domingo, 3 de janeiro de 2010

Gastando o meu tempo

Tem gente que não sabe sair sozinha, não vai nem ao cinema sem companhia. Há casos extremos, dos que não vivem sem o outro. Minha mãe, que mora sozinha numa casa de um bairro afastado (Jacarépagua), já ouviu muitas vezes " Você não tem medo de morar sozinha?". Mas o que essas pessoas queriam mesmo perguntar era "Você não fica muito solitária estando só?"


Viver com ou sem alguém é opção ou circunstância, não deveria ser tábua de salvação.

Para culminar um trecho de Clarice Lispector: "Quanto a meu sábado - que fora da janela se balançava em acácias e sombras - eu preferia, a gastá-lo mal, fechá-lo em mão dura, onde eu o amarfanhava, como a um lenço".

Isso nos faz pensar quantas pessoas gastam mal seu tempo. A uma necessidade imperiosa de ir a algum lugar quando chega o carnaval ou um feriado prolongado, mesmo que este lugar seja um verdadeiro programa de índio. É impossível ir a algum lugar, um mero cinema, desacompanhado. Sentar em um café, pedir uma agua, ler um jornal. Fazer uma viagem.

Enfim as pessoas precisam fazer alguma coisa, gastar o seu tempo, não importa com que e estar sempre acompanhado, não importa com quem.

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