segunda-feira, 10 de outubro de 2011

À mesa, diversidade global de Toronto colhida no mesmo dia



Nota Bene: restaurante de Toronto oferece cardápio com pratos de sabor internacional, com ingredientes ultra frescos / Foto: Cristina Massari

TORONTO - A diversidade cultural de Toronto é bem explicada por sua gastronomia. As influências vêm de todas as partes do mundo, e muitos dos bons restaurantes na cidade se dedicam a oferecer uma seleção de pratos que privilegiam os ingredientes mais frescos e de preferência originários de produtores locais.
No Nota Bene, não se deixe enganar pelo nome italiano. O restaurante guarnecido pelo chef executivo David Lee (inglês, com ascendência chinesa e das Ihas Maurício) tem como coproprietários o francês Yannick Bigourdan e o veneziano Franco Prevedello. No cardápio, comida global, mas cujo estilo é descrito como "cozinha canadense, fresca e da estação". As opções incluem o Big Eye tuna tartare (com molho cítrico de soja, abacate e gengibre, CAD 15) de entrada, batatas fritas (um clássico que nunca falta na mesa de Toronto) servidas aqui com queijo pecorino (CAD 9), e o Grilled rare hanger steak (com molho chimichurri e cebolas caramelizadas, CAD 28), que não chega à mesa menos que mal passado, avisa a garçonete. Lee, o chef, ressalta a importância de se ter sensibilidade ao cozinhar.
- Estudei na Suíça onde aprendi que duas coisas são importantes: de onde se traz os produtos que se usa na cozinha e o que fazer com eles. Toda nossa charcuterie é feita na casa. Trabalhamos com ingredientes sempre frescos. Os legumes e as verduras que servimos são colhidos na mesma tarde em fazendas da Província de Ontário - conta.
Vieiras grelhadas sobre salada morna de batatas, prato caprichado no Restaurante Luma, em Toronto / Foto: Cristina MassariLuma, o restaurante que fica no prédio do Toronto International Film Festival (Tiff), está entre os mais concorridos da cidade, principalmente para quem aproveita o horário do almoço na agenda de trabalho. Não é à toa que sua ampla antessala se chama Blackberry Lounge (um produto orgulhosamente canadense, diga-se de passagem). O chef executivo Jason Bangerter se esmera em criar pratos não só lindos como deliciosos. A sopa do dia - cenoura e gengibre (CAD 8) - veio honesta, simples, abertura perfeita para o prato de frutos do mar: vieiras grelhadas e tirinhas de bacon sobre salada morna de batatas (CAD 23), um acompanhamento à altura. Vale deixar lugar para uma das opções de sobremesas. A tortinha de limão com crosta crocante é uma das especialidades da casa.
Outro endereço badalado na cidade é o Origin. Estilo "tapas com pernas", é descontraído na medida certa para quem sai do trabalho no centro financeiro, pertinho da Union Station, em frente a igreja St. James. Na TV, filmes na linha "Pulp fiction", e trilha sonora embalada por Rolling Stones. Sob o comando do chef executivo uruguaio Claudio Aprile e do chef de cuisine colombiano Steve Gonzalez, o cardápio tem uma boa pegada de receitas sul-americanas. Aprile, que tem outro restaurante ali perto, o Colborne Lane, voltado para uma cozinha mais experimental, explica que no Origin o cardápio é mais intuitivo:
- No outro restaurante temos a preocupação de trabalhar a forma da comida, experimentar mais. Uma salada de tomates lá precisa ser reconfigurada e até acharmos a forma perfeita, a safra do tomate acaba. Então quis abrir este restaurante para cozinhar, apenas. Um restaurante onde não fosse necessário pensar muito para preparar um prato. A comida aqui tem que ser de preparo rápido. Este não é um restaurante intelectual. As pessoas querem ser divertir e comer, mas nada muito experimental - explica Aprile.
