segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Manual de degustação

Conheça os principais tipos de uva, suas características e combinações mais comuns

Estrear na degustação de um bom vinho não é tarefa simples. Mas também está longe de ser a complicação que muita gente pensa. Existem muitas opções, é verdade, e talvez isso dificulte um pouco a escolha.

Mas algumas informações básicas são suficientes para você identificar se aquela garrafa linda vale mesmo cada centavo que estão cobrando por ela.

O acerto é uma questão que combina as variáveis comprar, guardar, servir e saborear na medida ideal. Parece complicado? Pense na famosa cervejinha: se você é um apreciador, sabe identificar quando a loira é das boas, não sabe? Com o vinho é basicamente a mesma coisa. Quanto mais você provar, mais irá aprender. Aqui, montamos um manual básico para você iniciar a prática e não errar na escolha.


 1. Em primeiro lugar, apague da memória aquele tabu de que os vinhos mais velhos são os melhores. Nem sempre isso é uma verdade. A regra é válida para vinhos sofisticados, como Bordeaux, Barolos e Riojas e, mesmo nesse caso, atende um limite de tempo

É recomendável não levar nada que tenha sido produzido há mais de quatro anos, pois só os grandes vinhos sobrevivem há mais tempo e, iniciando no assunto, você nem tem o paladar aguçado para saborear as notas que eles oferecem.























2. Sendo assim, prefira uma garrafa da safra mais recente, principalmente se for um vinho branco. Também examine bem a garrafa antes de comprá-la. O nível do líquido nunca deve estar abaixo do normal, e a rolha deve estar em boas condições.

3. Uma boa tática é observar a garrafa contra uma luz amarela. Se o vinho branco estiver muito dourado e um tinto estiver muito acastanhado, quer dizer que a bebida está sofrendo oxidação. Ou seja, as características visuais, olfativas e gustativas do vinho são alteradas pelo contato com o ar. A cor fica mais escura e a acidez menos acentuada

4. Se você não dispõe de uma adega climatizada para armazenar o vinho, guarde a garrafa em um lugar da casa que seja arejado, de pouca luminosidade e com pouca variação de temperatura.

5. As garrafas devem ser colocadas deitadas, evitando o ressecamento das rolhas, que vedam a entrada na embalagem. Os vinhos brancos são colocados na parte inferior e os tintos, na superior, pois resistem melhor às temperaturas mais altas. E nada de exageros: caso não conheça ainda um determinado vinho, leve apenas uma garrafa e, depois de experimentá-lo e aprová-lo, volte para buscar mais.

 6. Compre sua bebida em locais que ofereçam uma boa variedade de rótulos e que garantam a rotatividade de estoque. Isso reduzirá as chances de escolher um vinho oxidado. Prefira fazer a compra nos setores de bebidas dos grandes supermercados, lojas especializadas ou vá direto as importadoras. Ir até as vinícolas, quando o vinho for brasileiro, traz boa garantia de qualidade na conservação e preço mais acessíveis.

7. Não se impressione com o rótulo dos vinhos caríssimos. Pode apostar nos mais baratos também. Para encontrar aqueles com ótima relação qualidade versus preço, leia com atenção as informações do rótulo. No caso dos brasileiros, atente para a palavra reserva , que é uma denominação dada a um vinho de qualidade no mínimo mediana. O bom francês tem a anotação AOC (appellation d origine controlée), um indicador de que foi produzido na região descrita no rótulo de acordo com as regras exigidas por lei. Nos italianos, a sigla é DOC (denominazione di origine controllata) ou DOCG (denominazione di origine controllata e garantita). Vinhos de mesa franceses (vin de table) são sofríveis, fuja deles. Em qualquer caso, é recomendável não levar nada que tenha sido produzido há mais de quatro anos.

8. Outro clichê posto abaixo é a velha regra do vinho branco com peixe e os tintos com carnes. O que conta é harmonização da bebida com a comida. Um prato delicado pede vinho leve, frutado. Já aqueles que levam molho mais elaborado exigem a companhia de algo mais encorpado. Comidas agridoces combinam com vinho menos seco, enquanto frutos do mar são um convite à bebida mais ácida daí os espumantes secos caírem tão bem com as ostras.

9. Para facilitar a busca da uva ou da mistura de cepas adequada a sua ceia, leia o contra-rótulo das garrafas, que sugere pratos e descreve algumas qualidades marcantes do vinho em questão.

10. As clássicas combinações regionais também contam pontos. Vinhos produzidos num determinado local estão historicamente relacionados aos seus pratos típicos. Assim, a comida da italiana Toscana é o par perfeito para vinhos Chianti. E a parrillada argentina faz dupla com um tinto Malbec.

11. Mas os opostos também se atraem. Queijos salgados, como roquefort e gorgonzola, e vinhos doces do tipo late harvest (também chamado de colheita tardia) fazem uma ótima parceria. Já o adocicado e mais gorduroso ementhal pede um branco ácido, como um sauvignon blanc ou gewurztraminer.

12. Às vezes a regra é válida. Os portugueses costumam dizer que bacalhau não é carne nem peixe, é bacalhau
. Então, siga a tradição: vá de tintos com pouca acidez e pouco tanino, como os portugueses da região da Bairrada ou o vinho verde (branco ou tinto).

