarar os degraus da escadaria, num programa relativamente cansativo, mas que revela aos poucos lindos ângulos de Paris.
Um almoço no primeiro ‘bistrot’
Depois de subir as escadarias da linda Basilique du Sacré Coeur de Montmartre, a fome bateu. Enquanto saboreava um "oeuf cocotte au foie gras" eu esperava o meu prato principal, um parmentier de canard, espécie de escondidinho de pato à moda francesa. Na taça, um Bordeaux 2008, do Château Sainte Catherine. No salão de teto baixo do restaurante La Mère Catherine, na parte alta de Montmartre, um casal interpretava clássicos do cancioneiro popular francês, ele ao piano, ela deslizando de mesa em mesa, apresentando um repertório conhecido. Eis que a cantora se vira para mim, pega na minha mão, e canta, em tom claramente piedoso, como quem tivesse pena desse turista solitário em um domingo frio e chuvoso. "Quand il me prend dans ses bras/ Il me parle tout bas/ Je vois la vie en rose/ Il me dit des mots d’amour". "La vie en rose": impossível não sorrir, de vergonha e de alegria. Em seguida ela partiu para a mesa ao lado, onde pôde dividir o seu repertório com clientes da casa, parisienses legítimos que sabiam todas as letras de cor e salteado, porque Montmartre é um bairro muito particular da capital francesa: mistura, como nenhum outro, talvez em iguais proporções, moradores locais e turistas (mas só nessa parte alta).
Não demorou muito para o garçom chegar com o meu pedido, um parmentier admirável em todo o seu esplendor franciscano: comida simples, muito saborosa e reconfortante, uma receita bastante apropriada para aquela tarde fria de dezembro. Em seguida, para fechar, uma tarte tatin devidamente escoltada por um Bas-Armagnac 1976, completando o menu da casa que eu havia escolhido, a razoáveis 36 euros por pessoa.
O La Mère Catherine é um clássico parisiense, fundado em 1793. Reza a lenda que o termo "bistrot" teria sido criado ali, em 1814, pelos cossacos russos, que famintos entraram no restaurante gritando "Bistro, bistro", que significa "rápido", na língua de Dostoiévski. Verdade ou mentira, o fato é que o La Mère Catherine é um restaurante altamente recomendável: foi sugerido tanto pelo guia (de papel) que levei comigo na viagem quanto pelo concièrge do classudo hotel Le Meurice, que nem pestanejou quando pedi uma sugestão de almoço em Montmartre.
— O Moulin de la Galette é ótimo, e tem feito muito sucesso com o público interessado em gastronomia. Mas eu diria que o melhor restaurante ali, considerando a qualidade da comida, o ambiente e a história do lugar, é o La Mère Catherine. O senhor vai gostar, posso garantir — disse o solícito rapaz.
— Reserva o La Mére Catherine para mim? — foi a minha pronta resposta, e de fato tive momentos muito saborosos e felizes ali. Merci, monsieur.
O restante já sabemos. Além dos atributos gastronômicos, arquitetônicos e históricos, o La Mère Catherine reserva ainda outro: o geográfico. O restaurante está localizado na pequenina e charmosa Place du Tertre, onde encontramos uma imagem típica de Paris, que já quase não se vê mais em outros pontos da cidade: são os artistas de boina pintando ao ar livre.
É bem verdade que nem todos usam qualquer cobertura para a cabeça, nem cultivam um bigodinho impecável, como no imaginário coletivo, estereótipo do pintor francês, mas a cena é absolutamente parisiense, inclusive pela boa quantidade de turistas, que posam para os retratos feitos na hora, que podem ser, ou não, um belo suvenir. Passear por ali é uma ótima pedida para depois do almoço. E quem quiser pode investir entre 20 euros e 50 euros, e levar para casa um desenho, que pode ser uma divertida caricatura ou retrato mais fiel à realidade, seguindo as mais diversas escolas artísticas e estilos. Ah, sim: você também pode levar uma fotografia de alguém querido para ser reproduzida pelos artistas, uma espécie de "Estive em Paris e lembrei de você" (em versão très chic).
