domingo, 24 de março de 2013

Caribe Colombiano



PROVIDÊNCIA, Colômbia - Do alto, o mar do Caribe colombiano é uma paleta de cores com nuances entre o azul-turquesa e o verde-marinho. A bordo do bimotor que leva até 17 passageiros, entende-se por que aquelas águas são chamadas de mar das sete cores, cuja variação de tons ocorre devido ao tipo de areia, à abundância de corais e à profundidade do oceano. Contemplar a paisagem alivia a tensão da extenuante viagem, finalizada no pequeno avião. Ao todo, foram quase 24 horas de baldeações entre Rio, São Paulo e Bogotá até chegar a San Andrés, arquipélago a 700 quilômetros da costa continental da Colômbia. De lá, são 72 quilômetros, ou 25 minutos de voo, até a Ilha da Providência, próxima ao litoral da Nicarágua, na América Central.
O transporte exige espírito de aventura. Mas, o visual compensa. A alternativa é o catamarã: três horas de viagem. Muitos dos visitantes que vão a San Andrés não sabem que perto dali há um paraíso isolado. Um lugar ideal para quem quer se desplugar do mundo (com um sinal de internet rarefeito) e está à procura de tranquilidade. Não são poucos os motivos que levam um turista a embarcar para Providência. O principal deles é o fato de integrar a Reserva da Biosfera Seaflower - a terceira maior barreira de corais do mundo - depois de Austrália e Belize.
Os recifes de Providência - que junto com a ilha de Santa Catalina compõe um arquipélago de 22 quilômetros quadrados de área, onde vivem 4.802 habitantes - , atraem sobretudo praticantes de mergulho. Eles se referem à ilha como um dos melhores lugares do mundo para o esporte. Existem quatro escolas de mergulho que oferecem cursos, com duração de cinco a sete dias, e certificação internacional para a prática por cerca de R$ 750. Quem quiser experimentar só por um dia pode fazê-lo por R$ 150. Este valor inclui aula teórica, exercícios numa praia e o mergulho a dez metros de profundidade nos corais por 40 minutos.
De tão límpidas que são as águas, a sensação é de nadar num aquário, entre peixes coloridos e espécies de corais. Vi uma arraia e uma tartaruga passarem ao meu lado. Com sorte, é possível encontrar golfinhos, barracudas e até tubarões-tigre e martelo. Isto, segundo os guias, sem perigo, já que essas criaturas se alimentam bem no ecossistema local. É claro que existem riscos. Mas, basta respeitar a regra básica para o mergulho: não tocar em nada. O coral de fogo, por exemplo, é venenoso e pode causar queimaduras graves.
Para quem planeja viagem a San Andrés e quer conhecer Providência, uma opção é contratar o tour de um dia. Por R$ 450, há pacotes com passeio de barco pelas praias, snorkel na barreira de corais e voo de ida e volta, com saída às 8h e retorno às 16h30m. As águas calmas, mornas e o clima quente, na casa dos 28 graus Celsius, o ano todo, não deixam dúvidas: não há tempo ruim para os passeios de barco.
Normalmente, as embarcações percorrem os principais pontos turísticos, como o Cayo Caranguejo, onde se tem uma das melhores vistas dos recifes e o Parque Nacional Natural McBean Lagoon, que guarda parte da barreira de corais. No tour, é possível observar aves como as fragatas. Dentre elas, distinguem-se os machos, que têm uma espécie de bolsa vermelha no pescoço que se expande em forma esférica. Quanto maiores, mais sedutores eles são para as fêmeas.
Há ainda a Baía Manzanillo, onde estão as praias mais bonitas. É possível reservar os passeios nas pousadas e nos hotéis. Outro ponto turístico que faz parte do roteiro é visitar Santa Catalina, ilha vizinha, onde vivem 198 pessoas. Ela é ligada a Providência por uma ponte conhecida como a Ponte dos Apaixonados, que passa sobre o Canal Aury, construído por piratas no século XVII e que remonta a uma história de guerras entre espanhóis e ingleses que se arrastaram por séculos.