13. Mas a idéia principal, seja você iniciante ou não, é esquecer a obediência cega às regras: o gosto pessoal é o mais importante. Experimente.

 A seguir, você confere um glossário com os principais tipos de uva, suas características e combinações mais comuns. Mas, como dizem os bons apreciadores da bebida, são apenas sugestões -- e, como tal, podem muito bem ser contrariadas pelo seu paladar. 

Uvas para vinhos tintos


Alicante (ou monastrell, mataro, mourvèdre): espanhola, essa uva também é conhecida como Monastrell, em outras regiões da Espanha. Produz bons vinhos, secos e equilibrados, com sabor marcante de frutas vermelhas, como cereja, amora, framboesa.

No sul da França, essa mesma uva é conhecida como Mourvèdre. Geralmente é misturada a outras uvas, como shyrah, grenache e cinsault.
Países: França, Espanha e Austrália
Harmonização:
carnes, sopas, chouriço e salame. Queijos amarelos e pães salgados.

Barbera: típica do Piemonte, noroeste da Itália é uma das variedades mais cultivadas do país. Resulta em vinhos leves, ideais para o dia-a-dia do verão e da primavera. Tem exemplares escuros e frutados, com alta acidez.
Países: Itália (Piemonte), Estados Unidos (Califórnia) e Argentina. Harmonização: massas com molho de tomates frescos, queijos amarelos (gruyére itálico), carnes leves e aves.


Cabernet Franc: originária da região Bordeaux, na França, é mais leve e com menos taninos que a cabernet sauvignon, amadurecendo mais cedo. É muito usada junto a outras uvas, como a cabernet sauvignon, merlot e petit verdot.
Países: França (Bordeuax, Loire), Argentina, Austrália, Estados Unidos (Califórnia) e Nova Zelândia
Harmonização: uma boa opção para sanduíches e refeições rápidas. Vai bem com carnes leves, aves defumadas e sopas.


Cabernet Sauvignon: resultado do cruzamento cabernet franc com a sauvignon blanc, a cabernet sauvignon é considerada a rainha das uvas.
É a mais difundida em todo o mundo e responsável pelos melhores rótulos do planeta. Aparece em grandes vinhos de Bordeaux (Latour, Mouton-Rothshild, Lafite, Latour, Margoux, entre outros). Aposte nos Cabernet Sauvignon com safra acima de 4 anos, pois eles precisam de um tempo de amadurecimento no produtor, a fim de afinar os taninos agressivos, e dar corpo ao vinho.

Aí sim aparece o valor da variedade, sua estrutura, seu corpo, seus aromas de cassis e ameixas pretas, tabaco, tons de cacau, baunilha. Enriquece quando misturada à merlot, cabernet franc, shiraz, petit verdot ou malbec. Na Austrália geralmente é mesclado ao shiraz. Produz os melhores tintos do Brasil e do Chile.
Países: França (Bordeaux), Estados Unidos (Califórnia), Chile, Argentina, Austrália, África do Sul, Itália e Brasil.
Harmonização: carnes vermelhas, goulash, strogonoff, souflés de queijo e batatas; carne seca com purê de mandioca


Carmenère: hoje pode-se dizer que trata-se de uma uva chilena, mas é originária de Bordeaux, na França, e aparece também na Califórnia e na Argentina. Seus vinhos não devem ter consumo imediato, pois antes de três anos estarão desequilibrados devido à acidez e aos taninos agressivos.
País: Chile Harmonização: carnes vermelhas, feijoada e assados. Não deve ser utilizada para acompanhar pratos com molho de tomate ou pratos leves e saladas.

 Malbec: sua terra hoje é Mendoza, na Argentina. Embora, seja originária de Bordeaux, onde é muito tânica e usada somente misturada a outras cepas. Garrafas que apresentam safras menores do que três anos abrigam vinhos desequilibrados, com álcool, acidez e taninos acentuados.
Países: França, Argentina e Chile
Harmonização: carnes vermelhas, churrasco, feijoada, e queijos fortes. Não combina com saladas, defumados, queijo gorgonzola, nem molhos à base de tomates.




Merlot: seu berço de produção é em Bordeaux, na França, mais precisamente em Saint-Emilion, da onde nascem os famosos Chateau Cheval Blanc e Chateau Petrus.

Espalha-se por todo o mundo, com destaque para os produzidos no Chile, Califórnia e Nova Zelândia. Pode desenvolver aromas de chocolate e frutas vermelhas maduras quando colhidas com a maturação correta.
Países: França (Bordeaux), Norte da Itália, Estados Unidos, Chile, Austrália, Nova Zelândia, Argentina, Brasil.
Harmonização: faz boa dupla com carnes, caças e aves, exceto o frango e queijos amarelos. Também combinam com carne de porco, batatas, mandioca frita e ervilhas.


Nebbiolo: originária do Piemonte, na Itália, é a mãe dos melhores e mais valorizados tintos italianos: Barolo e o Barbaresco. São bebidas intensas, frutadas, com alta acidez, o que torna obrigatório seu envelhecimento. Esses sim, quanto mais velho, melhor. Geralmente, espera-se no mínimo quatro anos para abrir uma garrafa.
País: Itália
Harmonização: assados (coelho, javali, vitela) com molhos expressivos (rôti e funghi).