Como catalisadora de pintores, a praça também atrai galerias de arte, como a Montmartre, com uma chamativa fachada vermelha, espécie de posto avançado do Espace Dalí, um museu e loja dedicado ao artista espanhol, que está a poucos passos dali e pode ser uma ótima opção de passeio para se fazer a digestão. É possível levar para casa pinturas e esculturas, em edições limitadas, e toda a sorte de objetos e suvenires de Dalí.
Para continuar o tour pela História da Arte, que tem no bairro um importante e eterno ponto de referência, uma curta caminhada conduz até a pequena Rue Ravignan, onde está, no número 13, o Bateau Lavoir, na Place Emile Goudeau, antiga residência, no início do século passado, de artistas, como Pablo Picasso (que viveu ali entre 1900 e 1904), Max Jacob, Henri Matisse, Georges Braque e Amedeo Modigliani, escritores, como Jean Cocteau, além de atores, marchands...
Dali vale esticar a caminhada pelas ruas adjacentes, como Avenue Junot (uma das mais caras de Paris), a Rue Norvins, a Rue Girardon e a Rue Caulaincourt. Ou andar sem rumo, flanando, observando os prédios antigos e os jardins, as pessoas voltando pra casa com a baguete debaixo do braço, os donos passeando com os seus cachorros. A vida como ela é, porque em Paris o cotidiano parece mais belo e glamouroso.
Para encerrar o dia, um programa fofo e bastante turístico é jantar no Les Deux Moulins, famoso por ter sido cenário do filme "O fabuloso destino de Amélie Poulin". A comida não está entre as mais respeitáveis, vale mais para beber uma tacinha de vinho. Melhor mesmo é seguir até o Le Miroir, talvez o melhor restaurante de Montmartre. Só não se esqueça de reservar a sua mesa, porque muita gente sabe disso, inclusive os turistas e os guias de viagem.
Encerrar com o jantar? Só quem quiser. Porque duas das casas de shows mais famosas de Paris estão por ali. O Moulin Rouge fica perto do Le Miroir. E o Au Lapin Agile, outro ícone entre os cabarés parisienses, não8 está muito longe, mas é bom pegar um táxi. Basta escolher.
Serviço:
Restaurantes
La Mère Catherine: Place du Tertre 6. Tel. 4606-3269.lamerecatherine.com
Moulin de la Galette: Rue des Moulins 15. Tel. 3980-6955.moulindelagalette.fr
Le Miroir: Rue des Martyrs 94. Tel. 4606-5073.
Les Deux Moulins: Rue Lepic 15. Tel. 4254-9050.
Padarias
Le Grenier à Pain: Rue des Abbesses 38. Tel. 4606-4181.legrenierapain.com
Au Levain d’Antan: Rue des Abbesses 6. Tel. 4264-97 83.
Coquelicot: Rue des Abbesses 24. Tel. 4606-1877. coquelicot-montmartre.com
Traiteurs
La Bottega di Piacenza: Rue des Abbesses 53. Tel. 4492-9099.
Shanghai: Rue des Abbesses 50. Tel. 4264-3658.
Pelops: Rue des Abbesses 44. Tel. 5328-2669.
Nathalie et Christian Duran: Rue des Abbesses 30. Tel. 4606-4435.
Lojas
Les Fromages de Marie: Rue des Abbesses 32.
La Cave des Abbesses: Rue des Abbesses 43. Tel. 4252-8154.cavesbourdin.fr
Ets Lion: Rue des Abbeses 7. Tel. 4606-6471. epicerie-lion.fr
Yellow Korner: Rue des Abbesses 44. Tel. 4258-3128.fr.yellowkorner.com
Kusmi Tea: Rue des Abbesses 38. Tel. -4278-1196. kusmitea.com
La Boutique des Anges: Rue Yvonne le Tac 2. Tel. 4257-7438.boutiquedesanges.fr
Belle de Jour: Rue Tardieu 7. Tel. 4606-1528. belle-de-jour.fr
Passeios
La Basilique du Sacré Coeur de Montmartre: A entrada é gratuita, e fotos são proibidas. Vale a pena subir até a cripta para ter um dos mais lindos panoramas de Paris (das 9h às 19h; no inverno, até as 18h). O templo fica aberto das 6h até as 22h30m (entrada permitida até as 22h15m). Rue du Chevalier de la Barre 35. Tel. 5341-8900. sacre-coeur-montmartre.com
Espace Dalí: O ingresso custa 11 euros. Rue Poulbot 11. Tel. 4264-4010.daliparis.com
Le Petit Train de Montmartre: O trenzinho simpático circula pelo bairro em tour que dura aproximadamente 40 minutos, com partida e chegada da Place Blanche, e passando por pontos turísticos como a Place du Tertre, o Espace Dalí, a basílica e o cemitério de Montmartre. O passeio, ida e volta, custa 6 euros. Tel. 4262-5030. promotrain.fr
Casas de shows
Moulin Rouge: Só o show custa 95 euros (há preços combinados com jantar, podendo chegar até 200 euros, o chamado menu Belle Époque. Boulevard du Clichy 82. Tel. 5309-8282. moulinrouge.fr
Au Lapin Agile: O ingresso custa 24 euros, com direito a uma bebida. Rue Saules 22. Tel. 4606-8587. au-lapin-agile.com