Além de intuitivo, pode-se acrescentar que o cardápio do Origin acrescenta uma dose da emoção na seleção dos pratos. Aprile conta que sua mãe o trouxe pequeno do Uruguai para o Canadá, mas adoeceu ao chegar ao país e o entregou para adoção. Criado sem aprender a língua materna, Aprile hoje conversa com a mãe em inglês (mas ela só fala em espanhol) e inspirou-se nos sabores da terra natal para criar uma das sobremesas especiais da casa: doce de leite uruguaio com cristais de framboesa congelados e pitadinhas de sal marinho (CAD 10) e mousse de limão no final. O cardápio, com cerca de 40 itens, inclui ainda burratas, pipoca com óleo de trufas e batatas fritas com chouriço (as porções variam em torno de CAD 5 a CAD 16, as porções maiores). O ceviche Hamachi veio com mostarda picante, batata doce e milho estava delicioso. O lugar também é uma ótima pedida para o brunch aos sábados e domingos, das 10h às 15h.
Quando o jantar termina em pista de dança
Roosevelt Room, em Toronto: depois do jantar, restaurante tem as mesas recolhidas para dar lugar à pista de dançca / Foto: Cristina MassariA noite em Toronto é animada, apesar de começar e terminar cedo. Tão cedo que muitos restaurantes funcionam também como lounges ou clubes após o jantar. No Roosevelt Room, as mesas de jantar são substituídas por mesas baixas de bebidas. Das 23h até as 2h, predominam as microssaias em grupos de amigos que festejam aniversários, despedidas de solteiros, e outros bons momentos da vida.
O The Fifth Grill também reúne restaurante e night club, mas em ambientes independentes. Para chegar ao restaurante, atravessa-se o salão que horas depois vai estar fervendo, para subir por um elevador de carga até o andar superior deste velho armazém, com música ambiente, cantada e tocado ao vivo, e um cardápio caprichado, sem ser rebuscado: sopa do dia ou salada; risoto de rúcula, queijo de cabra e tomates e sobremesa, por CAD 40, no menu fixo. Também fez sucesso o camarão grelhado jumbo, com curry tailandês e molho de coco, por CAD 36.
Ostras e cervejas no distrito histórico
Oyster Bar do Pure Spirit, no Distillery District, em Toronto  / Foto: Cristina MassariDistillery District é um bairro industrial, formado por antigos armazéns, que foi revitalizado e hoje se transformou num centro de arte e lazer só para pedestres. Ciclistas são bem-vindos e grupos de visitantes de segway circulam vez por outra entre os pedestres, pelos prédios de arquitetura industrial vitoriana, cujo conjunto tombado de 44 prédios da primeira metade do século XIX, é considerado como um dos mais bem preservados da América do Norte. Foi reaberto como o centro de arte e lazer que se tem hoje em 2003, revitalizando uma parte da cidade que andava meio esquecida. Agora, prédios residenciais começam a brotar nas bordas da destilaria num evidente sinal de valorização da área. O lugar é bastante procurado por produtores de cinema. Entre os filmes mais conhecidos rodados ali estão "Chicago" e "X-Men".
No local há esculturas ao ar livre, chocolateria, restaurantes e a cervejaria artesanal Mill Street (encontrada em diversos bares da cidade), que produz quatro tipos de cerveja, inclusive uma com sabor de café. O restaurante Pure Spirit tem um bar de ostras que combina perfeitamente com o passeio. Nas lojinhas de arte, peças de Romero Britto (e como não?) são postas estrategicamente à vista na vitrine. Nos fins de semana, há uma feirinha de artesanato - o Distillery Arts Market. No verão, há uma programação intensa de eventos. O passeio de segway no Distillery District custa CAN 39 (30 minutos), e pode ser feito diariamente. Tel.                   .
Restaurantes
Nota Bene: 180 Queen Street West. Tel.             (416) 977-6400      .
Luma: Tiff Bell Lightbox, 2 andar. Tel.             (647) 288-4715      .
Origin: 107-109 King St. East. Tel.             (416) 603-8009      .
Roosevelt Room: 328 Adelaide Street West. Tel.             (416) 599-9000      .
The Fifth Grill: 225 Richmond Street West. Tel.             416-979-3000      .
Pure Spirits No Distillery District. 37 Mill Street. Tel.                   .

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