Periquita: produz o mais famoso vinho de Portugal, fora o Porto. Leva o mesmo nome de Periquita.
País: Portugal
Harmonização: aves e assados de carne suína (pernil e lombinho). Tortas salgadas, de queijo, frango com catupiry, bacalhau ou palmito.

Pinot Noir: uva típica da Borgonha, produz os vinhos mais admirados do mundo. Os exemplos mais clássicos são os renomados (e caros) vinhos de Romanée-Conti, Volnay, Clos de Vougeat e outros tantos da Borgonha. A uva também faz parte da receita que compõem os vinhos da Champagne.
Países: França, Califórnia, Chile, Itália, África do Sul. 
Harmonização: perfeito para aves, caça, vitela, javali e carna suína. Carnes vermelhas bem preparadas e queijos


Sangiovese: é a base dos grandes vinhos da Toscana, boa parte da Úmbria, e Lazio (próximo a Roma), como Chianti, Brunello di Montalcino e Vino Nobilo de Montpulciano.
Países: Itália, Estados Unidos e Argentina
Harmonização: salada de radicce com tomates ao vinagrete de ervas, capeletti in Brodo, ossobuco e risoto Milanês, terrine de pato, fettuccine com almôndegas e molho de tomates ou uma pizza ao molho de tomates.


Syrah/Shiraz: trazida para o Ocidente, criou raízes "modernas" no sul da Borgonha e na Provence (França), onde é conhecida como uva do Rhone, que resulta vinhos de coloração intensa, bem encorpados e aromas de frutas vermelhas. Hoje casta principal dos Côtes-du-Rhône, do famoso Chateauneuf-du-Pape, e dos Côtes-de-Provence. É responsável pelos grandes rótulos da Austrália.
Países: França (Rhône), Austrália, África do Sul e Argentina
Harmonização: carnes, aves e queijos amarelos, fondues, crepes e soufflés.

Tannat: original de Bordeaux (França), hoje é a variedade que reina no Uruguai, altamente tânica e com perfume de amora e framboesa. Países: Uruguai e França. 
Harmonização: pato assado, presunto cru ou cozido, pizza margherita ou calabresa. Costela no bafo ou um prato de frango assado, com polenta e agrião. 


Tempranillo: considerada a melhor uva tinta espanhola, cultivada nas regiões de Rioja e Ribeira del Duero. Resulta um vinho colorido, com baixa acidez, pouco tânico e que envelhece bem no carvalho que lhe confere aromas de tabaco. 
Países: Espanha, Portugal e Argentina Harmonização: carnes grelhadas 


Uvas para vinhos brancos


Chardonnay: tem origem nas regiões de Champagne e Borgonha (França), mas hoje está espalhada pelo mundo todo por sua facilidade de cultivar e vinificar. É usada na produção de clássicos de alta qualidade e reputação na Borgonha, como Chablis, Montrachet e Poully-Fussé, além de ser um importante ingrediente do champanhe. 
Países: França (Borgonha), Estados Unidos (Califórnia), Austrália, Nova Zelândia, Chile, África do Sul, Argentina, Brasil 
Harmonização: peixes leves, carne branca, pratos simples e saladas. Ou mesmo acompanhando frutas e queijos num final de tarde de outono. 


Chenin Blanc: original do vale do Loire (norte da França), já próximo do Atlântico, responsável pelo famoso Vouvray, dá vinhos secos ou doces 
Países: França (Loire), EUA, África do Sul (conhecida como steen), Austrália e Nova Zelândia. 
Harmonização: peixes leves, carne branca, pratos simples e saladas, sendo uma boa pedida para fondues de queijo. 


Gewürztraminer: famosa uva branca da Alsácia (nordeste França), já na fronteira com a Alemanha. A palavra alemã "gewürz" significa aromático, temperado e "würz" quer dizer tempero, especiarias. Daí a produção de vinho frutado, muito aromático, com sabor complexo. Países: França (Alsácia), Alemanha, Itália, Chile, África do Sul, Estados Unidos, Austrália, Nova Zelândia. 
Harmonização: comida regional da Alemanha e da Alsácia, como um kassler (carré de porco) com repolho roxo maturado, batatas cozidas amanteigadas e purê de maçãs. Queijos brie e camembert, com geléias de pimenta e torradas são outras boas combinações. 


Muscat (Moscato e Moscatel): usada para vinhos secos na Alsásia e para espumantes italianos do tipo Asti Espumante e Moscato Bianco, esta uva é plantada no mundo todo é própria de vinhos doces perfumados. 
Países: França (Alasácia), Portugal, Espanha e Itália 
Harmonização: bolos e doces. 


Pinot Gris: uva da família pinot noir do nordeste e leste da França. No norte da Itália é a Pinot grigio. Produz vinhos brancos leves, jovens e secos na Itália e mais ricos e perfumados, na região francesa da Alsácia. Países: França (Alsácia), Itália, Alemanha, Hungria e Nova Zelândia Harmonização: acompanha bem saladas e pratos leves, queijo de cabra e bruschetta. 


Prosecco: encontrada na região de Vêneto, na Itália, resulta em espumantes frescos, frutados, com pouco acidez. 
Países: Itália, Brasil 
Harmonização: com canapés, saladas, mousses salgadas e salmão fresco ou defumado e comida japonesa. 


