sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Rio de Bicicleta




Não é preciso adivinhar o futuro para compreender a importância da bicicleta. O escritor inglês H. G. Wells, precursor da ficção científica, explicou melhor que ninguém: “Sempre que vejo um adulto de bicicleta, volto a confiar no futuro da raça humana”. O Rio foi a primeira cidade brasileira a implantar uma ciclofaixa — hoje tem 320 km delas. Um convite a um roteiro sobre duas rodas, seja em passeios guiados que apresentam aspectos da cidade que o próprio carioca desconhece, seja em bares, restaurantes, centros culturais e outros lugares amantes das magrelas, que as incorporaram ao seu cotidiano.

— Na bicicleta não existe maquiagem. Passamos pelo bom e o mau, tanto pelo Pão de Açúcar como pelas pessoas pedindo (dinheiro) nas ruas. Não existe forma mais autêntica de conhecer a cidade — defende Bruno Elias, guia e criador do projeto Bike In Rio, um circuito de passeios guiados por diferentes lugares que atrai moradores e turistas. 

Pense numa excursão de ônibus, com paradas contadas aos minutos e a pressão típica do tráfego de veículos motorizados. Agora pense num passeio que é, em tudo, oposto a isso. Assim é o cicloturismo. O percurso com mais sucesso do Bike In Rio começa e acaba no Hotel Copacabana Palace, onde se pode conversar e fotografar com calma. Em três horas, passa-se pela praia de Botafogo e pelo Aterro do Flamengo, lugares onde ônibus não podem estacionar ou, sequer, reduzir a velocidade. Em vez de simplesmente tentar ver o monumento a Estácio de Sá, o guia Bruno leva o grupo rampa acima e fala da fundação da cidade pelo militar português ali enterrado. 

— Não se trata de um tour histórico, mas de um passeio com curiosidades. O atrativo está na presença natural da cidade — explica o guia, que estima em 90% os pedalantes estrangeiros, curiosos para saber da comida, das favelas, da história e do povo.

O único trecho em que não se usam ciclovias é na Urca, onde o guia conduz o grupo serpenteando pelas calmas ruas do bairro. Além desse passeio (que acontece às segundas, quartas e sextas), o Bike in Rio promove outros entre Ipanema e Lagoa, entre Cinelândia e Lapa e por todos os circuitos de uma vez.  

Outra que oferece passeios contemplativos — mas cheios de mimos — é o Bike VIP Club, empresa de Clide Zelazo que se especializou no cicloturismo de luxo, com bicicletas novas, serviço de transporte, mecânico, lenços umidificados, brindes de champanhe a meio do caminho e, por que não?, um campeão ciclista como guia. Os tours só acontecem com agendamento, e os clientes podem decidir o percurso. Os mais populares são da Lagoa à Urca (passando por Ipanema e Copacabana) e, na Zona Oeste, da Prainha a Grumari.  

Na contracorrente está Horácio Júnior, um apaixonado velocista que oferece passeios sem qualquer custo. Na Via Pedal, ele cuida de tudo: desde atender o telefone a guiar o grupo e, em caso de avarias, consertar as magrelas. O projeto começou em 2006, para promover excursões fora do Rio, estas, sim, pagas.

— A Via Pedal não é para o estrangeiro, é para o carioca que tem uma bicicleta e não sai de casa. Quero que as pessoas cresçam como ciclistas, desde passeios fáceis, como na orla, a um nível pesado, como na estrada do Sumaré — explica Horácio. 

Seus roteiros se destacam sempre pela originalidade, como, por exemplo, a pedalada noturna e a pedalada selvagem, por montanhas cariocas. Outro sucesso é a pedalada fotográfica, na qual o ciclista tem de procurar o melhor local a fim de captar uma imagem do passeio. O site da Via Pedal tem um calendário dos roteiros. 

— Não andava desde os 14 anos, peguei a bicicleta do meu filho e fui numa pedalada noturna do Horácio. Com o tempo, descobri como a bicicleta é uma forma diferente de ver a vida e, sobretudo, como une as pessoas — revela Márcia Dias, que passou de engenheira elétrica a esportista e ciclista em tempo integral.

Não parou por aí: Márcia deu início a um projeto totalmente dedicado à sua nova paixão. O Café na Roda, no Engenho de Dentro, é uma loja de venda de café gourmet que convida os ciclistas a deixarem a bicicleta no interior. Além de perseguir o selo “bike friendly” no estabelecimento, Márcia estará todos os dias em Copacabana e Ipanema montada num triciclo, onde vai vender esse mesmo café. 

O Centro do Rio e a Zona Portuária lideram o processo de expansão do projeto de aluguel de bicicletas, e o Museu de Arte do Rio (MAR), na Praça Mauá, já ganhou uma estação. A ideia é que mais de duas mil novas posições sejam oferecidas. 