Hora do drinque no país do vinho




O animado bar Little Red Door, em Paris
Foto: Divulgação / Little Red Door
O animado bar Little Red Door, em Paris
PARIS - Depois dos hambúrgueres fait maison, de produção artesanal, Paris foi seduzida pela moda dos bares de coquetéis. Além do Candelaria, já citado aqui em outra ocasião, novos endereços têm surgido com inventivos menus de bebidas e ambientes para diferentes paladares e tribos. O Le Coq (12 Rue du Château d’Eau) é uma criação do britânico Tony Conigliaro, conhecido como “druida do coquetel”, dono do The Bar with No Name (“O bar sem nome”), em Londres, associado a dois franceses. Seus drinques se inspiram na cozinha molecular. Entre os mais pedidos, o les fleurs du mal mistura vodca à la rose, suco de limão, absinto e casca de laranja. No décor retrô 1960-70, no qual se sobressai uma enorme imagem em preto e branco da cantora Françoise Hardy, impera uma trilha pop-rock, de Ramones a Roxy Music.
No Little Red Door (60 Rue Charlot) entra-se por uma pequena porta vermelha num espaço moderno, de paredes de tijolos, dominado por bancos estofados e cadeiras de variadas cores, embalado por sonoridades a cargo de diferentes DJs. Os drinques estão à escolha num menu de poucas opções, mas bem dosado entre o doce e o amargo.
O acesso ao Ballroom pode ser feito após a degustação de uma suculenta carne no Beef Club, no número 58 da Rue Jean-Jacques Rousseau, ou pela porta ao lado, no número 52 da mesma rua. O bar é um subsolo trendy, com clima chique-despretensioso e reputado pela qualidade de seus drinques, como o Pondichéry mule, de vodca com infusão de cardomomo.
O Sherry Butt (20 Rue Beautreillis) propõe velhos uísques e bebidas raras em um ambiente de loft moderno com toque barroco.
No Le Maria Loca (31 Boulevard Henri IV), invenção de quatro amigos — Mike, Guillaume, Laurent e Max — que viajaram pelo mundo em busca de novas aventuras, a especialidade é o rum e a cachaça, com mais de cem referências, algumas delas raríssimas.
Por fim, o Le Glass (7 Rue Frochot) é um Candelaria-bis no bairro de Pigalle, um bar rock com cachorro-quente biô e novas receitas de coquetéis.
Bares dedicados à cerveja também em alta
Para os amantes de cerveja, a dica é o La Fine Mousse (6 Avenue Jean-Aicard), com 20 opções de marcas artesanais, servidas na pressão. Como alternativa, a casa oferece ainda 150 diferentes cervejas em garrafas, de diferentes países e sabores.
No Paris Saint Bière (101 Rue de Charonne), cujo dono é um tunisino fã de cerveja, Fathi Tebib, pode-se degustar mais de 300 marcas, até 4h da manhã (incluindo a Celtia, da Tunísia).
Já Thierry Roche produz suas próprias cervejas na Brasserie de la Goutte d’Or (28 Rue da Goutte d’Or). O negócio começou graças a um sistema decrowdfunding via internet, pelo qual Roche arrecadou € 8.500 (cerca de R$ 22 mil) de 176 pessoas para ajudar a financiar o seu projeto.


  

Os bares de Paris são uma festa



Le Bar Longm dentro do hotel Le Royal Monceau, é frequentado por Robert de Niro e Sarkozy Foto: Divulgação
Le Bar Longm dentro do hotel Le Royal Monceau, é frequentado por Robert de Niro e Sarkozy Divulgação
PARIS - A proliferação de bares e cafés frequentados por moradores e turistas que flanam pela capital francesa é uma constante desde antes dos tempos de Ernest Hemingway, que até batiza o lendário bar do Ritz, passando por reformas a serem concluídas no final de 2014. Paris sempre foi uma festa! Os próprios bares dos mais tradicionais hotéis parisienses são ponto de encontro importante para a sociedade.