Riesling: considerada a melhor uva branca do mundo ao lado da chardonnay. Original do vale do Reno, na Alemanha (Baden) e na França (Alsácia), produz vinhos com acidez elevada e teor alcoólico baixo, aromas delicados e florais.Os melhores riesling são encontrados na Alemanha. 
Países: Alemanha, Áustria, Austrália, Nova Zelândia, França (Alsácia) e EUA. 
Harmonização: comida alemã, como salsichas, batatas souté, carré de porco, kassler, chucrutes, maionese de batatas e arenque. Saladas, queijos amarelos, frios, cogumelos, salmão fresco ou defumado e aspargos. 


Sauvignon Blanc: Apresenta acidez aguda e aromas frutados. Uva de ótima qualidade, também é comparada a chardonnay. 
Países: França (Loire, Bordeaux), Nova Zelândia, Chile, Áustria e África do Sul. 
Harmonização: peixes, ostras, carne branca, pratos simples e saladas.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

PT vs. imprensa: opinião pública é a mais nova estatal?

Nós, eleitores, estamos acostumados a ver políticos fazendo suas promessas de campanha na forma afirmativa. “Farei” isso, “realizarei” aquilo, não se cansam de dizer. E na verdade eles pouco fazem daquilo prometido, quando fazem.

No último dia 21 de julho, entretanto, uma frase da candidata do PT à presidência da República, Dilma Rousseff, dita durante uma entrevista dada à TV Brasil, chamou a atenção exatamente por ser uma promessa elaborada na forma negativa: “Eu nunca farei isso!”. O que Dilma com tanta ênfase prometeu não fazer, uma vez eleita, é censurar a imprensa.

Os eleitores ficam divididos. Não sabem se comemoram o fato de a candidata que lidera com folga as pesquisas de intenção de votos fazer questão de externar seu compromisso com a imprensa livre, ou se há motivo para preocupação com a necessidade de a eventual nova chefe de Estado do Brasil prometer não atentar contra a liberdade de imprensa depois que receber a faixa do presidente Lula, se assim for.


A segunda hipótese ganhou força depois que o próprio Lula, do alto do palanque de Dilma, disse em Campinas que “nós” não precisamos de opinião pública. “Nós somos a opinião pública”, afirmou o presidente, como quem diz: “A opinião pública sou eu”. Nas redações das principais praças do país, as críticas de Lula à imprensa soaram imediatamente como uma declaração de guerra da maior autoridade do Estado brasileiro aos meios de comunicação. Mais uma.


Cada vez que Lula se volta contra a imprensa em geral, a imprensa em geral bate na tecla da vontade manifesta de membros do PT de levar a cabo no Brasil um “controle público” dos meios de comunicação e instituir “sanções” aos “abusos” cometidos por jornais e jornalistas, e sobram editoriais recheados de palavras como “mordaça”, “censura” e “autoritarismo”.


Noticiário antiPT?


No mesmo palanque de Campinas, Lula disse ainda: “Tem dias em que alguns setores da imprensa são uma vergonha. Os donos de jornais deviam ter vergonha”. Referia-se ao suposto comportamento dos grandes jornais, revistas e emissoras nacionais em favor da candidatura de José Serra à presidência da República.


No esteio da fúria de seu líder, petistas falam mesmo em “mídia golpista” e “partido da mídia” para se referir à suposta tentativa dos grandes grupos de comunicação de levar Serra ao segundo turno das eleições. Nesta quinta-feira, 23, aconteceu na sede do Sindicatos dos Jornalistas de São Paulo um “ato contra o golpismo midiático” que reuniu centrais sindicais, sindicatos, partidos governistas e movimentos sociais. 


O convite para o ato dizia que a imprensa pretende “castrar o voto popular”, e mais:
“Conduzida pela velha mídia, que nos últimos anos se transformou em autêntico partido político conservador, essa ofensiva antidemocrática precisa ser barrada. No comando estão grupos de comunicação que – pelo apoio ao golpe de 64 e à ditadura militar – O Globo, Rede Globo,  já demonstraram seu desapreço pela democracia.”


O eleitorado petista parece respaldar essa visão de que o noticiário é deliberadamente antiPT, tendo em vista que Dilma vem oscilando pouco nas pesquisas, mesmo com a enxurrada de denúncias contra o partido ocupando espaço nas capas dos jornalões e dominando o tempo dos telejornais.


O próprio Serra, entretanto, teve o seu dia de Lula, por assim dizer, quando ameaçou abandonar uma entrevista na CNT porque a entrevistadora lhe fez uma pergunta sobre as pesquisas de intenção de votos – um assunto que, por motivos óbvios, não lhe interessa abordar. 


O fato é que bem aqui ao lado, na Argentina, Cristina Kirchner quer ver presos os donos dos jornais que mais pegam no seu pé, e na Venezuela… bem, na Venezuela já não há muitos veículos para pegar no pé do comandante do “socialismo do século XXI”.

O (sub)desenvolvimento não se improvisa


 Adam Smith, considerado o pai da moderna economia, deu à sua mais famosa obra, ainda em pleno século 18, o nome de “Uma investigação sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”.  


Dono de uma mente brilhante, não perdeu seu precioso tempo investigando as causas da pobreza das nações


Sabia que esta não tem causas, pois é o estado natural do ser humano e, consequentemente, das nações.


Durante a maior parte da história, a pobreza foi a regra, a condição existencial de nossos antepassados.  Extraordinária mesmo sempre foi a riqueza. Infelizmente, entretanto, muita gente, ainda hoje, não compreendeu esta singela verdade, e continua perguntando, equivocadamente, o que causa a pobreza. Vários livros já foram escritos a respeito.


