terça-feira, 7 de setembro de 2010

Dinheiro traz felicidade?

Trabalhador chinês em frente a cartaz de serviço de oferta de dólares: bem-estar cresce com aumento da renda. Foto: ReutersDiz o ditado que dinheiro não compra felicidade. Pois a revisão de uma série de estudos - conduzida, claro, por um economista - jogou a sabedoria popular ao léu. O bem-estar emocional das pessoas é proporcional à sua renda - ao menos para os contracheques até R$ 130 mil anuais, segundo pesquisa publicada na edição desta terça-feira da revista "Proceedings of the National Academy of Sciences".
Até este patamar financeiro, "os problemas são tão imediatos que é difícil ser feliz. Eles interferem em seu prazer", explica o economista Angus Deaton, do Centro para Saúde e Bem-estar da Universidade de Princeton, nos EUA. Deaton e Daniel Kahneman revisaram pesquisas realizadas com 450 mil americanos entre 2008 e 2009. Os levantamentos questionavam o que tornava as pessoas felizes em seu cotidiano, além de pedir uma avaliação sobre o quanto estavam satisfeitas com a vida. A felicidade aumentava junto com a renda.
- Dar mais dinheiro para quem ganha além de R$ 130 mil mensais não mudará significativamente seu humor diário, mas fará a pessoa sentir que ela tem uma vida melhor - explicou Deaton. - Para alguém situado nesta faixa, não é surpreendente que ela, ao trocar seu emprego por outro com o salário dobrado, sinta-se mais bem sucedido. Mas isso não quer dizer necessariamente que ela vai sentir-se mais feliz todos os dias.
Segundo o economista, os resultados foram confirmados em outras medições. Por exemplo, as pessoas tornavam-se mais felizes nos fins de semana, embora a chegada dos dias de descanso não provocasse mudanças profundas em seu sentimento de bem-estar.
Ao lado de Kahneman, psicólogo vencedor do Prêmio Nobel, Deaton realizou o estudo com o propósito de aprender mais sobre o crescimento econômico. Houve questionamentos sobre a importância deste fator para os indivíduos, mas ainda não há uma relação absoluta entre estes dois pontos.
- Trabalhar neste projeto me trouxe um grande bem-estar emocional - afirmou Deaton. - Como um economista, eu tendo a pensar que dinheiro é bom para você, e fico grato por constatar que existe uma prova disso.

Dinheiro é bom sim. Resolve a grande maioria dos problemas. E as vezes cria alguns, quando você não está preparado para ele. Mas algumas conclusões da pesquisa são muito rasas: penso que primeiro seria necessário definir o que é felicidade. Alguém se habilita a defini-la? Ela pode ser definida de uma forma genérica ou é algo muito pessoal? Sim, aquilo que me faz faz feliz, pode não faze-lo feliz. A renda per capita dos países nórdicos está entre as maiores do planeta, assim como eles tem o melhor IDH, em compensação eles também tem as maiores taxas de suicídio. Ops, um suicida não é necessariamente uma pessoa feliz. Como explicar isto? Concluir que porque as pessoas ficam mais felizes durante o final de semana, é para mim, no mínimo um equívoco: elas estão felizes porque não estão trabalhando. A maioria das pessoas não gosta de trabalhar. Desde a Grécia antiga, a atividade está relacionada com pessoas inferiores, não é a por acaso que as propagandas nunca exibem pessoas em ambiente de trabalho. 
Mas é inegável que dinheiro melhora a qualidade de vida do ser humano: ele come melhor, veste melhor, proporciona conforto aos seus filhos, viaja. Se tudo isto por si só proporciona um estado de espírito que leva a felicidade, aí já são outros quinhentos. Conheço um monte de pessoas, com tudo isso e que não podem ser qualificadas como felizes. E outras que não tem quase nada disso e são muito felizes. 

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