Esse movimento vem ganhando ainda mais força nos últimos anos. Juntar-se ao balcão de um dos excelentes bares de hotel da cidade é certeza de desfrutar de ambiente agradável, boa música, drinques elaborados com esmero por barmen e sommeliers renomados e, é claro, de ouvir também uma torre de babel de distintos idiomas e sotaques. E, na grande maioria dos casos, tudo isso ainda vem acompanhado de comidinhas gourmet.Com o passar dos anos, tais bares de hotéis começaram a reunir não apenas escritores e jornalistas em busca de discussão e inspiração como também políticos, celebridades, jetsetters e, é claro, turistas vindos das mais diferentes partes do mundo.
Faça o seu drinque. O bar do novo hotel W da cidade já cativa de cara pela forma (comprida e um pouco sinuosa) e pela decoração do designer argentino Diego Gronda, o novo queridinho da hotelaria de luxo internacional. A atmosfera do local vai de tranquila a elétrica ao longo do dia, com ótima trilha sonora contemporânea tipo lounge bar. De intelectuais a turistas fazendo hora para ir à Opéra Garnier, o W Lounge reúne todo tipo de gente. O menu bem-humorado e muito colorido dá nomes curiosos aos drinques e tipos de bebidas — a seção de tequilas, por exemplo, foi batizada de “Vamos amigos”, em espanhol mesmo. Até “batida de pera”, com grafia em português, aparece no cardápio. Alguns dos coquetéis que foram parar ali são resultado da proposta do-it- yourself, que estimula os clientes a orientarem o barman a criar um drinque personalizado, inédito. Para acompanhar os pratinhos elaborados pelo chef espanhol Sergi Arola, aclamado pelo guia Michelin, vale apostar nos excelentes Winter daiquiri (rum, vermute, limão, lavanda e cravos), Kodo (uísque japonês, limão, Creole) e The Herbalist Grasshopper (menta, creme de cacau e água de eucalipto).
Happy hour animada. O imenso bloco de mármore italiano marrom de nove toneladas bem no centro do Bar 8, no Mandarin Oriental (trabalhado ali mesmo, à mão, antes da inauguração) capta no ato a visão de quem entra. A atmosfera intimista e “escurinha” do local, decorado com muito marrom e preto, paredes de madeira escura pontuadas pelos delicados cristais Lalique e mesas baixinhas cor de bronze com tampo de vidro, é bastante convidativa e reúne o pessoal estiloso que circula diariamente pelos arredores da Rue Saint Honoré. A partir das 18h, durante a happy hour, o bar fica lotado de parisienses saindo do trabalho e turistas tomando um drinque pós-compras, acompanhados, ou “esquentando” antes de sair para jantar. Nos dias bonitos ganha ainda mais espaço com o jardim anexo. Para acompanhar os drinques do menu — como o suave Honey Kingston (rum Appleton, limão, Cointreau e mel produzido pelo próprio hotel), que faz tanto sucesso que até ganhou recentemente uma versão sem álcool, para alegria da criançada — é possível pedir pratos e tapas do Camélia, o ótimo restaurante do hotel comandado pelo chef Thierry Marx.
Catedral do gim. Com pouco mais de um ano de existência, o bar, que fica no térreo do casarão parisiense ocupado pelo hotel Renaissance Le Parc Trocadero a poucas quadras da Torre Eiffel, foi o primeiro gin bar de toda a França — ideia ousada que deu certo numa cidade (e país) de loucos por champanhes e vinhos. Com decoração contemporânea, com muito branco e peças de impacto em verde intenso, o G’Bar tem mais de 30 rótulos diferentes de gim no menu e 25 drinques preparados com a bebida, além de aperitivos, coquetéis clássicos e vinhos. Dentre as opções mais populares entre os adeptos do local estão a clássica Gin Tonic (mas ali servida com uvas verdes amassadas no fundo do copo, criando um sabor refrescante surpreendente) e o Flower Power (gin G’Vine, jasmin, Saint German, xarope de rosas e limão). A música ambiente é discreta, em estilo lounge, compatível com o tamanho diminuto do bar, que ganha espaço nos dias quentes, quando se abre para o belo jardim no interior da propriedade. Nas noites de quinta-feira, a mais cheia, tem jazz fusion ao vivo. Um must have: macarons de gim para acompanhar o drinque.
O drinque do George Clooney. O hotel Le Royal Monceau, perto do Arco do Triunfo, parece ser mesmo o local perfeito, com sua galeria de arte contemporânea própria e o décor sempre surpreendente de Philippe Starck, para hospedar o excelente Bar Long. Em uma tarde qualquer podem estar sentados ali degustando seus drinques, lado a lado, Robert de Niro, Marion Cotillard, Nicolas Sarkozy e turistas anônimos dando uma pausa nas andanças pela cidade, entre as imensas cortinas brancas que descem do teto ao chão e as obras de arte que permeiam o local. O menu é bastante didático e bem dividido entre os clássicos e as criações próprias do hotel — como o delicioso Passion, o drinque à base de champanhe e maracujá que o ator George Clooney e o barman do hotel Cipriani de Veneza criaram para o hotel — e ali é possível tanto pedir tapas e entradinhas ao longo do dia quanto o clássico high tea ou as pâtisseries irretocáveis de Pierre Hermé durante a tarde. O som varia do piano ao vivo à tarde a sessões de DJs na madrugada.