As respostas mais frequentes para esta falsa questão costumam ser completas falácias:  Fulano é pobre porque Beltrano é rico ou a nação X é rica porque explora a nação Y. O raciocínio – se é que há algum – por trás destas enormidades, é que existe uma quantidade fixa de riqueza na natureza, da qual os ricos ficam com a maior parte.


Partidário dessa teoria, o senador Aloizio Mercadante lançou o nome de Luiz Inácio Lula da Silva para o Prêmio Nobel da Paz de 2011.  O principal argumento do parlamentar é o suposto sucesso do programa de transferência de renda, o Fome Zero, no combate à pobreza.


Nada poderia ser mais equivocado. Se tivesse lido Adam Smith e outros bons economistas, Mercadante saberia que o combate à pobreza se dá através da geração de riqueza, a qual é criada e multiplicada pelo homem através do empreendedorismo, da especialização, da divisão do trabalho e, acima de tudo, do mecanismo de trocas voluntárias.


Isso quer dizer que aqueles mais bem preparados para construir casas serão construtores; aqueles mais bem equipados para tratar os doentes serão médicos; uns fabricarão roupas, outros alimentos; uns darão aulas, outros serão policiais. E por meio do comércio voluntário todos acabarão se beneficiando.


Por isso, quem realmente desejar melhorar a condição de vida dos mais pobres deveria, em lugar de tentar tomar a riqueza dos ricos e distribuí-la aos pobres, pensar em estabelecer as condições necessárias para que o maior número possível de indivíduos possa juntar-se ao mundo dos criadores de riqueza.


A unica forma de vencer a pobreza é criar o ambiente propício para o enriquecimento das sociedades, de forma que os ricos se tornem mais ricos e os pobres se tornem mais ricos.  


Tal ambiente requer um cenário com poucas restrições à atividade econômica privada e um sistema institucional que proteja, de maneira firme e intransigente, o direito de propriedade e o respeito aos contratos, gerando na sociedade um clima de confiança recíproco.


Nesse ambiente, a fortuna é privilégio daqueles que melhor e mais rapidamente identificam os desejos dos consumidores, produzem bens e serviços para atendê-los e administram com maior eficiência e zelo os seus negócios.


Por que a confiança interpessoal é fundamental?  Ora, toda transação econômica é feita por meio de acordos de vontade que visam a adquirir, resguardar, transferir ou conservar direitos de propriedade. Os contratos podem ser expressos ou tácitos, porém a expectativa subjacente é o cumprimento do pactuado, já que, caso contrário, a contratação não teria nenhum sentido.
Com efeito, em sociedades onde o imperativo ético não é regra, as relações pessoais tendem à desconfiança, e as transações econômicas tornam-se complicadas e caras.


É claro que uma sociedade de confiança não nasce do nada. Os indivíduos precisam ser incentivados a confiar uns nos outros. É aí que entra o fundamental papel do governo, pois nós só estaremos propensos a confiar nos demais se tivermos certeza de que, em caso de necessidade, basta chamar a polícia ou apelar à Justiça e elas agirão com presteza em nossa defesa e na defesa das nossas propriedades. Eis por que, no sistema capitalista, a segurança pública, a segurança jurídica e o Estado de Direito são tão importantes para a prosperidade de qualquer nação.


No Brasil, infelizmente, estamos ainda muito longe desse ambiente ideal. No campo da liberdade econômica, somos reféns de uma mentalidade francamente avessa ao lucro e nutrimos grande admiração pelo intervencionismo.


Paralelamente, a economia informal avança sem barreiras. A falsificação e a pirataria correm soltas, sem que as autoridades, os prejudicados e a população em geral tomem qualquer atitude. Basta percorrer as ruas das principais capitais do País para verificar a total impunidade com que camelôs vendem mercadorias pirateadas, quando não contrabandeadas ou roubadas.


Como o respeito aos contratos e o próprio Estado de Direito não estão plenamente assentados, nem em termos das instituições formais (leis e Justiça) nem das informais (ética), a insegurança jurídica grassa, fazendo com que os custos de transação no Brasil estejam entre os maiores do mundo. A consequência mais nítida disso tudo é a nossa baixíssima competitividade no mercado global.


Como dizia Nelson Rodrigues, de quem “roubei” o título acima, “o subdesenvolvimento não se improvisa; é obra de séculos”.


Malgrado a jactância dos atuais governantes em torno dos supostos resultados econômicos e sociais do País, o fato é que ainda temos um longo caminho a percorrer, até que consigamos deixar a pobreza e o subdesenvolvimento definitivamente para trás.


Artigo publicado no site do Instituto Millenium  

Por João Luiz Mauad

Nós somos a opinião pública

Depois da divulgação dos ataques da Imprensa ao mais novo programa do PT, O Bolsa MINHA família, o Presidente Lula declarou "Nós somos a opinião pública"

Pudim de café e nozes

Esta receita reúne duas coisas fantásticas, pudim e café. 