Criado por dois holandeses que moram no Rio, o Rio by bike é um serviço voltado para estrangeiros. É possível agendar os passeios, entre tour urbano, Lagoa, histórico e eco-favela, no site.

Atentas a essa demanda por transporte ecológico, diversas lojas de bicicletas agora alugam magrelas, como a Special Adventure, no Leblon, ou o Bike e Lazer, em Ipanema. E o próprio cliente ciclista tem novas exigências. Bons exemplos estão no Comuna, em Botafogo, e na boate La Paz, na Lapa, que permitem o estacionamento em seus pátios. O La Paz até dá desconto a quem for de bike: o ciclista entra na lista amiga. Já o bar de tapas Ibérico, no Jardim Botânico, a TT Burguer, junto à Galeria River, e a pizzaria Vezpa do Leblon estrearam bicicletários e convidam a galera a chegar pedalando. 

Nos parâmetros de H. G. Wells, a população do Rio tem futuro. No entanto, ainda existe muita gente que considera enfrentar as ruas cariocas uma atividade radical. Para ajudar os novatos, o projeto Bike Anjo não só mostra o melhor caminho a fazer de casa para o trabalho como ensina a andar propriamente de bicicleta.

Cadeg - Mercado no Rio de Janeiro


Delicatessen, café, cervejas especiais e novos restaurantes mudam o perfil do tradicional Cadeg

Dois mundos convivem em harmonia nos 100 mil metros quadrados e 700 lojas do Cadeg, em Benfica. Um deles é madrugador, com mercado de flores a todo vapor às três da matina, carrinhos carregados de frutas, verduras e legumes vendidos a atacado ocupando o corredor e PFs de responsa. O outro tem um quê de gourmet, com lojas de cervejas e vinhos importados, delicatessen, café, sorveteria e restaurantes bacanas com fila de espera na porta e roda de choro no fim de semana. Inaugurado em 1962 como Centro de Abastecimento do Estado da Guanabara, ele virou Mercado Municipal do Rio de Janeiro em 2012, quando completou 50 anos. 



CONFIRA O ROTEIRO DE DELÍCIAS
Armazém Viraoro (galeria 1): Especializado em azeites Hojiblanca, também vende conservas.

Ayumi (Rua 12): Vende produtos como guiozas (R$ 25, 20 unidades) e harumakis (R$ 13,50, 30 unidades).

Barsa: Entre os pratos imperdíveis, arroz de pato (R$ 63, individual) e bacalhau rei (R$ 83, meia porção).

Brasas ShowO galeto Vinha d’alhos (R$ 43,90) faz a fama da casa.

Café Dellas:
 Um espresso (R$ 4), um bolo caseiro (R$ 5) e a conta.

Cantinho das Concertinas: O bacalhau cozido com batatas (R$ 85, para dois) acaba cedo nos sábados.

CostelãoCostela desossada (R$ 125) e cordeiro com batatas (R$ 159,90) são escolhas certeiras.

Dream Beer: Entre os 150 rótulos, apenas alguns são gelados, como o Estrela Galáctica amarela (R$ 5). 

Empório do Zé (Rua 4): Carnes exóticas e cortes especiais, como javali, red angus e french rack .

Empório Gourmet Show: O arroz de polvo (R$ 79, duas pessoas) faz sucesso.

Empório Quintana: A porção individual do bacalhau trufado (R$ 64,80) caiu no gosto dos clientes.

Espetáculo: Craque em espetinhos como coração de pato e a cafta (R$ 8,50).

Griffe dos Vinhos: Oferece mais de dois mil rótulos de vinhos e espumantes. 

Gruta São Sebastião (Rua 16): A picanha completa com linguiça (R$ 99, duas pessoas) é tradicional.

Mundo das Cervejas: Paulaner e Erdinger geladas (R$ 12,90) são a boa para refrescar a garganta.

Olivier (loja 28): Degustação de vinhos e espumantes às sextas e aos sábados.

Pavilhão das flores: O preço varia de acordo com a oferta, mas há flores novas todos os dias.

Poleiro do Galeto: Um clássico, assim como seu bifão de contra-filé acebolado com fritas (R$ 30).

Sorvete BrasilO copinho do sorvete sai por R$ 5, metade do preço de outras lojas da rede.

Tarzan (loja 16): Procure frutas de éóca, como melão-rei (R$ 10) e morango (R$ 2,50).

Típico Sabor do Pará (galeria central, loja 3): Produtos vindos direto de Belém, como tucupi, maniça, açaí, peixes amazônicos, tapioca, geleia de cachaça e biscoitos de castanha do Pará.