“O bar”. Não foi à toa que o bar do icônico hotel George V foi batizado de “Le bar” pelos próprios ricos e famosos que originalmente o frequentavam. Até hoje, eis um dos mais significativos pontos de encontro da sociedade parisiense. A diferença é que o ambiente clássico mantido pela rede Four Seasons, com direito a garçons de luvas brancas e tudo, virou também ponto de encontro de turistas de todo o mundo, estejam eles hospedados ali ou fazendo uma pausa entre as compras nas badaladas avenidas Champs-Elysées e Montaigne. Apesar do champanhe e do conhaque continuarem jorrando, o novo menu do bar oferece toques modernosos aos coquetéis clássicos que sempre foram servidos no aconchegante lounge de cadeiras de couro à la Bellle Époque, como martinis frutados nas mais diversas composições que acompanham petiscos estilo finger food. As novas criações da equipe de barmen têm nomes quase tão gostosos quanto os próprios drinques: Bye Bye Baby (suco de limão, vodca de framboesa), Road To Heaven (açúcar mascavo, chocolate amargo, Barcardi), Just My Imagination (limão, açúcar, cachaça, baunilha) e Confide In Me (gim, coentro, Saint Germain, dry martini, ginger beer). O exclusivo George Fizz (morangos e framboesas frescos, suco de laranja, suco de goiaba e champanhe) é imperdível.
Chamando pelo nome. Os painéis de madeira escura, veludos e a lareira evidente criam uma atmosfera que remete imediatamente aos anos 1920 e 1930 parisienses e agradam em cheio aos fãs do filme “Meia-noite em Paris”, de Woody Allen, por exemplo — e também aos fashionistas que se encontram com frequência no Bar 30, no Sofitel, ao som de lounge music. O público ligado à moda tem razão de ser: o hotel está no no bairro de Faubourg Saint-Honoré, coração da alta-costura parisiense. Os mojitos — são vários, de distintas frutas e ervas, com destaque especial para o de frutas vermelhas — são os pedidos mais frequentes de seus visitantes e também de clientes assíduos, chamados pelo nome pelos garçons que parecem conhecê-los há décadas. O bar fica anexo ao restaurante homônimo e serve ali, em seu balcão e suas mesas, comidinhas fusion preparadas pelo chef criativo Keigo Kimura para acompanhar as bebidas. No menu, mais de cem rótulos de uísques e outros destilados são oferecidos puros, em coquetéis clássicos ou inovações feitas na hora, a pedido do freguês. A carta de vinhos também é louvável.
Para conhecer gente nova. O Island Bar, do despojado hotel Mama Shelter, um dos responsáveis pela revitalização da área no entorno do cemitério de Père-Lachaise, na Rue de Bagnolet, no 20º arrondissement, é o queridinho dos mais jovens e descolados: sem frescuras, colorido, com paredes e teto grafitados, uma imensa mesa de totó no centro e DJ todas as noites, não seria de se esperar o contrário. O bar tem formato quadrado inclusive no balcão (e é daí que vem seu nome “ilha”) a fim mesmo de facilitar o entrosamento dos clientes — eis aí também um bom lugar para quem viaja sozinho conhecer gente nova. Um enorme terraço amplia seu espaço durante a primavera e nos meses de verão (e faz a alegria dos franceses e turistas que fumam). A trilha sonora vai de rap a R&B e os fins de semana têm performances de artistas internacionais. O coquetel por excelência da casa é o Mama loves you (vodca, licor de pêssego, suco de cranberry) mas o Gin Bramble, com frutas vermelhas, também já virou um clássico da vez.
Filme de época. Esse bar conquista por sua localização pouco usual: está no coração de Montmartre, bem entre a Avenue Junot e a Rue Lepic, e já valeria a visita também pela atmosfera peculiar. A decoração do The Bar, no Hôtel Particulier, é tão original quanto à do hotel, uma mansão do século XIX repleta de boudoirs, com iluminação baixa e salões que parecem saídos de um filme de época — ou um clipe de Dita von Teese. A trilha sonora é estilo lounge-sexy e cortinas de veludo, cadeiras em plush, sofás bordô e luminárias de todo tipo se espalham por três andares avermelhados — mas o clima é aconchegante e você simplesmente não se dá conta do tamanho do local. O barman, o nova-iorquino David, é craque nos drinques convencionais e se arrisca em seu Cointreau Prive (vodca, Cointreau, ginger beer), além de eventualmente criar uma ou outra mistura a pedido do cliente.
SERVIÇO:
W Lounge: Hotel W. Diárias a partir de € 259. 4 rue Meyerbeer. Tel. (33) 01-7748-9494. wparisopera.com
Bar 8: Hotel Mandarin Oriental. Diárias a partir de € 875. 251 Rue Saint-Honoré. Tel. (33) 01-7098-7888. mandarinoriental.com
G’Bar: Hotel Renaissance. Diárias a partir de € 419. 55-57 Ave. Raymond Poincare. Tel. (33) 01-4405-6666. marriott.com
Bar Long: Le Royal Monceau. Diárias a partir de € 750. 37 Avenue Hoche. Tel. (33) 01-4299-8800. leroyalmonceau.com
Le Bar: Hotel George V. Diárias a partir de € 865. 31 Avenue George V. Tel. (33) 01-4952-7000. fourseasons.com
Bar 30: Sofitel Le Faubourg. Diárias a partir de € 380. 15 Rue Boissy d’Anglas. Tel. (33) 01-4494-1414. sofitel.com
Island Bar: Hotel Mama Shelter. 109 Rue de Bagnolet. Diárias a partir de € 89. Tel. (33) 01-4348-4848. mamashelter.com
The Bar: Hotel Particulier. Diárias a partir de € 390. 23 Avenue Junot, Pavillon D. Tel. (33) 01-5341-8140. hotel-particulier-montmartre.com