Ingredientes:

5 colheres (sopa) cheias de pó de CAFÉ (100 g)
2 xícaras (chá) de água quente
meia xícara (chá) de açúcar
4 ovos
1 lata de leite condensado
meia xícara (chá) de nozes trituradas

Preparo:

1. Prepare o CAFÉ com a água indicada. Reserve 1 xícara (chá). No restante, junte o açúcar e ferva até formar uma calda grossa.
2. Bata os ovos e adicione o café reservado, o leite condensado e as nozes
3. Espalhe a calda numa fôrma para pudim, com 20 cm de diâmetro. Coloque os ingredientes batidos e leve ao forno para assar em banho-maria, por cerca de 30 minutos.

DICA
As nozes podem ser substituídas por castanha de caju ou coco seco ralado

RENDIMENTO TEMPO DE PREPARO
5 a 6 porções 45 minutos

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Receitas rápidas: Quiche

Quiche de Queijo e Presunto





  
A chef Patricia Abbondanza ensina a preparar uma ótima opção para acompanhar saladas em um jantarzinho informal para os amigos, quiche de presunto e queijo. Ingredientes:

Massa
1 ¼ xícara (chá) de farinha de trigo
1 pitada de sal
1 pitada de fermento em pó
100g de manteiga gelada em cubinhos
2 ou 3 colheres (sopa) de água fria

Recheio
40g de manteiga
1 cebola roxa cortada em fatias finas
1 xícara (chá) de creme de leite fresco
1 xícara (chá) de leite
5 ovos
120g de queijo gruyére ralado (pode substituir por queijo prato)
100g de presunto cozido
80g de parmesão ralado
Sal e pimenta do reino a gosto
Modo de preparo:

Massa
1. Em uma tigela misture a farinha, o sal e o fermento. Junte a manteiga e com a ponta dos dedos, misture até obter uma farofa úmida.
2. Junte água para dar liga, conforme o necessário. Trabalhe a massa até que esteja macia e soltando das mãos.
3. Embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por 30 minutos.

Recheio
1. Em uma tigela misture o leite, creme de leite, os ovos, um pouco de sal e pimenta.
2. Numa frigideira untada com azeite ou manteiga, murche as fatias de cebola até que fiquem quase transparentes.

Montagem
1. Aqueça o forno a 180°C.
2. Abra a massa com um rolo e forre uma forma de fundo falso de 25cm de diâmetro.
3. Arrume a cebola e o presunto sobre a massa.
4. Coloque também o queijo gruyére ralado espalhado sobre a massa.
5. Despeje por cima o creme de ovos. Salpique o queijo parmesão ralado por cima.
6. Leve ao forno médio (180°C) por aproximadamente 35 minutos, ou até que o creme esteja firme e levemente dourado.

Serve: 8 pessoas
Tempo de preparo: 1hora e 30min
 

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Tempos difíceis estão por vir

Ganhar ou perder eleições faz parte do jogo democrático.  Quando acaba devíamos apenas pensar no país que segue seu rumo. Mas hoje estamos vivendo tempos difíceis. 

O Atual governo faz de tudo para dividir o país. É o eterno jogo de negros contra brancos, pobres contra ricos, instruídos contra não instruídos, para, por fim eles poderem chegar ao que realmente importa: nós (PT e seus petralhas) contra todos que ousem discordar de seus métodos de sovietização de nossa sociedade. 

Primeiro eles tentaram desarmar a sociedade, sob o falso pretexto de com isso buscarem a redução da criminalidade, porém sem nada ofertar para dar mais segurança ao cidadão comum. Desarmar o MST (Movimento dos sem terra) nem pensar. Em seguida tentaram resgatar instrumentos da velha ditadura para amordaçar a imprensa, em seguida tentaram calar os procuradores que insistiam em investigar os crimes de corrupção. No cerne do pensamento petista a imprensa livre é um problema, algo que precisa ser resolvido e rápido, pelo menos nas palavras do camarada Dirceu. 

Um vento de autoritarismo varre a américa latina. Brasil, Venezuela, Argentina, Bolívia e Peru tentam de todas as maneiras calar as vozes dissidentes. Seguem o exemplo do Fidel, seu líder, seu paradigma. Que conseguiu transformar Cuba no maior prostíbulo do mundo, estima-se que em Cuba exista 1.000.000 de prostitutas. Que agora simplesmente reconhece que o modelo econômico do país não funciona mais. Isto depois de ter fuzilado a todos que tiveram a audácia de discordar do líder. 

Nosso presidente, em comício político fala em esmagar um partido político legalmente instituído. O Presidente pensa que pode tudo, até passar por cima da constituição. 

O presidente nega tudo, basta que os crimes tenham sido cometidos pelos seus acólitos ou por seus familiares. Nestes casos ele não viu, não escutou, não foi comunicado. 

Agora voltam a pensar em calar a imprensa, parece que o movimento é orquestrado, todos unidos contra uma imprensa livre e democrática. Tempos difíceis estão por vir. Mas tudo isso passa, só não passa são os danos que estes loucos causam as instituições. E o povo? Bem o povo continua sendo engabelado por alguma bolsa qualquer, que garante votos em troca de subserviência. 

Na Roma antiga isto funcionou até um certo ponto, a política do pão e do circo,  levando ao enfraquecimento, a destruição do Império invadido pelos bárbaros. Bem, mas isto um dia a história contará. 

