quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Brilhante
José Saramago.


"Há esperanças que é loucura ter. Pois eu digo-te que se não fossem essas já eu teria desistido da vida." - do livro Ensaio sobre a Cegueira, de José Saramago.

Considerado o responsável pelo reconhecimento internacional da prosa em língua portuguesa, e um dos mais brilhantes autores do mundo, o português José Saramago faleceu no dia 18 de junho de 2010 aos 87 anos. Durante suas quase nove décadas de vida, suas opiniões fortes sobre religião e política tiveram grande repercussão na mídia, assim como seus livros de grande sucesso. A mais famosa de suas obras, o livro "Ensaio sobre a Cegueira", foi adaptado para os cinemas pelo diretor brasileiro Fernando Meirelles. Em sua própria definição, Saramago era um "comunista hormonal".

Nascido na aldeia de Azinhaga, na Província de Ribatejo, ao sul de Portugal, Saramago mudou-se para Lisboa com sua família ainda criança. Filho de agricultores, ele teve muitas dificuldades econômicas e não conseguiu terminar seus estudos secundários. Entre os empregos que teve até encontrar espaço no jornalismo e na literatura, estão serralheiro mecânico, desenhista, funcionário da saúde e da previdência social e tradutor. Ele foi um dos poucos portugueses a conseguirem viver apenas de sua literatura.

Autodidata, o português sempre mostrou interesse por literatura, cultura e política, e, fascinado por livros, visitava na parte da noite a Biblioteca Municipal Central. Seu primeiro livro publicado foi o romance "Terra do Pecado". Um hiato de quase 20 anos separou o primeiro romance do livro de poemas que veio em 1966, e abriu espaço para ele entrar no ramo literário, trabalhando uma editora, como crítico literário da revista Seara Nova e comentarista político do jornal Diário de Lisboa. Outros feitos profissionais do autor incluem a participação da primeira Direção da Associação Portuguesa de Escritores, e foi presidente da Assembléia Geral da Sociedade Portuguesa de Autores, de 1985 até 1994.

Com um estilo literário único, que incluía diálogos nos meios do parágrafo, pouco pontuação e um texto corrido, Saramago escreveu contos, crônicos, poemas e peças teatrais, todos que foram sucessos mundiais. Os livros "Levantado do Chão" e "Memorial do Convento" (de 1980 e 1982, respectivamente), conferiram notoriedade ao autor, que passou a escrever obras polêmicas como "O Evangelho Segundo Jesus Cristo", censurado pelo governo português, motivo pelo qual ele se exilou em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, Espanha. Sua carreira atingiu o auge ao ganhar o Prêmio Camões (mais importante prêmio da literatura portuguesa), em 1995, e o Prêmio Nobel de literatura, em 1998. O último livro que o autor publicou, "Caim", gerou muita polêmica com a igreja católica. Uma perda irreparável para a literatura mundial. 




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