 

terça-feira, 14 de maio de 2013

Luxo renovado em Buenos Aires

A proposta central do Hub Porteño é funcionar como uma casa que recebe amigos e não-hóspedes, voltada para o turismo de experiências: cada hóspede faz o check-in já em sua própria suíte e recebe itinerário/programação inteiramente customizado, de acordo com as preferências do mesmo enviadas anteriormente à central de reservas. O hotel butique, presente na lista da revista especializada “Travel+Leisure” como um dos melhores novos hotéis de 2013, tem uma atração a mais, o conceituado restaurante Tarquino, no mesmo prédio.
Com o apoio de uma equipe da Universidade Ivy-League e de especialistas em arte, o Hub Porteño quer juntar os hóspedes a pessoas às quais seria muito difícil terem acesso por conta própria (como defende o CEO Gonzalo Robredo) em distintas áreas — vinhos, moda, gastronomia, história, arte, política e até peronismo — uma espécie de insiders club especializado em Argentina.
Concebido como uma casa familiar (como era nas mãos dos antigos donos), o hotel tem em cada suíte uma decoração exclusiva e diferente das demais, incluindo peças feitas à mão por artesãos argentinos e uma infinidade de antiguidades (não à toa, um dos donos, Alejandro Bengolea, é neto de uma das mais famosas patronas da arte argentina, Amalia Lacroze Fortabat). Da antiga escadaria art déco de madeira, que foi mantida, ao novo bar-biblioteca que antecede o restaurante, tudo na decoração tem o dedo do designer argentino Ivan Robredo.

Hub Porteño: Diárias a partir de US$ 272. Rodríguez Peña 1.967, Recoleta. Tel. 54 (11) 4815-6100, hubporteno.com. O hotel está no mesmo prédio do restaurante Tarquino, aberto para almoço (de segunda a sexta-feira, das 12h30m às 14h30m) e para jantar (de segunda-feira a sábado, a partir das 20h).tarquinorestaurante.com.ar


Hotel HubPorteno