Lula é um fenômeno religioso :: Arnaldo Jabor


DEU NO JORNAL DO COMMERCIO (PE)
Lula não é um político é um fenômeno religioso. De fé. Como as igrejas que caem, matam os fieis e os que sobram continuam acreditando. Com um povo de analfabetos manipuláveis, Lula está criando uma igreja para o PT dirigir, emparedando instituições democráticas e poderes moderadores.

Os fatos são desmontados, os escândalos desidratados para caber nos interesses políticos da igreja lulista e seus coroinhas. Lula nos roubou o assunto. Vejam os jornais, todos os assuntos são dele, tudo converge para a verdade oficial do poder. Lula muda os fatos em ficção. Só nos resta a humilhante esperança de que a democracia prevaleça.

Depois do derretimento do PSDB, o destino do País vai ser a maçaroca informe do PMDB agarrada aos soviéticos do PT, nossa direita contemporânea. Os comentaristas ficam desorientados diante do nada que os petistas criaram com o apoio do povo analfabeto. Os conceitos críticos como razão, democracia, respeito à lei, ética, ficaram ridículos, insuficientes raciocínios diante do cinismo impune.

Como analisar com a Razão essa insânia oficial? Como analisar o caso Erenice, por exemplo, com todas as provas na cara, com o Lula e seus áulicos dizendo que são mentiras inventadas pela mídia? Temos de criar novos instrumentos críticos para entender esta farsa. Novos termos. Estamos vendo o início de um chavismo light, cordial, para que a massa atrasada seja comandada pela massa adiantada (Dilma et PT). Os termos têm de ser mudados. Não há mais propina, agora o nome é taxa de sucesso. A roubalheira se autonomeia revolucionária assalto à coisa pública em nome do povo. O que se chamava vítima agora se chama réu. Os escândalos agora são de governos inteiros roubando em cascata, como em Brasília, Rondônia, e Amapá são girândolas de crimes. Os criminosos são culpados, mas sabem tramar a inocência. O não agora quer dizer sim.

Antigamente, se mentia com bons álibis, hoje, as tramoias e as patranhas são deslavadas, não há mais respeito nem pela mentira. Está em andamento uma revolução dentro da corrupção, invadindo o Estado em nossa cara, com o fito de nos acostumar ao horror. Gramsci foi transformado em chefe de quadrilha.

Nunca antes nossos vícios ficaram tão explícitos, nunca aprendemos tanto de cabeça para baixo.

Já sabemos que a corrupção no País não é um desvio da norma, não é um pecado ou crime, é a norma mesmo, entranhada nos códigos e nas almas. Nosso único consolo: estamos aprendemos muito sobre a dura verdade nacional neste rio sem foz, onde as fezes se acumulam sem escoamento. Por exemplo: ganhamos mais cultura política com a visão da figura da Erenice, a burocrata felliniana, a mãe coragem com seus filhos lobistas, com o corpinho barbudo do Tuminha (lembram?), com o make-over da clone Dilma (que ama a ex-Erenice, seu braço direito há 15 anos), com o silencio eufórico dos Sarneys, do Renan, do Jucá... Que delícia, que doutorado sobre nós mesmos!

Ao menos, estamos mais alertas sobre a técnica do desgoverno corrupto que faz pontes para o nada, viadutos banguelas, estradas leprosas, hospitais cancerosos, esgotos à flor da pele, tudo proclamado como plano de aceleração do crescimento popular.

Nossa crise endêmica está em cima da mesa de dissecação, aberta ao meio como uma galinha. Meu Deus, que prodigiosa fartura de novidades imundas, mas fecundas como um adubo sagrado, belas como nossas matas, cachoeiras e flores.

Os canalhas são mais didáticos que os honestos. Temos assistido a um show de verdades mentirosas no chorrilho de negaças, de cínicos sorrisos e lágrimas de crocodilo. Como é educativo vermos as falsas ostentações de pureza para encobrir a impudicícia, as mãos grandes nas cumbucas e os sombrios desejos das almas de rapina. Que emocionante este sarapatel entre o público e o privado: os súbitos aumentos de patrimônio, filhinhos ladrões, ditadura dos suplentes, cheques podres, piscinas em forma de vaginas, despachos de galinhas mortas na encruzilhada, o uísque caindo mal no Piantela, as flatulências fétidas no Senado, as negaças diante da evidência de crime, os gemidos proclamando honradez e patriotismo.

Talvez esta vergonha seja boa para nos despertar da letargia de 400 anos. Através deste escracho, pode ser que entendamos a beleza do que poderíamos ser!

Já se nos entranhou na cabeça, confusamente ainda, que enquanto houver 20 mil cargos de confiança no País, haverá canalhas, enquanto houver Estatais com caixa preta, haverá canalhas, enquanto houver subsídios a fundo perdido, haverá canalhas. Com esse código penal, nunca haverá progresso.

Já sabemos que mais de 5 bilhões por ano são pilhados das escolas, hospitais, estradas, sem saneamento, com o Lula brilhando na TV, xingando a mídia e com todos os mensaleiros, sanguessugas e aloprados felizes em seus empregos e dentro do ex-partido dos trabalhadores. E é espantoso que este óbvio fenômeno político, caudilhista, subperonista, patrimonialista, aí, na cara da gente, seja ignorado por quase toda a inteligentsia do País, que antes vivia escrevendo manifestos abstratos e agora se cala diante deste perigo concreto que nos ronda. No Brasil, a palavra esquerda ainda é o ópio dos intelectuais.

