domingo, 19 de dezembro de 2010

Em Eataly, Mario Batali reinventa as tradições italianas de Nova York


Publicada em 17/12/2010 às 12h49m
O frio pode até gelar o corpo, mas nada que uma boa taça de vinho ou um confortante prato de massa seguido de um café bem forte não curem. Para quem se prepara para uma viagem a Nova York neste inverno, o calor da Itália ganha novo endereço em Manhattan: a esquina da Quinta Avenida com a Rua 23, bem em frente ao Flatiron Building, um dos marcos arquitetônicos da ilha numa região que andava meio esquecida, até que as autoridades se empenharam em sua revitalização. De uma parceria com o respeitado chef Mario Batali, a cidade que nunca para de se renovar ganhou uma nova Itália de presente: Eataly - só o nome já abre o apetite e atrai montes de gente ao simpático local. Dali, ganha-se disposição para encarar uma escapada além de Nova York, no Vale do Rio Hudson. Para quê? Compras, oras, uma das atividades favoritas dos brasileiros. No outlet Woodbury Common, onde estão presentes algumas das melhores marcas italianas, os clientes trocam o peso das sacolas de compras por malas de rodinhas, que deslizam com desenvoltura de uma loja a outra. De quebra, a região oferece uma interessantíssima visita a West Point, centro de formação dos militares americanos, além de uma linda vista para o Hudson.





Eataly: novo centro gastronômico italiano em Nova York, fica na Rua 23 com Quinta Avenida / Foto: Cristina Massari



Eataly dispensa formalidades com produtos regionais preparados all'italiana

Eataly não é Little Italy. Tive que repetir isso umas três vezes até as pessoas entenderem aonde eu estava indo. O mais novo endereço de sotaque italiano na cidade, inaugurado em setembro, fica algumas quadras acima do antigo e famoso reduto no Sul de Manhattan, e em frente ao Flatiron Building, aquele prédio que parece um ferro de passar roupa, um dos primeiros arranha-céus da cidade.
Eataly tem a assinatura de Mario Batali, atual capo da gastronomia italiana na cidade - que tem seu nome associado também aos elogiadíssimos Babbo, Del Posto, Esca, Lupa - e dos chefs Lidia e Joe Bastianich, que ali reuniram um punhado de restaurantes de massas, pizzas, carnes, peixes, vegetarianos, em torno de uma piazza informalíssima, para beliscar todo tipo de queijos e presunto italianos, além de padaria, sorveteria, cervejaria, loja de doces, açougue, mercearia e até escola de culinária. Tudo ao mesmo tempo, cada um em seu lugar. Deliciosamente caótico e animado.
La Piaza, em Eataly, onde se reúne os amigos para beliscar petiscos italianos em Nova York / Foto: Cristina Massari
Esqueça formalidades. Apenas um restaurante - o Manzo, especializado em carnes - aceita reservas por telefone. O chef Michael Toscano, que vem do Babbo, usa muitas receitas piemontesas, tradicionais e modernas, para aproveitar todos os cortes das carnes que prepara. Nos outros restaurantes, não há site OpenTable nem concierge que faça milagres para descolar uma mesa. O jeito é encarar a fila para as mesas registrando-se no balcão que fica no meio do salão. Ou agarrar o primeiro banco a vagar nos balcões, como fizemos no Il Pesce, e assistir ao preparo de pescados e frutos do mar que levam a assinatura de Dave Pasternack. De entrada, o trio de pedacinhos de peixe cru salpicados com frutinhas caramelizadas, grãos e pimentinhas. O peixe do dia eram sardinhas grelhadas regadas a azeite, pinoli, e um vinho branco em taça, Soave Allegrini, do Vêneto. A refeição saiu por US$ 60. Tudo gostoso. Assim como o familiar aroma de massa e molho de tomates frescos pelo ar.
Mercado com produtos frescos, preparados ali mesmo nos restaurantes de Eataly, em NY / Foto: Cristina Massari
O restaurante vegetariano usa a produção local - berinjela de Long Island, pimentão de Nova Jersey - preparada all'italiana. Na piazza, come-se em pé, em ambiente festivo de botequim. Nos mercados, há desde produtos orgânicos e frescos aos importados: massas de todos os tipos e formatos, condimentos, molhos, azeites etc. A loja de vinhos fica lá fora, de frente para a rua. Artigos para cozinha estão na Alissa. E o hortifruti agrada até aos nova-iorquinos:
- A alface está num preço ótimo, melhor que o da quitanda - disse-me uma cliente na fila do caixa do supermercado.
Novidade para turistas e nova-iorquinos, o Eataly tende a ficar lotadíssimo nos fins de semana, principalmente porque é um ótimo abrigo do vento gelado de inverno que sopra canalizado pelas ruas de Manhattan. Mas é divertido, e não se surpreenda se esbarrar em alguém conhecido.
As prateleiras com as massas italianas ficam bem ao lado das mesas onde são servidas pizzas e massas aos clientes de Eataly, em Nova York / Foto: Cristina Massari
Eataly: 200 Fifth Avenue, esquina com a 23rd Street. Tel. (212) 229-2560. Os restaurantes Il Pesce e Le Verdure abrem de segunda-feira a sábado, das 11h às 22h, e aos domingos, de meio-dia às 22h. La Pizza e La Pasta abrem de segunda-feira a sábado, das 11h às 22h30m, e aos domingos, de meio-dia às 22h. Manzo abre para almoço das 11h30m (meio-dia aos domingos) às 14h30m e para jantar diariamente das 17h30m às 22h. Reservas pelo telefone (212) 229-2180.