A colonização insulana começa em 1629 com a chegada dos britânicos, que a usaram como base para corsários. Eles tinham como missão atacar os navios invasores. Antes disso, há referências de que os índios da América Central estiveram por lá e até mesmo chineses, em embarcações arcaicas. Em 1641, começou a batalha pela posse das terras e a Espanha expulsou os colonos ingleses. No entanto, em 1670, Henry Morgan retomou o território para os britânicos, que o perderam no século seguinte aos espanhóis. A figura de Morgan marcou seu tempo e hoje dá nome a um importante ponto turístico de Santa Catalina, a Cabeça de Morgan, uma rocha cujo formato parece o rosto do próprio. Nessa pequena ilha habitada por iguanas, é onde são encontrados os fortes e canhões do pirata, além de cavernas que, segundo a lenda, guardam seus tesouros.Cultura em ambiente rústico
Alegres, amáveis e generosos, os insulanos de Providência são pessoas tranquilas. E os 15 mil visitantes que a ilha recebe por ano precisam se adaptar ao ritmo local, sobretudo no que diz respeito aos serviços.
Quanto à hospedagem, não espere luxo. Hotéis e pousadas são no máximo três estrelas. Porém, há opções charmosas e confortáveis como as afiliadas à rede de hotéis Decameron. No centro comercial da ilha, que conta com dois bancos, é possível sacar dinheiro em caixa eletrônico, mas a tarifa custa cerca de R$ 6. O melhor é levar em espécie, sobretudo pesos colombianos. A maior parte dos estabelecimentos não aceita cartões.
Os idiomas falados são o inglês, espanhol e o criollo, dialeto local de base inglesa. A origem africana de boa parte da população se traduz na mistura de ritmos europeus e afrocaribenhos que domina os bailes locais. Destacam-se a polca, a mazurka, a socca, o vallenato e principalmente o reggae. Há também o mode up, um ritmo de San Andrés que lembra o axé.
Disposto a encarar o ambiente de simplicidade, o visitante encontra já no pequeno aeroporto El Embrujo uma ilha onde a infraestrutura deixa um pouco a desejar. A começar pelos táxis na porta do terminal: na maioria picapes, levam os turistas em bancos de madeiras improvisados em suas caçambas. Outra opção é tomar um dos mototáxis, que estão por toda parte.
Se o pacote não incluir transporte pela ilha, uma opção é alugar um carro de golfe, uma scooter ou até mesmo uma moto convencional. Vale a pena para percorrer as praias da ilha durante o dia e sair à noite, sem ter a preocupação de combinar com um táxi um horário específico para voltar. Caranguejo é carro-chefe
A gastronomia na ilha é baseada em frutos do mar. O carro-chefe entre os pratos é o caranguejo, que apresenta mais de 50 espécies endêmicas na Providência. No rústico e estiloso Donde Martin, o chef Martin Quintero prepara o caranguejo negro, delicioso prato típico. Casquinha e patinhas do crustáceo vêm acompanhadas de purê de abóbora com coco servido dentro de uma fruta-pão. A iguaria, que sai por cerca de R$ 30 por pessoa, é acompanhada de entrada, petisco de banana frita (salgado) com molho de tomate e sobremesa - crepe com sorvete de milho e calda de chocolate.
Outra opção é o camarão creolle, prato individual servido por R$ 30 no restaurante Cafe Studio, que funciona numa pequena cabana em Água Dulce. Os camarões são cozidos no molho de tomate acompanhados de bananas fritas, salada de maionese com repolho e cenoura e uma porção de arroz de coco. Uma das casas mais econômicas da ilha é o Bridge Side, em Santa Isabel. O menu do dia, em geral, peixe ou caranguejo, custa cerca de R$ 10. O prato principal vem acompanhado de sopa de entrada e suco - o de de fruta-pão é a boa pedida.
COMO CHEGAR
De avião: A Satena voa de San Andrés a Providência em bimotor, a partir de R$ 279, ida e volta. Tarifas para novembro, com taxas.
ONDE FICAR
Cabañas Água Dulce: Diária a R$ 103. Sector Água Dulce.cabanasaguadulce.com
Hotéis Decameron: A rede, presente na Colômbia e no Caribe, possui cinco hotéis em Providência. Contatos pelo site decameron.com.
Hotel El Pirata Morgan: Diárias a partir de R$ 135. Água Dulce. Tel. (57) (08) 514-8237.
Hotel Sirius: Diárias partir de R$ 162. South West Bay. siriushotel.net
Sol Caribe Providência: Diárias a R$ 135, com café da manhã.Sector Água Dulce. solarhoteles.com
ONDE COMER
Bridge Side: Santa Isabel. Tel. (57) (8) 514-8243.
Cafe Studio: South West Bay. Tel. (57) (8) 514-9076.
Donde Martin: Água Dulce. Tel. (57) (8) 514-8698.

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