A única oposição que teremos é o da imprensa livre, que será o inimigo principal dos soviéticos ascendentes. O Brasil está evoluindo em marcha a ré! Só nos resta a praga: malditos sejais, ó mentirosos e embusteiros! Que a peste negra vos cubra de feridas, que vossas línguas mentirosas se transformem em cobras peçonhentas que se enrosquem em vossos pescoços, e vos devorem a alma.

Os soviéticos que sobem já avisaram que revistas e jornais são o inimigo deles.

Por isso, si vis pacem, para bellum, colegas jornalistas. Se quisermos a paz, preparemo-nos para a guerra.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Reflexões

"É  impossível levar o pobre à prosperidade através  de legislações que punem os ricos pela prosperidade.

Para cada pessoa que  recebe  sem  trabalhar,  outra pessoa deve trabalhar sem receber.

O governo não pode dar para alguém aquilo que  tira  de  outro  alguém.

Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá  sustentá-la,
 e  quando  esta  outra  metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então  chegamos  ao  começo  do  fim  de  uma  nação".    

Adrian Rogers, 1931

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Cuba: Alguém quem comprar?



Cuba é bem mais do que uma ilha em forma de lagarto, plantada no meio do Caribe. Cuba é um divisor de águas entre democratas e totalitários. Não tem erro. Saiu em defesa de Cuba, começou a falar em educação, saúde e “bloqueio” americano, deu. Não precisa dizer mais nada. O cara abriu a porta do armário e assumiu. O negócio dele é o comunismo da velha guarda. Na melhor das hipóteses, marxismo-leninismo; na pior e mais provável, stalinismo.



Pois eis que Fidel Castro decidiu conceder longa entrevista ao jornalista norte-americano Jeffrey Goldberg. Embora a pauta fosse o ambiente político do Oriente Médio e o tom belicoso das posições de Ahmadinejad, Fidel gosta de falar e outros assuntos entraram na conversa. Não li toda a matéria. Poucas coisas serão tão infrutíferas quanto conhecer a opinião de Fidel a respeito de Ahmadinejad. Convenhamos. Horas tantas, o jornalista faz uma pergunta absolutamente sem sentido e obtém por resposta algo que arrancou manchetes mundo afora. É dessas coisas que acontecem uma vez na vida de cada jornalista sortudo. A pergunta foi sobre se valia a pena exportar o sistema cubano para outros países. Pondere, leitor, o absurdo da indagação: como poderia haver interesse em exportar algo sem qualquer cotação no mercado mundial há mais de três décadas? E Fidel saiu-se com esta: “O modelo cubano não funciona mais nem para nós”. Como se percebe, há na frase sinceridade e falsidade. Sincero o reconhecimento. Falsa a sugestão de que, durante certo tempo, o sistema teria funcionado.


De todo modo, até o dia 8 de setembro, quando foi divulgada a observação do líder da revolução cubana, supunha-se que só ele, o líder da revolução cubana ainda levasse fé na própria obra. Dois dias mais tarde, diante da repercussão internacional dessa sapientíssima frase, ele voltou atrás e disse ter sido mal-interpretado. Alegou que afirmara o oposto: o que não funcionaria é o capitalismo. E assim ficamos sabendo que os países capitalistas são um desastre e os socialistas um sucesso de público e renda.


Entenda-se o velho. Aos 84 anos ele já não pode mais voltar atrás. Vendeu a alma a Mefisto e os ponteiros de seu relógio quebraram. Quando fez uma primeira experiência com a sinceridade, deu-se mal. Coisa como para nunca mais. Era preciso retroceder e apelar para o “fui mal entendido”. Está bem, Fidel. Foste mal entendido. Mas ainda que tivesses sido bem entendido, andaste bem longe do problema de teu país. Neste último meio século, as dificuldades da antiga Pérola do Caribe, que transformaste num presídio, bem antes de serem econômicas, são políticas! Mais do que a ineficácia de uma economia estatizada, o que faz dó em Cuba é o totalitarismo. É a asfixia de todas as liberdades. São as prisões por delito de opinião. São os julgamentos políticos em rito sumaríssimo. É o paredón. É o aviltamento dos direitos humanos (quem disse que eles se restringem a educação e saúde?). É a perseguição aos homossexuais. São os linchamentos morais. É haver um espião do governo em cada quarteirão de cada cidade do país. É a dissimulação como forma de convívio social. É a falta de algo a que se possa chamar de vida privada. É terem os estrangeiros, em Cuba, direitos que são negados aos cubanos. É serem os cubanos cidadãos de segunda categoria em seu próprio país.


Há meio século – contam-se aí duas gerações – Cuba está submetida aos devaneios totalitários de um fanático que, para maior dos pesares, agrupou adeptos mundo afora. Esses adeptos atuaram na mais inverossímil e resistente montagem publicitária que o mundo já viu, em tudo superior à soviética, que desabou 21 anos atrás. Pois não bastasse a ressonância universal do fracasso, o mundo se encanta quando Fidel declara que o sistema econômico cubano não funciona mais. Uma pergunta que não quer calar. Funcionou algum dia?  Mas o problema de Cuba é outro e ele está longe de reconhecer.


É  Chico Buarque e agora? O que que você vai dizer? Gostaria de ouvir o Garcia Marquez, o Lula, o Niemeyer. Gente, como vai ser o discurso de vocês agora!! Haja marketeiro.