segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Colonia del Sacramento: Tranquilidade na margem norte do Rio da Prata




Galeria de arte na Calle de los Suspiros, uma das ruas mais antigas e originais de Colonia del Sacramento, no Uruguai.
Foto: Lucila Runnacles
Galeria de arte na Calle de los Suspiros, uma das ruas mais antigas e originais de Colonia del Sacramento, no Uruguai.LUCILA RUNNACLES
COLONIA DEL SACRAMENTO - Caminhar sem pressa pelas suas ruas calçadas de paralelepípedos, olhar o Rio da Prata, que às vezes parece mar, sentir cheiro de churrasco no ar e apreciar o ritmo tranquilo de Colonia del Sacramento ajuda a relaxar. A 180 quilômetros de Montevidéu e a uma hora de barco a partir de Buenos Aires, Colonia é uma das portas de entrada do Uruguai. Fundada em 1680, essa pequena cidade tem faróis que remetem a outras épocas e ruas que parecem saídas de alguma pintura antiga. Sem falar da beleza arquitetônica de suas construções e monumentos, que rendeu ao seu Centro Histórico o título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco.
A disputa entre portugueses e espanhóis deixou um legado arquitetônico fantástico. A Calle de los Suspiros, com casas originais do primeiro período colonial, é um bom exemplo — e um bom ponto para começar o passeio pela cidade. Dizem que a rua recebeu esse nome por conta das prostitutas que moravam ali e dos gemidos que se ouviam durante a noite. Hoje, a Calle de los Suspiros tem uma galeria de arte e um aconchegante e pequeno restaurante, El Buen Suspiro, especializado em tábuas de queijos da região e vinhos.
Para seguir apreciando o legado dos portugueses, outros bons lugares são o Museu Português, uma casa do século XVIII, com espessas paredes de pedra, onde se exibe armamento, mobília e objetos de época, e a Casa de Nacarello, também um imóvel do século XVIII bem conservado, com paredes e chão em pedra original. Lá podem ser vistos mobiliário da época e cerâmicas. As duas construções ficam no entorno da Plaza Mayor.
Continuando o passeio, ainda nos arredores da Plaza Mayor encontramos as ruínas do Convento de São Francisco, do final do século XVII, e o farol de Colonia, de meados do século XVIII, ponto de visita obrigatória. Com uma altura de 26 metros, lá de cima se vê o rio e boa parte do Centro Histórico. São lindas vistas, principalmente ao entardecer.
Um pouco mais afastada do Rio da Prata, mas ainda no Centro Histórico, fica a Igreja Matriz, a mais antiga do país. E não muito longe dali, na Plaza de Armas, encontrei uma aconchegante casa de chá. O Amada Café me fez lembrar das casas de bonecas da minha infância. O lugar tem uma decoração fofa, com mesinhas na calçada e um belo jardim, aberto durante o verão. No cardápio, há bolos e sanduíches para um café da manhã ou lanche. Não deixe de provar os saborosos scons (bolinhos ingleses) com geleia caseira.
Chivito e chimarrão pelas ruas
Se o assunto é comida, um dos pratos típicos do Uruguai é o chivito, um sanduíche de carne bem fininha, tomate, alface, bacon ou presunto e ovo frito. Uma delícia. Em Colonia, há dezenas de restaurantes que servem esse prato e outros tradicionais. Um bem simples, com comida caseira e bons preços é o Restaurante de Antonio y Jose (entre as ruas Washington Barbot e Miguel Angel Odriozola), próximo ao terminal hidroviário, fora do Centro Histórico. Além do chivito, as especialidades do local são os pratos de lentilha, o ensopado de cordeiro e o locro, uma espécie de feijoada feita com milho ou trigo, feijão branco e carne de porco. E como não poderia deixar de ser, tudo isso deve ser acompanhado de um bom vinho uruguaio. A uva mais conhecida do país é a tinta tannat, mas o melhor é não ficar restrito a ela.
Depois da pausa gastronômica, é hora de continuar o passeio pela cidade. Ainda fora do centrinho histórico, vale dar uma olhada na feira de artesanato (entre as ruas Lavalleja e Dr. Fosalba) para comprar suvenires como objetos em couro, blusas e cachecóis de lã, cuias para chimarrão, doces, mel e queijos — lembranças que também estão à venda nas lojinhas da parte histórica.
Quando o fim da tarde chegar, volte ao Centro Histórico, onde há vários carros antigos estacionados nas ruas e nas praças. Rume para o norte, na direção oposta ao terminal de ferry-boats, e visite o pequeno porto náutico, ao lado do Clube de Iatismo e Pesca, do outro lado da península. Do píer, dá para apreciar o belo pôr do sol na Baía de Colonia. Fique um tempo por andando por ali e comprove por que esses entardeceres à beira-rio são famosos.
Se quiser acompanhar esse momento de algo tipicamente uruguaio, faça como eles: beba chimarrão. É engraçado ver como os moradores não largam o kit do mate nem para sair de casa. Vi muita gente, de todas as idades, passeando pelas ruas de Colonia, sentada nas praças e até em lojas e filas de banco com uma garrafa térmica e uma cuia.
Bons vinhos do país na cidade mais vazia
A maioria dos visitantes de Colonia faz um bate e volta a partir de Buenos Aires ou Montevidéu e diz que um dia só é o suficiente para conhecer a cidade. Mas outros preferem pernoitar. Quem decidir passar a noite em Colonia — a rede hoteleira tem opções para todos os bolsos — tem tempo para tirar ainda mais fotos com a cidade mais vazia e pode aproveitar para jantar em um dos vários restaurantes do Centro Histórico.
Uma opção bacana para um programa noturno é participar de uma degustação de vinhos. O La Vineria (Calle de San Jose 170, no centrinho, perto do porto náutico), de um simpático casal de argentinos que trocou a correria de Buenos Aires pela tranquilidade da cidade uruguaia, tem vinhos do Uruguai e de várias partes do mundo.
Aos sábados à noite, eles oferecem uma degustação com um programa que inclui cinco vinhos, sendo quatro uruguaios e um argentino, além de aperitivos como queijos regionais e um pequeno prato quente. Para participar da degustação, é necessário fazer reserva antecipada, já que o número máximo é de oito pessoas.
Seja de noite ou de dia, uma vez em Colonia não deixe de experimentar o medio y medio, uma gostosa mistura de espumante e vinho branco seco, e o grapamiel, uma bebida licorosa de grapa com mel.
SERVIÇO:
A travessia de barco entre Buenos Aires e Colonia leva uma hora e pode ser feita pela Buquebus (buquebus.com) ou pela SeaCat (seacatcolonia. com). De um modo geral, há saídas duas ou três vezes por dia e o bilhete de ida e volta custa em torno de R$ 250 (tarifa válida em meados de 2012). O ideal é comprar a passagem pela internet, na véspera da viagem ou mesmo antes. Em Buenos Aires, o terminal hidroviário fica perto de Puerto Madero. É necessário chegar com uma hora de antecedência para fazer o check-in e passar pela imigração.

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