Marcas da Quinta Avenida a preço de outlet
Woodbury Common Outlet, em Central Valley, fica a uma hora de Manhattan / Foto: Cristina Massari
Comprador que leva outlet a sério é assim: lista de compras, mapa e cupons de descontos numa mão, e mala de rodinhas na outra. E para encarar as mais de 200 lojas do Woodbury Common, a uma hora de carro de Manhattan, em Central Valley, o estilo conta: malas grandes, coloridas e lustrosas são levadas por seus donos para abrigar os artigos vendidos com descontos que chegam a 80%. A diferença deste outlet é seu expressivo número de lojas de grifes de alto luxo, conta Jean Guinup, vice-presidente de marketing do Premium Outlets. É lá que as vitrines mais exclusivas da Quinta Avenida desaguam seus excessos de estoque - diferente de GAP e Banana Republic, que chegam a produzir peças só para os outlets:
- Marcas como Armani, Escada, Gucci, Prada e Versace trazem para cá sobras de coleções com menos de seis meses nas vitrines.
O Woodbury e o Hotel Westin NY (www.westinny.com) oferecem pacote com transporte ao outlet (www.premium outlets.com) a US$ 399 (diária).
Lembranças de Allan Poe e Patton em West Point
A Academia Militar em West Point vale uma escapada de Manhattan
Numa escapada de uma hora de Manhattan até o Vale do Hudson, chega-se à Academia Militar de West Point. Pense nos filmes envolvendo cadetes do Exército americano - provavelmente foram rodados ali mesmo. Os presidentes estão sempre por lá. Obama já esteve algumas vezes, com seu comboio de 12 carrões pretos blindados. George W. Bush, que vinha sempre, ganhou até foto em suíte temática (a 419), que leva o nome do general David Petraeus, no The Thayer, hotel aberto a civis que faz parte da associação Historic Hotels of America e instalado na área militar. O hotel já hospedou Eisenhower, Kennedy, Nixon, Ford e Bush. O restaurante homenageia Edgar Allan Poe, ex-aluno de West Point (a história que se conta por lá é que sua carreira militar acabou quando se apresentou à formação de oficiais de cuecas, em 1831).
O Príncipe Harry também participou de treinamentos ali. Visitar a academia, que abriga cerca de quatro mil alunos, é uma experiência curiosa e possível aos civis em tours guiados. Passa-se pela capela protestante onde os cadetes se casam - há ainda capelas católica e judaica - pelas muitas instalações esportivas, o jardim com canhões de todos os tipos e de todas as guerras - com uma bela vista para o Rio Hudson - e ouvem-se histórias curiosas sobre o George Washington Hall, o prédio do refeitório e sobre os militares que ganharam estátuas na propriedade. A do general George Patton fica em frente à biblioteca, a pedido de seus familiares. Considerado um gênio militar, ele não era muito bom aluno, conta o guia. Levou cinco anos para completar o curso, em vez dos habituais quatro. Argumentou que era porque nunca achava o caminho para a biblioteca.
No tour por West Point, os visitantes ouvem histórias sobre a Academia Miilitar dos EUA, frequentada por oficiais ilustres / Foto: Cristina Massari
O tour por West Point custa US$ 12 e a dica é reservar antes. O passeio começa e termina no centro de visitantes, onde fica o museu que pode ser visitado mesmo por quem não participa do tour. Em seu acervo, em meio a coleções de armas e uniformes, há documentos históricos, como a foto e a declaração de rendição do Japão aos Aliados na Segunda Guerra Mundial. Vale lembrar que, por se tratar de área de segurança nacional, é imprescindível andar sempre com o passaporte mesmo que você queira sair do hotel só para ir até a lanchonete da esquina. (The Thayer: Diárias a partir de US$ 159. 674 Thayer Road, West Point. www.thethayerhotel.com)

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